Aspirina Sporting

Quando alguém vai às urgências de um hospital ou centro de saúde qualquer, queixando-se de umas dores de cabeça que duram há uns dois dias, o mais certo é que o médico de serviço receite umas aspirinas ou uns analgésicos e pronto. Não há cá raios-x, ecografias ou exames de última geração. Estes métodos de diagnóstico (mais caros) apenas estão disponíveis para quem vá às urgências pelas 2ª ou 3ª vez, num curto de espaço de tempo, pois, se se tivesse de fazer exames complementares a todas as pessoas que se queixam de uma dor de cabeça nas urgências de um hospital, o sistema arrebentaria por todos os lados.

Queres sair? Ora, toma lá uma aspirina! É verde e tudo!

 É humanamente, financeiramente, realisticamente, tudo o que se queira dizer, impossível fazer exames complementares a todas as pessoas que entram numas urgências a queixar-se de dores de cabeça.

Normalmente, a maior parte das dores de cabeça resolvem-se com umas aspirinas ou analgésicos e uns dias de repouso. Infelizmente, uma pequena percentagem dessas dores de cabeças são sintomas de algo mais grave. São os danos colaterais de um sistema que, não sendo perfeito, é relativamente eficaz.

Não sei se a política de renovações, contratações, vendas, de BdC está certa ou errada. Da mesma forma que, quando já estava no Tottenham, disse que tinha de esperar algum tempo para ver se Villas Boas era ou não bom treinador (e ainda hoje não sei!), apesar do sucesso no único ano que treinou o Porto, também afirmo que só daqui a 2 anos poderei dizer se esta nova direção do Sporting teve sucesso ou não. Mas não tenho pudor em dizer que, até agora, so far so good!

Não quero justificar a venda do Dier. Sou o primeiro a lamentar a forma de como o inglês-luso (luso-inglês soa melhor, mas ele é, primeiro, inglês e só depois, português) saiu do Sporting, pela porta dos fundos. Gostava que se tivesse despedido dos Sportinguistas numa conferência de imprensa, com BdC ao lado, e essas merdas todas. Tal não aconteceu. Porquê?

Assim que se soube da saída de Dier, pensei, imediatamente, foda-se, "forçámo-lo" a sair, 'tá visto, pois o Sporting precisa de receitas extraordinárias e tal, e BdC não resistiu. Vendeu-o porque quis. BdC, com o preto do Bruma, foi a guerra que foi, com uma novela que durou o verão passado inteiro, agora com o pomposo loirinho inglês, amansou e vendeu-o logo, sem espinhas, sem dramas, ao cavalheiresco clube inglês.

Wtf? Será que BdC é assim tão burro, ao ponto de colocar em risco a simpatia que granjeou junto dos Sportinguistas aquando da "batalha de Bruma", vendendo assim, ao desbarato, o jogador vindo da formação que mais orgulho dava aos Sportinguistas e mais "valor" poderia ter num futuro mais próximo? ("valor" = homegrown player - grande post, VeDrIx! )

Mas quando saiu o comunicado e, sobretudo, a entrevista do próprio Eric Dier, tenho de chegar à conclusão que BdC meteu toda a gente da formação do Sporting a levar com aspirinas assim que alguém se queixa de "dores de cabeça"!

Para o bem e para o mal, BdC olha para todos os putos vindos da formação como utentes do Serviço Nacional de Saúde. E quando estes utentes vão às urgências de Alcochete a queixar-se de "dores de cabeça", o médico BdC receita a todos o mesmo tratamento: renovação por 3, 4 ou 5 anos e uma claúsula de 45 millhões de euros.

A maior parte dos utentes de Alcochete aceita, como está demonstrado nas dezenas de renovações que já foram efectuadas por BdC neste último ano e meio, mas, inevitavelmente, haverá sempre quem sofra de algo mais grave do que uma simples "dor de cabeça". Os danos colaterais do sistema que BdC administra em Alcochete, para que este se mantenha a funcionar, chamam-se Ilori, Bruma e Dier. As excepções à regra. As restantes dezenas de putos que tomaram aspirina, ao que se sabe, estão bem de saúde. A regra.


Oxalá um dia o Sporting consiga efectuar exames complementares a todos os putos que se queixem de "dores de cabeça"...