24 de novembro de 2013

Cravos verdes

O nível de crença com que olho para a actual equipa do Sporting mede-se pela quantidade de vezes que vejo Benfica e Porto jogarem. Se nas últimas 5 épocas havia coisa que menos me importava – quanto mais ver os jogos deles – era ver o Benfica jogar em casa contra o Braga ou o Porto contra o Nacional. Isto porque, ou sabia que de uma forma ou de outra, acabariam por vencer os jogos ou porque o Sporting estaria com tantos de pontos de atraso em relação aos dois que pouco me importava se Benfica ganhava ou se o Porto perdia.

Ontem vi o Benfica 1-0 Braga e o Porto 1-1 Nacional.

Não vivi nesses tempos mas pelo que já li, vi e ouvi, os melhores anos para se ter vivido em Portugal neste último século e meio foram, precisamente, os últimos anos da década de 70 e o início da de 80. Pós-revolução (sem balas nem sangue), fronteiras e mentalidades abertas ao exterior, um optimismo verdadeiramente “verdadeiro” e que, culturalmente, resultou no melhor período da música portuguesa. Xutos, Radio Macau, Heróis do Mar, Sétima Legião, GNR, entre tantos, nasceram e floresceram numa época em que não havia nada mas havia tudo.

Em Março deste ano assistimos uma verdadeira revolução no Sporting. Rebentámos com as amarras do Sporting “Roquette” e abrimo-lo ao mundo e, mais importante, aos Sportinguistas. Terminámos a época passada sem nada e começámo-la com tudo. Sem dinheiro mas com uma ilusão tão grande que faz com Dier, Esgaio, Carvalho, Mané, Chaby e outros, acreditem tanto neste Sporting ao ponto de renovar o seu contrato no início da época. (O Dier ainda não o fez – tem contrato até 2016 – mas estou seguro que o fará entretanto).

Se no Sporting, vivemos a “revolução dos cravos” (verdes), no Benfica de Eusébio, o quarto melhor jogador de sempre português (acima dele, Figo, Peyroteo e Ronaldo), respira-se, ironicamente, um ambiente “norte-coreano”, onde a figura do líder máximo, LFV, paira sobre tudo e todos e onde até a maior decisão desportiva do ano – deixar jogar Cardozo – recai sobre ele todos os méritos e não sobre o treinador. A propaganda do Benfica funciona até melhor do que no estado norte-coreano. Enquanto este apenas tem o canal estatal, os tentáculos do estado LFVieirano estende-se pela SICN (Rui Gomes da Silva), A Bola (Sílvio Cervan, directamente, e Fernando Guerra, indirectamente), Record (Querido Manha, indirectamente) e CMTV (João Malheiro, colunista jornal do Benfica e um tal Guerra, um gordo qualquer que é director do jornal do Benfica), culminando na Benfica TV, um verdadeiro lava-cabeças LFVieirano.

Já no Porto, vive-se num estado Alemanha de Leste. Corrupção, medo, violência, sexo, doping e com uma guarda-pretoriana (Super Dragões) com a mesma reputação que tinha a STASI, a polícia secreta dos alemães de leste. Foram poucos os que conseguiram escapar do “clube de leste” mas os que conseguiram, deixaram histórias arrepiantes para contar. Não surpreende, portanto, observar o ambiente funesto e pútrido que se viveu ontem nas bancadas do clube bi-campeão nacional, que compete na Liga dos Campeões, e compará-lo, por exemplo, com o ambiente verdadeiramente feliz e, porque não dizê-lo, eufórico, que se vive nas bancadas onde quer que o Sporting jogue, apesar de não ganharmos nada há mais de 10 anos.

Imagem do último gajo que conseguiu escapar do Dragão com vida.


 Apetecia-me terminar o texto com uma frase épica e que fizesse esboçar um sorriso de sportinguismo mas termino apenas com um simples: estamos no bom caminho.

SL

3 comentários:

  1. Mais um bom texto. Tens que escrever
    com mais regularidade.
    P.S - Não sou o Rui Patricio, mas também não sou relações Públicas.
    Um abraço

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  2. Obrigado, Rodrigo Palacio!

    Epah, eu sou um preguiçoso do caraças... muito já escrevo eu! :D

    SL

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  3. Acertaste no 1º nome. Um abraço. SL

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