2 de setembro de 2013

“Punto Pelota” à portuguesa

Antes de mais, assumo: costumo ver programas desportivos, é verdade. É que no meio daquela peixeirada toda e descontrole emocional, há sempre alguém que se descai e diz mais do que aquilo que era suposto. E com uma descaída aqui, outra acolá, um gajo vai-se apercebendo de que é feito, realmente, o futebol cá do burgo. Ok, há uma excepção: não vejo o Trio de Ataque. Aquilo sem o ROC já nem como comédia serve.

Boa estreia, mas falta lá o palhaço do Braga. Gostava de o ouvir agora...

 Ontem estreou o “Punto Pelota” à portuguesa, o “ContraGolpe”, na TVI24 e com grandes e insólitos nomes (excepto o Dani, que foi mais irreverente nos anos que jogava futebol do que agora, onde é um chato de primeira) ligados ao desporto português. São eles:

- Dani, ex-jogador de futebol e conhecedor profundo da noite de Amsterdão, Londres , Lisboa e Madrid. É o Pranjic do programa: tem um nome conceituado mas não joga nada.

- Pedro Sousa, o ex-narrador de jogos de futebol na Sporttv (“Já está! Goooooooolo do Sporting!), ex-jornalista da Renascença, ex-Director de Comunicação do Sporting e actual narrador da TVI. O médio "carregador-de-piano" que ninguém nota mas que é essencial ao programa.

- Eládio Paramés, ex-acessor de imprensa do Boavista (acho), Benfica ( o Noé Monteiro, correspondente da RTP na Suíça, lembra-se dele) e, mais recente, acessor de José Mourinho, onde protagonizou o papel de cão-de-fila do “El Especiale”, com os seus corrosivos tweets que mordiam jornalistas, jogadores e treinadores espanhóis. ‘Tá no programa, nitidamente, para fazer o papel do contra. Faz-me lembrar o Octávio Machado.

- Rui Sinel de Cordes. Portista, Barcelonista (diz ele desde sempre) e o “rei” do humor “negro” em Portugal. Confesso, não era (sou) grande fã dele mas gostei das piadas futebolísticas do gajo. E parece perceber de bola. O brinca-na-areia do programa.

- Pedro Henriques, a figura mais feminina do programa. Ex-árbitro, denota fora de campo mais passividade perante os erros e injustiças dos seus camaradas do que na altura em que apitava, como por exemplo, demonstrou naquele célebre penalty a favor do Sporting na Luz e que foi, activamente "cancelado" por sua ordem após sinalização do fiscal de linha. É o jogador de "armário".

- António Boronha. Primeiro que tudo, tenho de dizer que é um orgulho poder dizer que sou do mesmo clube deste homem. Yep, é Sportinguista. Ex-dirigente de futebol, ligado ao Farense e à Federação Portuguesa, foi ele que desmascarou o embuste que foi o seleccionador António Oliveira e a miserável campanha de (Macau-)Coreia do Sul/Japão 2002. Desligado, oficialmente, do futebol desde há anos, manteve-se sempre ligado ao fenómeno através do seu blog, onde partilhou histórias e pormenores deliciosos (e podres) sobre como funciona o desporto em Portugal. É o veterano da equipa.

Finalmente, Carlos Severino, jornalista, ex-Director de Comunicação do Sporting nos tempos de Roquette (acho) e de Dias da Cunha (tenho a certeza) e ex-candidato à presidência do Sporting, dele diz-se que foi essencial à conquista do título de 2002, juntamente com Marinho Peres, figura famosa dos meandros paralelos ao futebol português, nomeadamente aos da arbitragem e similares. É aquele jogador que vem à experiência. Ou é um craque ou é um flop. Faltam mais jogos para avaliar.

A estrela da noite foi, apesar das boas piadas do Rui sobre o Leonardo Jardim ter comido a mulher do presidente do Olympiakos, o ex-Director de Comunicação do Sporting, o Pedro Sousa. Contou três histórias fascinantes e perversas ao mesmo tempo, duas delas ocorridas no último Sporting 1-1 Benfica e a(s) outra(s) no tempo em que ele era Director de Comunicação do Sporting (metade da 1ª época de GL até ao final do mandato, salvo erro).

A primeira história foi quando o Jefferson mandou uma bolada na cara do Enzo Pérez. Contou Pedro Sousa que, quando isso aconteceu, a equipa técnica do Sporting foi a primeira a chegar ao jogador e testemunhou a perda de consciência do argentino e que tal informação foi imediatamente partilhada com a equipa médica do Benfica. História bonita, a enaltecer o fair-play.

Acrescenta Pedro Sousa que, assim que a equipa médica do Sporting quis entrar em campo para socorrer o Enzo, o 4º árbitro insurgiu-se e, por breves momentos, impediu mesmo que entrassem em campo. Perante os lógicos protestos, anuiu à sua entrada. Quem era o 4º árbitro? Esse mesmo, o da peitada ao treinador-adjunto do Sporting na altura. O inenarrável Duarte Gomes.

Finalmente, Pedro Sousa testemunhou que viu, em vários jogos, a figura do 4º árbitro a a apitar “à distância”, como que controlando remotamente o árbitro principal, usando o auricular para dar indicações sobre como deveria decidir. “Verde”, “Vermelho”, “Verde”, “Vermelho”, consoante as “cores” das equipas, dizendo ao árbitro para que lado deve apitar, é assim que muitos 4ºs árbitros apitam mais do que o próprio árbitro principal.

Juntando a esta perversidade, outra, a de que todos os árbitros concorrem entre si durante a época, de modo a obter a melhor classificação possível a fim de, ou evitar a descida de categoria ou a subida a “internacional”, é fácil de ver que haverá ocasiões onde, ao 4º árbitro de um determinado jogo interessará que o árbitro principal falhe mais do que acerte… Por muito mais que o ex-árbitro Pedro Henriques o negue. 

Pagava para ouvir a transmissão áudio dos auriculares dos árbitros num qualquer jogo do Sporting. E vou continuar a ver o “Punto Pelota” à portuguesa. Quero aprender mais.



2 comentários:

  1. Continuo a dizer que faltaram os tremoços e as alcagoitas. Seria tão melhor ver o Eládio a discordar de tudo e a cuspir um bocado de amendoim!

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  2. ahahaha Que imagem! :D

    O próximo passo é emitirem aquela merda em directo durante um Sporting - Benfica ou isso. Tipo, tv italiana.


    Epah, lembrei-me agora de um gajo que fez uma exibição tão boa que me esqueci dele, o lampião Domingos Amaral(?) ou lá como o gajo se chama.

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