Este ano, racionalmente, deixei de pensar em ti. Tornaste-te uma miragem no deserto, uma ilusão impossível de se materializar.
Este ano, vi-os, como sempre, à tua volta, uns com adereços comprados lá fora a peso de ouro e sussurrando-te ao ouvido velhas histórias de gloriosas vitórias do passado, como se isso significasse conquistar-te no presente, e vi outros a beliscarem-te o braço, gritando-te ao ouvido "se não vens comigo, não vais com ninguém."
Distante, lancei-te olhares de conquista, sabendo bem que não tinha dinheiro nem para cantar um cego, quanto mais para te pagar um café. Ignorei-te intencionalmente. O meu objectivo, a minha candidatura era outra. Não queria pensar em ti, quanto mais olhar para ti.
Vi-os, fim de semana após fim de semana, a cantarem-te serenatas de amor e a gabarem-se de que te tinham no papo. Contrariando a minha razão, olhava-te de soslaio e notava o teu embaraço em estar rodeada de tanta basófia e agressividade. Por uns breves segundos, os nossos olhares cruzaram-se. Eu sei que tu viste. Eu sei o que eu vi.
A minha razão diz-me para virar a cara e ignorar-te. E seria isso que faria… mas quando os vejo a ignorarem-te, enquanto olham, babados, para a "campeã" que não fala português, loira cheia de curvas, que está sentada no outro lado da sala, a minha paixão apodera-se de mim.
Não consigo resistir. Olho para ti e quero-te só para mim. Este ano. Esta época.
És tu, a minha Liga.
Também eu já vi a Liga mais longe. Nunca se sabe. Vamos sonhar.
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