28 de janeiro de 2018

#TaçaVAR





Estive em Alvalade na final da taça UEFA em 2005. Não estive no estádio do Braga ontem à noite. Durante a manhã, creio, na SportingTV, estavam a entrevistar adeptos nortenhos do Sporting ou adeptos do Sporting nortenhos, como queiram, e bateu cá dentro ouvir um dizer qualquer coisa do tipo "Os Sportinguistas deixaram de ter vergonha de ser do Sporting [com a chegada de BdC à presidência]". A 15m do final do jogo de ontem, só pensava nos milhares de adeptos Sportinguistas que quase encheram o estádio do Braga, onde muitos deles, certamente, seria a primeira vez que voltavam a um estádio para ver o Sporting desde há muito tempo. Tinham perdido a vergonha e estavam a 15m de sofrer a humilhação de ver o Sporting perder outra #TaçaLucílio para o Vitória de Setúbal. Só pensava "Foda-se, coitados", vão ser duros os próximos dias, depois de termos ganho ao Porto, da forma épica que foi, e agora perder a Taça para o Vitória de Setúbal do Edinho - foda-se.

Não se foi karma, se foi apenas o que tinha de ser, mas houve qualquer coisa de poético ontem à noite. Termos vencido a #TaçaLucílio com a ajuda do VAR, quase 10 anos depois de termos perdido - perdão, termos sido roubados, pelo Lucílio Baptista e pelos fiscais de linha "Ferrari" de Setúbal e o infame Cardinal. Um penalty de Podstawski que eu não vislumbrei em jogo corrido e que só na repetição consegui ver que era mesmo mão do luso-polaco e não uma defesa do guarda-redes. O VAR ser tão preponderante no desenrolar do jogo da equipa cujo presidente foi o mais acérrimo defensor da sua implementação no futebol profissional. O árbitro de campo ser o mesmo que há uns meses, após recomendação do VAR, não assinalou uma grande penalidade evidente ao Sporting. O Vitória de Setúbal do Edinho que nos "fodeu" na #TaçaLucílio, na época passada. O Vitória de Setúbal que nos fez a vida negra há uma semana e pouco. O William - o William! - a bater o penalty decisivo. Receber a taça na bancada presidencial do estádio do Sporting de Braga e com o António Salvador a ver. A #TaçaLucílio mudou de nome: #TaçaVAR


O jogo. Foi assustador verificar quão importante é o Gelson nesta equipa. E mais ainda verificar a falta de velocidade, energia e poder físico da equipa. Qualquer equipa top pode dar-se ao luxo, já o escrevi aqui antes, creio, de jogar com um, no máximo, dois, jogadores que não defendem, isto é, que não façam bem pressão no adversário, assim que há perda da bola. Por exemplo, no Real Madrid, Ronaldo defende pouco e mal. Os restantes 9 jogadores têm de fazer pressão a "dobrar". O Sporting começou ontem o jogo com cinco (5) jogadores que não faziam pressão. Houve momentos na primeira parte em que parecíamos que estávamos a jogar com duas equipas, uma a atacar e outra a defender. Bruno Fernandes, Bryan Ruiz, Ruben Ribeiro (este, menos), Montero e Bas Dost são lentos e inofensivos a defender. Felizmente, não sofremos um segundo golo ainda na primeira parte, caso contrário, creio que a Taça teria ido mesmo à vida. JJ viu o mesmo, alterou a equipa ao intervalo e deu para alterar o rumo das coisas.


É também assustador verificar que este plantel foi mal construído. Não temos extremos a sério, daqueles que fintam, correm (com velocidade), cruzam e marcam golos, exceptuando Gelson. Com Gelson e Podence lesionados, não temos magia. E sem magia não há coelhos sacados da cartola.

Oxalá o karma seja mais forte que a magia.


7 comentários:

  1. Caro Captomente, daí a necessidade quase obrigatória de trazer Raphinha ainda neste contexto temporal. Estando em três frentes e sem extremos de raíz (tirando Gelson que está preso por arames), é imperioso, quase vital diria, a vinda dele.
    SL

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  2. @Mário, isso seria excelente mas, honestamente, não creio que venha mais ninguém... e estou a escrever isto enquanto faço figas para que não saia mais ninguém (Doumbia?). Obrigado pelo comentário.

    SL

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  3. Grande reflexão. Ao ver o jogo só pensava na final da Taça com a Académica. Estava tudo igual.
    Um clube que se diz com "fome de títulos" não tem (ainda?) a mentalidade certa para os obter. A forma como entrámos em campo nas últimas finais (essa com a Académica, Braga e esta com o Vitória) mostra que a nossa preparação, nesse campo, é Zero.
    Se a 1ª foi ao ar, as outras foram obtidas por milagre...

    Quanto ao plantel, é notória a sua má construção. Sem ser na defesa, não houve qualquer planificação. Foi contratar, dispensar, recuperar, etc, mas na pensado.
    Para vermos o estado das coisas, no sábado, Matheus Pereira e Iuri Medeiros seria titulares indiscutíveis. E talvez ainda se ganhasse (qualidade) com isso.

    Que não hajam ilusões, estamos presos por arames.

    SL

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  4. @Cantinho, verdade, também podia ter usado essa final como comparação, e em termos desportivos, seria o mais correto, mas como me coloquei na pele dos espetadores no estádio, só me lembrava da final de 2005...

    Ao tempo que falo na mentalidade, na (falta de) vontade em 'comer a relva', mas começo a convencer-me que é apenas reflexo da qualidade (futebolística e física) dos jogadores. Os outros correm mais porque estão melhor preparados para o fazerem. Por ex, gosto muito do William mas é confrangedor verificar que qualquer jogador banal consegue correr mais rápido do que ele. Não há milagres.

    Quanto ao plantel, estou a rezar para que não saia o Doumbia, para ficarmos com 3 avançados (se considerarmos Montero como avançado). Benfica tem 3/4 (Jonas, Seferovic, Jimenez e Rafa) e o Porto, que já tinha Marega, Soares e Aboubakar, foi buscar o Paciência e Waris. É o que temos.

    SL

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  5. Estive nas duas finais (2005 e Académica). Porra...


    A questão física é determinante. Mesmo que queiram, os jogadores não conseguem. Se a preparação parece má, o pior vem da gestão dos jogadores. Todos sabíamos que Gelson e Acuna iam rebentar (assim como B Fernandes e William, que não têm alternativas).
    E isso acontece devido à má construção do plantel (Palhinha não conta e Geraldes devia ser o substituto óbvio do Bruno) e à má gestão do mesmo (Iuri devia ter tido mais minutos, de forma continuada e com clara confiança de JJ).
    JJ não quis um plantel, quis jogadores.
    Conceição, com menos jogadores, fez um plantel.


    SL

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  6. @Cantinho, não tenho nada a acrescentar, disseste tudo. (Mas se quisesse mesmo adicionar "sal à ferida", falaria na forma como Rui Vitória - ou a "estrutura" por ele, tanto faz - tem conseguido, sucessivamente, solucionar os vários buracos que as vendas de jogadores vão deixando na equipa/plantel, enquanto que quando um jogador nosso é vendido/fica lesionado, parece que o mundo acaba)

    SL

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  7. Obrigado.

    Mas aqui também reside uma grande verdade (ou drama):
    "quando um jogador nosso é vendido/fica lesionado, parece que o mundo acaba".

    (Agora, vamos manter esta nossa conversa em segredo pois procurar, de forma pensada e crítica, dizer a Verdade neste nosso clube eleva-nos a traidores e outros diabos mais... enfim... ;-)

    SL

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