No episódio “Remember When” dos Sopranos (temporada 6,
episódio 15), Junior Soprano, o homem a quem Tony Soprano tinha mais respeito que ao próprio pai, é colocado
num asylum, isto é, numa casa para velhotes com Alzheimer e coisas
parecidas, e das primeiras coisas que faz quando lá chega é organizar um jogo
de poker usando botões de camisas brancos e vermelhos como chips, vendendo
coca-colas e barras de chocolates aos participantes da jogatana (doentes psicóticos, sofredores de alzheimer, esquizofrénicos, etc) . Resquícios da sua vida de mafioso.
O Porto é o Junior dos Sopranos. Mesmo depois de Apitos Dourados, fruta,
cafézinhos, viagens ao Brasil, foguetes no estádio e cenas parecidas, a
tentação de começar um jogo decisivo da "Taça da Cerveja" três minutos depois de a partida do
adversário directo se ter iniciado é maior do que a vontade de um ex-alcoólico
russo em beber um shot de vodka na festa de aniversário do irmão. Está-lhes no
sangue.
Por outro lado, dá para aferir da reputação e credibilidade
que o Porto, apesar de dezenas e dezenas de títulos alcançados nos últimos
anos, conseguiu granjear. Três míseros minutos de atraso e ninguém,
Sportinguistas, Benfiquistas e mesmo alguns Portistas (o próprio Paulo Fonseca
admitiu que no Porto não há “anjinhos”…) consegue evitar pensar que houve algum
tipo de marosca, tramóia, trafulhice, chico-espertice ou… dolo no infame atraso
da equipa do Porto. Semeiam ventos, colhem tempestades. Mesmo que em copos d'água.
Entretanto, contratámos o Cristiano Ronaldo do Egipto e o
Nani de Cabo Verde. Hum, espera. Ok. Siga. Para vir o o Heldon, ‘tá na cara que um
dos extremos – Capel, Wilson Eduardo, Carrillo ou Mané - ‘tá de malas aviadas
para fora de Alvalade. Aceitam-se apostas. Pode ser em pesetas.
A grande questão é saber como é que o Shikabala (o melhor
nome de sempre de um jogador de futebol) e o Heldon se vão incorporar na
máquina oleada que o Jardim montou. Será que vamos assistir a um episódio dos
Simpsons em que chega um novo puto à escola primária de Springfield e que
ameaça roubar as gargalhadas que os colegas anteriormente dedicavam às partidas do
Bart Simpson ou, ao invés, assistiremos a uma assimilação do egípcio junto do
grupo leonino tão suave como a integração da Fanny numa festa no Elefante
Branco? Se o Shikabala tivesse assinado pelo Sporting em 2013, teria razões
para duvidar do seu sucesso em Alvalade. Mas ele assinou em 2014.
Isto para dizer que confio em Jardim. Jardim é aquele tipo
de pessoa que qualquer ex-combatente do Ultramar quereria ter como seu Furriel
numa noite quente de Janeiro de 1972, no Cafunfo, norte de Angola, enquanto se
ouvia gritos de “Morte ao branco!” a ecoar na escuridão da floresta. Confio na sua serenidade. O homem é
mais sereno que uma estátua da Ilha da Páscoa.
Viram ali o olho a piscar?? :) |
Gostei muito de ouvir ontem, tanto o Paulo Fonseca como o
Jorge Jesus, no final dos seus jogos no Funchal e Barcelos, respectivamente, a queixarem-se
do “estado do relvado”. Aposto que o Joaquim Rita também achou piada. Ou não.
Querido Manhã o Inverno está a fazer vítimas, mas não era seguramente esta vítima que você estava à espera, pois não?
ResponderEliminarFoda-se, 'tou habituado a escrever posts com metáforas, não a ler respostas com metáforas... Que raio quiseste dizer como isso?? :D
ResponderEliminarSL