O nível de crença com que olho para a actual equipa do
Sporting mede-se pela quantidade de vezes que vejo Benfica e Porto jogarem. Se
nas últimas 5 épocas havia coisa que menos me importava – quanto mais ver os
jogos deles – era ver o Benfica jogar em casa contra o Braga ou o Porto contra
o Nacional. Isto porque, ou sabia que de uma forma ou de outra, acabariam por
vencer os jogos ou porque o Sporting estaria com tantos de pontos de atraso em
relação aos dois que pouco me importava se Benfica ganhava ou se o Porto
perdia.
Ontem vi o Benfica 1-0 Braga e o Porto 1-1 Nacional.
Não vivi nesses tempos mas pelo que já li, vi e ouvi, os
melhores anos para se ter vivido em Portugal neste último século e meio foram,
precisamente, os últimos anos da década de 70 e o início da de 80.
Pós-revolução (sem balas nem sangue), fronteiras e mentalidades abertas ao
exterior, um optimismo verdadeiramente “verdadeiro” e que, culturalmente,
resultou no melhor período da música portuguesa. Xutos, Radio Macau, Heróis do
Mar, Sétima Legião, GNR, entre tantos, nasceram e floresceram numa época em que
não havia nada mas havia tudo.
Em Março deste ano assistimos uma verdadeira revolução no
Sporting. Rebentámos com as amarras do Sporting “Roquette” e abrimo-lo ao mundo
e, mais importante, aos Sportinguistas. Terminámos a época passada sem nada e começámo-la
com tudo. Sem dinheiro mas com uma ilusão tão grande que faz com Dier, Esgaio,
Carvalho, Mané, Chaby e outros, acreditem
tanto neste Sporting ao ponto de renovar o seu contrato no início da época. (O
Dier ainda não o fez – tem contrato até 2016 – mas estou seguro que o fará entretanto).
Se no Sporting, vivemos a “revolução dos cravos” (verdes),
no Benfica de Eusébio, o quarto melhor jogador de sempre português (acima dele, Figo, Peyroteo e Ronaldo), respira-se, ironicamente, um ambiente “norte-coreano”, onde
a figura do líder máximo, LFV, paira sobre tudo e todos e onde até a maior
decisão desportiva do ano – deixar jogar Cardozo – recai sobre ele todos os méritos
e não sobre o treinador. A propaganda do Benfica funciona até melhor do que no
estado norte-coreano. Enquanto este apenas tem o canal estatal, os tentáculos
do estado LFVieirano estende-se pela SICN (Rui Gomes da Silva), A Bola (Sílvio
Cervan, directamente, e Fernando Guerra, indirectamente), Record (Querido
Manha, indirectamente) e CMTV (João Malheiro, colunista jornal do Benfica e um
tal Guerra, um gordo qualquer que é director do jornal do Benfica), culminando
na Benfica TV, um verdadeiro lava-cabeças LFVieirano.
Já no Porto, vive-se num estado Alemanha de Leste.
Corrupção, medo, violência, sexo, doping e com uma guarda-pretoriana (Super
Dragões) com a mesma reputação que tinha a STASI, a polícia secreta dos alemães
de leste. Foram poucos os que conseguiram escapar do “clube de leste” mas os
que conseguiram, deixaram histórias arrepiantes para contar. Não surpreende,
portanto, observar o ambiente funesto e pútrido que se viveu ontem nas bancadas
do clube bi-campeão nacional, que compete na Liga dos Campeões, e compará-lo, por
exemplo, com o ambiente verdadeiramente feliz e, porque não dizê-lo, eufórico,
que se vive nas bancadas onde quer que o Sporting jogue, apesar de não
ganharmos nada há mais de 10 anos.
Imagem do último gajo que conseguiu escapar do Dragão com vida. |
Mais um bom texto. Tens que escrever
ResponderEliminarcom mais regularidade.
P.S - Não sou o Rui Patricio, mas também não sou relações Públicas.
Um abraço
Obrigado, Rodrigo Palacio!
ResponderEliminarEpah, eu sou um preguiçoso do caraças... muito já escrevo eu! :D
SL
Acertaste no 1º nome. Um abraço. SL
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