29 de maio de 2016

Moutinhices

Ontem foi a final da Liga dos Campeões entre Real Madrid e Atlético Madrid, transmitida na RTP1. O Real Madrid de Cristiano Ronaldo, Florentino Pérez e Jorge Mendes contra o Atlético Madrid de Tiago, Enrique Cerezo e Doyen Sports. Não foi com surpresa que se viu Luís Filipe Vieira, Fernando Gomes e Antero Henrique entre os convidados para assistir, in loco, à final de Milão. Nem fiquei surpreendido ao ver a irmã do Cristiano Ronaldo cantar para os adeptos do Real, numa praça da cidade do norte de Itália. Já não posso dizer o mesmo do comentador do jogo de ontem na RTP. O narrador foi o habitual, o Alexandre Albuquerque, mas o comentador, ao contrário do que seria de esperar, não foi o António Tadeia mas sim o Bruno "perdão" Prata.



"O Jorge Mendes é mesmo o melhor agente do mundo: consegue meter Katia Aveiro a cantar em Milão e o Bruno Prata a comentar o jogo na RTP"




Não tinha muitas dúvidas, mas fui confirmar: o comentador de serviço nos últimos 6 jogos da Liga dos Campeões transmitidos pela RTP foi o António Tadeia. Benfica-Zenit, Bayern-Juventus, Bayern-Benfica, Benfica-Bayern, Man City-Real Madrid e Real Madrid, sempre narrados por Alexandre Albuquerque e comentados por Tadeia. Não fui verificar os jogos da fase de grupos mas tenho quase a certeza que foram, na sua maioria, também comentados por ele. De Bruno Prata, só me lembro de o ouvir comentar jogos das seleções jovens de Portugal, nomeadamente a seleção sub-21. Não me lembro de o ouvir comentar jogos da Liga dos Campeões esta época. E percebo porque não o puseram a comentar mais jogos...






Benfica-Zenit, 16/02/2016 https://www.facebook.com/antonio.tadeia/photos/a.298540570255537.66567.298524470257147/861141997328722/?type=1&theater Bayern-Juventus, 16/03/2016 https://twitter.com/atadeia/status/710183318835355648 Bayern-Benfica, 05/04/2016 https://twitter.com/atadeia/status/710183318835355648 Benfica-Bayern, 13/04/2016 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=897057760403812 Man City-Real Madrid, 26/04/2016 https://www.facebook.com/antonio.tadeia/posts/904351429674445 Real Madrid-Man City, 04/05/2016 https://www.facebook.com/antonio.tadeia/posts/908707079238880



E no entanto, foi Bruno Prata quem viajou até Milão, na companhia de Alexandre Alburquerque e do inenarrável Hugo Gilberto, certamente com o aval do chefe de redação, Carlos Daniel, para comentar, ao vivo, a final da Liga dos Campeões Europeus, disputada, como disse no início do post, entre o Atlético Madrid de Tiago, Enrique Cerezo e Doyen Sports, e o Real Madrid de Cristiano Ronaldo, Florentino Pérez e Jorge Mendes... dono da infame empresa de representação de jogadores, Gestifute, e que tem como funcionária, nem mais, nem menos, do que a esposa de Bruno Prata.




Hugo Gilberto e Carlos Daniel, os manda-chuva do desporto da RTP, a conversarem com LFV, outro manda-chuva.



Portanto, temos o António Tadeia a fazer os "jogos de qualificação", sempre a titular e em jogos tão importantes como os dos quartos e meias-finais, para na final, o "seleccionador" Carlos Daniel deixá-lo de fora e convocar o Bruno Prata. Isto, para mim, é escandaloso. Faz lembrar quando o Moutinho ficou de fora dos convocados para o Mundial 2010. É uma vergonha absoluta.  Mas não surpreendente.


Não me custa a crer que se passe o mesmo nas restantes redações deste país, em que o compadrio e nepotismo leve sempre a melhor sobre o profissionalismo e imparcialidade. António Tadeia, daquilo que fui lendo e ouvido ao longo destes tempos, é Sportinguista mas, ao contrário da maioria dos seus colegas que são benfiquistas, não deixa que o seu clubismo lhe tolda a racionalidade e remova a imparcialidade. Aliás, por vezes, vejo-o a ser mais crítico com o Sporting e benevolente com o Benfica, o que faz com que muitos Sportinguistas o critiquem várias vezes. É isto que foi acontecendo nos últimos anos, décadas. Os jornalistas, mais ou menos, afectos ao Sporting foram encostados, esquecidos ou mesmo empurrados (vide o José Manuel Freitas, que está agora na TVI24 e que foi "chutado" d'A BOLA), para dar lugar a esta nova vaga de "jornalistas" conotados com o #NacionalBenfiquismo e onde lhes é ordenado dado espaço público para elogiar os fundos, LFV, Benfica, FPF, Fernando Gomes e para ignorar ou criticar tudo o que venha do lado do Sporting (BdC, JJ, os vouchers, etc)

Quando reparei que era o Bruno Prata a comentar o jogo, não resisti e mandei uma boca no Twitter ao António Tadeia. Perguntou o que se tratava e respondi de volta, perguntando-lhe se não deveria ser ele que deveria estar em Milão a comentar o jogo. Disse, olimpicamente, que iria estar hoje no Porto, a comentar o Portugal-Noruega mas não foi isso que eu lhe tinha perguntado... Ainda insisti mas não disse mais nada. Fiquei esclarecido.

Se o António Tadeia, dos poucos jornalistas que acho que são ainda verdadeiramente independentes, não reage e não se indigna por tamanha injustiça que lhe fizeram (provavelmente, com receio de perder o seu ganha-pão), é sinal de quão as coisas estão mal em Portugal... ou alguém duvida que o Tadeia não preferia ter comentado ontem a final da Liga dos Campeões em vez de um particular qualquer entre Portugal e Noruega?



28 de maio de 2016

Fade to black

Foi hoje lançado o "hino" oficial da seleção de Portugal para o Euro 2016, em França. É uma adaptação de uma conhecida música do Pedro Abrunhosa e cantada por ele mesmo. Há duas formas de se fazer um vídeo de um "hino" de futebol: ou é sobre o futebol em si mesmo, com imagens de jogos, de jogadores, treinadores, etc, ou é sobre os adeptos e sua paixão pelo futebol (ou então, uma mistura de adeptos e jogadores). A Federação Portuguesa de Futebol escolheu os adeptos. Onze milhões de nós, tal como diz o título do vídeo "Não Somos 11, Somos 11 Milhões. #1de11milhões"



O vídeo começa num bar-café, estilo pub inglês, situado, aparentemente, em Lisboa ou arredores. No balcão, uma jovem lê o jornal enquanto bebé o café e ao seu lado, temos um típico cidadão urbano, culto, cool. Talvez sejam namorados. Assim que se ouve Fernando Santos na televisão, o barman passa-lhes dois cachecóis de Portugal e o tipo tem a ideia de de lhes dar um . Entram no bar mais um punhado de homens e mulheres, todos a rondar os 30 anos e, provavelmente, amigos do casal. Mais uns nós nos cachecóis e o namorado pega neles e sai de mota com a coleção de cachecóis ao vento. Vemos o Marquês de Pombal. Passa por uma escola e vemos crianças à janela e com o cachecol de Portugal ao pescoço. O tipo da mota dá mais uns nós em cachecóis e segue caminho. Uma ponte. A Catedral de Santa María de Ciudad Rodrigo, em Salamanca, Espanha. Vemos 3 cheerleaders, boas, equipadas "à Portugal". Espera... Em Espanha? Ok, siga. Mais cachecóis. Vemos uma aldeia, dois putos a jogar à bola na rua. Fade para uma sala de estar, um gaja (apenas) com a camisola de Portugal vestida, a olhar para o infinito através da janela do apartamento e o companheiro (marido, namorado?) na mesa da sala, à frente de um computador. De seguida, aparentemente, temos um professor de Paleontologia(?), sozinho numa sala de aulas, com o cachecol de Portugal em cima de uma mesa. Mais estradas, um comboio, uma sala de aulas da escola primária, uma jovem e bonita professora e alunos a darem nós em cachecóis. Num café, pai e filho ou irmão e irmão, dão mais um nó. No bar do início do vídeo, continuam a dar nós a cachecóis. Finalmente, percebemos. O tipo foi de mota até França ter com o selecionador Fernando Santos para lhe oferecer os tais cachecóis amarrados dos portugueses. Onze milhões de nós. Todos classe média. Todos caucasianos. A Federação da seleção de William, Éder, João Mário, Renato Sanches, Bruno Alves, Eliseu, Nani e Danilo, não encontrou nem um português preto nos 11 milhões e que coubesse no "hino" oficial da seleção de Portugal para o Euro 2016. Nem pretos nem pobres. Vergonha do caralho.














Sem mais comentários, o hino da seleção sueca.
















BÓNUS: enquanto pesquisava alguns hinos, encontrei o semi-oficial da seleção da Polónia... medo, muito medo! :D


24 de maio de 2016

Grande, grande contratação!

Finalmente, vamos tirar a prova dos nove e perceber se é possível ter um bom relvado em Alvalade ou não.




RED substitui relvado do Estádio José Alvalade

A Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD adjudicou à RED a substituição do relvado do Estádio José Alvalade.

A obra engloba a reparação do sistema de drenagem e alteração do sistema de rega e colocação de novo tapete de relva proveniente de França. A faixa de relva sintética envolvente ao relvado também será substituída.

A RED congratula-se por poder juntar o Sporting Clube de Portugal aos seus já clientes FC Porto, SL Benfica e Boavista FC, esperando poder continuar a contribuir para a valorização da importância do estado dos relvados nacionais.

Um bom relvado é uma condição essencial para assegurar um bom espetáculo de futebol, bem como para a defesa da integridade física de jogadores e árbitros.


http://www.relvados.com/pt/noticias/red-substitui-relvado-do-estadio-jose-alvalade/

"Invéntate un fichaje"

Li há dias um artigo excelente de um site espanhol (Barraca, ligado a adeptos do Valência, parece-me) intitulado "Invéntate un fichaje". É uma lição de história sobre como surgiu a célebre "silly season" do futebol, aqueles meses entre uma época que termina e outra que se vai iniciar, onde o rumor mais improvável do mundo, como o Gareth Bale ir para o Sporting, tem direito a manchete no jornal. Não vou contar como tudo começou, está tudo explicado no tal artigo, aconselho todos a lerem-no e ler espanhol é fácil. Deixo apenas estas duas notas que lá se encontram:

"Stefan Szymanski estableció en un estudio incluido en Soccernomics que ninguna de las operaciones que ocupan las noticias durante los primeros meses de mercado acaban realizándose."


"La Universidad de Cambridge fue más allá, y en otro estudio estableció que el 83% de las noticias de fichajes que se publican a lo largo del año no tienen ninguna base real detrás."


Ontem, houve um tipo inglês, adepto do Sunderland, rival do Newcastle, que colocou um tweet a dizer que viu o jogador Andros Townsend, precisamente do Newcastle, num avião em direção a Lisboa e ainda acrescentou que ele vinha efectuar testes médicos ao Sporting.



E pronto, bastou um tweet ontem e hoje temos isto na primeira-página do Record. Sim, bastou um tweet, porque foi a partir do tweet do adepto do Sunderland que o rumor pegou fogo e alastrou até ao Record. Primeiro, começou a alastrar-se pelos adeptos do Sporting no Twitter, passou para o Facebook e finalmente, para as páginas de apoio ao Sporting, blogs, etc. Importa dizer que sim, parece que o Towsend andou de avião (já vamos lá) nestes últimos dias mas a foto do Townsend no avião que o adepto do Sunderland utilizou é de 2014 ou 2012, não é recente. Basicamente, o tipo inventou que a história dele vir para o Sporting.






É delicioso ver os tweets de hoje do gajo. Desde o "Made it" da capa do Record até aos retweets da "notícia" que alastraram até aos jornais ingleses e até há aos tweets do pai do Townsend à alegada vinda para o Sporting, tudo é maravilhoso. É isto o jornalismo desportivo português. Lixo autêntico.






Ah! Ainda não acabou. Na capa do Record, além do Towsend, também vem o alegado interesse no jogador brasileiro Sandro, ex-Tottenham (tal como Towsend) e actualmente no West Brom. Ora, parece que sim, Sandro esteve mesmo em Lisboa mas não para assinar pelo Sporting mas para assinar contrato com a sua futura... esposa. Casou-se em Portugal e, muito provavelmente, o seu amigo Towsend viajou para Lisboa afim de participar na festa. Daí até assinarem pelo Sporting, vai um pequeno tweet...




retro-narrativa

"Carlos Xavier jogou grande parte da sua carreira no Sporting e nunca viu tanta rivalidade." Foi com esta frase que uma tal Miriam Assor, "jornalista freelancer", conforme se pode ler no seu perfil de Facebook, termina o seu texto intitulado "X-Files Bruno de Carvalho: O leão não ruge baixinho", que versa sobre a figura do presidente do Sporting Clube de Portugal, e que foi publicado nas páginas centrais da última edição da revista de domingo do Correio da Manhã. (Oh, a ironia de ler um texto escrito por uma judia sobre o presidente de clube mais perseguido de sempre em Portugal!)

Está visto qual vai ser o novo prisma pelo qual os adversários de BdC, sejam Sportinguistas ou benfiquistas, irão actuar nos próximos tempos. Se no ano passado, a narrativa era a de que BdC era louco, agora a narrativa faz uma volta de 180º e regressa aos primeiros tempos de BdC na presidência do Sporting: ele é conflituoso (e Luís Filipe Vieira é um senhor).

É esta a nova retro-narrativa. Começou com LFV, nas suas primeiras palavras após ter sido campeão, dizendo, hipocritamente e sem se rir, "Esta vitória não foi contra ninguém. (...) Não vou responder aos outros". Continuou depois, no desfilar de Sportinguistas "ilustres" que não se contiveram na hora de elogiar LFV - e o Benfica - na sua postura de "fair-play", ao contrário, presume-se, do seu homólogo de Alvalade. Veio Abrantes Mendes dizer que "temos de ter fair-play, senão isto é um mundo de cão e ninguém se entende" e ainda acrescentou que "gostaria que o seu clube tivesse um comportamento de maior "elevação dignidade e honra". Tivemos ainda a Isabel Trigo Mira, na sua habitual homilia de final/início de pré-época desejar que "estejam mais calmos, tanto ele como o presidente, porque não é assim que se ganham campeonatos", concluindo com um "Calem-se! (...) Se pensam que os sócios gostam muito 'disto', só se forem os sócios com menos de 15 anos... Os sócios 'normais' não gostam". Revelador.


A semana terminou com outra mensagem de parabéns a LFV de outro Sportinguista "ilustre", desta feita de Fernando Mendes, apresentador do concurso "O Preço Certo", da RTP, ao mesmo tempo que nem uma palavra de simpatia teve para JJ ou BdC. Certo, Fernando Mendes não é um Sportinguista "militante" mas dá para imaginá-lo como barómetro do sentimento Sportinguista burguês, cosmopolita, mais lisboeta. E é em Alvalade que se vota, não no "estrangeiro"...






Esta bonomia Sportinguista perante o Nacional-Benfiquismo endémico que aflige Portugal é um fenómeno impressionante. E assustador. Se há Sportinguistas a pensar que o Sporting de BdC/JJ é que é o mau da fita e LFV-Benfica o "bonzinho", imagine-se o que não pensarão os adeptos"tri-campeões" benfiquistas... Nem num ano em que assistimos a episódios tão flagrantes como a descida do árbitro Marco Ferreira de divisão (e as suas posteriores declarações), os vouchers, as SMSs, os jogos "amigáveis" com o Belenenses e outros, os processos "milionários" a Jorge Jesus e ao Sporting, e que culminou com a canalhice do "jogo da mala" e com o Benfica terminar o campeonato apenas com um (1) penalty contra e uma (1) expulsão, conseguimos trazer para o lado certo da trincheira estes tais Sportinguistas "ilustres". E que são um perigo para o próprio Sporting. Conseguem ajudar a esquecer tudo o que passou no futebol português pré-BdC e ainda camuflar o que se passou pós-BdC!


É uma completa falácia, para não dizer uma filha da putice, dizer-se que "nunca se viu tanta rivalidade". Quer dizer, há uma nova e forte rivalidade entre Sporting e Benfica (e Porto) mas não no sentido bélico como estes Sportinguistas "normais" e jornalistas "freelancers" querem fazer crer. É, realmente, impressionante como os media deste país (seus jornalistas, comentadores, paineleiros, convidados habituais, etc), conseguem criar uma realidade alternativa, completamente alienante e que levam Sportinguistas "normais" a elogiar o Benfica e o seu presidente na época em que mais guerrilha e jogo sujo fizeram ao Sporting, pelo menos, desde que me lembro. Para terminar, relembro só que, desde 2013, são raros os casos de violência entre claques do Sporting e outras (a cena dos casuals foi uma excepção) e até há bem pouco tempo (desde 2004!) as claques do Sporting estavam separadas, em bancadas diferentes do estádio!

Quando os presidentes do Sporting eram Dias da Cunha, José Eduardo Bettencourt ou Godinho Lopes, esses paladinos do fair-play e cordialidade, aí sim, havia uma rivalidade saudável entre Sporting e Benfica...


Sporting - Benfica, 2004

Sporting - Benfica, 2011

Sporting-Benfica, 2009

Benfica-Sporting, 2011




E quando metia Benfica e Porto, então...

















Olh'ós Directivo lá atrás em 2011!






19 de maio de 2016

Dr. Smith

Li há pouco tempo uma notícia sobre um médico inglês chamado Dr. Richard Smith que afirmou, numa "tese" bastante polémica, que a melhor forma de morrer seria ser vítima de cancro. Sim, de cancro. Dizia ele que, ao sabermos que temos uma data marcada para a morte, "Podemos dizer adeus, reflectir sobre a nossa vida, deixar últimas mensagens, talvez até visitar pela última vez sítios especiais, ouvir a nossa música favorita, ler poemas que nos marcaram, e preparar, de acordo com a crença de cada um, o encontro com o nosso criador ou desfrutar o esquecimento eterno".

Não sei bem quando foi que senti o primeiro sintoma. Se foi no empate com o Tondela, com o Vitória de Guimarães ou até mesmo em Dezembro, na derrota na Madeira. Sei é que quando perdemos com os lampiões, sabia, definitivamente, que algo estava mal e que esta época não ia terminar bem. Feeling de hipocondríaco sportinguista.

Ah, acrescentava ainda o Dr. Smith reconhecendo que isto é "uma visão romântica de morrer, mas é alcançável com amor, morfina, e uísque" - foi mais ou menos assim que eu fui suportando estas jornadas finais do campeonato.

Apesar do tom um bocado mórbido do post até agora, devo dizer que a ideia geral que quero deixar no final é bastante optimista.


Lembrei-me deste médico e da sua teoria depois de me ter lembrado de outra coisa: daquele épico final de temporada do terceiro ou quarto ano do Benfica de JJ, quando perderam título, Liga Europa e Taça de Portugal em três semanas. Aquilo foi um acidente automóvel-ferroviário-aviação, tudo junto. Um choque tremendo. O maior desastre futebolístico de um clube português, que eu me lembre.

E no entanto, mesmo após tamanho cataclismo e sem muito tempo para pensar, Luís Filipe Vieira tomou a opção menos provável de todas e a que se provou mais acertada: manteve Jorge Jesus como treinador e venceu os dois campeonatos seguintes. Chapeau para o Orelhas.




Gosto do tipo no canto superior esquerdo. "Filho da puta" três vezes seguidas. :)




 Ora, se há coisa maravilhosa no futebol é que este, ao contrário da nossa mundana existência na terra, nunca acaba. Mal um campeonato "morre", nasce outro logo a seguir. O Benfica que o diga, pois depois dessa "tripla morte", é agora o actual "tricampeão" português. O futebol é mesmo do caralho... E no Sporting, malgrado esta época ter terminado da forma mais miserável possível - ser o primeiro dos últimos -, a "morte" desta época teve ao menos o condão de nos ter dado tempo para "reflectir sobre a nossa vida", "deixar últimas mensagens" e "preparar o encontro com o nosso criador ou desfrutar o esquecimento eterno". E avaliando pelas decisões tomadas imediatamente após a conclusão do campeonato, não tenho dúvidas de que este Sporting acredita na reencarnação e que, na próxima época, estaremos vivos novamente e a lutar pelo campeonato outra vez. Ah, e pró ano não há Vítor Pereira no Conselho de Arbitragem. Só posso estar optimista.


















17 de maio de 2016

Vai ser uma pré-época muito loooonga #1




Sérgio Abrantes Mendes agradece palavras de Vieira


"Por muita mágoa que sintamos, temos de ter fair-play, senão isto é um mundo de cão e ninguém se entende", comentou. (...) "O ex-candidato à presidência leonina gostaria que o seu clube tivesse um comportamento de maior "elevação, dignidade e honra" e gostou de ter ouvido o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, a felicitar os leões pelo campeonato feito."

http://www.ojogo.pt/Futebol/1a_liga/Sporting/interior.aspx?content_id=5178662









Sérgio Abrantes Mendes, o defensor da "elevação, dignidade e honra", em junho de 2015


14 de maio de 2016

#VocêsSabemLá

- E o primeiro ano de JJ?
- 86 pontos...
- Foda-se.
-  O Slimani...
- João Mário.
- O William...
- Gelson Martins.
- O Adrien...
- Semedo. Coates. Schelotto.
- Patrício...

- Foda-se.
- 86 pontos...

- O Ruíz.
- Bryan Ruíz.


- 3-0 na Luz.
- 3-1 no Dragão...

- Foda-se.
- Foda-se...

- Os vouchers!...
- Os vouchers...
- Zero penalties.
- Zero expulsões...

- ...
- ...

- O Bruno Paixão!
- O Jorge Ferreira!


- ...
- ...

- Aquele relvado...
- Relvado?

- 86 pontos...
- 140 mil sócios. A #OndaVerde.

- O Marega.
- O Marega! E o Suk! E o Casillas!!

- Grande JJ.
- Grande BdC...

- E o Renato.
- "Renato na seleção, já!"

- Foda-se.
- Foda-se.


- 86 pontos...
- 86 pontos...


- Sporting Sempre!
- Sempre!

#VocêsSabemLá

"GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL"

"QUE GOLAAAAAAAAAAAAAAAAAAZO! GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! 4! 4! 4! 4! EL PRIMERO PARA EL TICO, BRYAN RUIZ! ‪#‎SportingCP‬



#NacionalBenfiquismo 2

Idosa morta à bengalada em lar

Motivo do crime terá sido o jogo do Marítimo com o Benfica.

Uma mulher de 69 anos matou este domingo uma idosa de 88 anos num lar da Santa Casa da Misericórdia em Ourique, no Alentejo. A arma do crime foi uma bengala. O crime ocorreu cerca das 23h00 e o motivo das agressões terá sido um desentendimento sobre o jogo de domingo do Marítimo com o Benfica. As duas mulheres partilhavam o mesmo quarto. A vítima Mariana Vitória, de 88 anos, era natural de Santiago e residiu muitos anos numa freguesia perto de Ourique. A agressora era utente do lar há vários anos e era acompanhada no serviço de psiquiatria do hospital de Beja. A agressora está a ser interrogada pela GNR em Beja.


http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/portugal/detalhe/idosa_mata_colega_em_lar_a_bengalada.html

#NacionalBenfiquismo

Encontrado no Google. Deve ser este o "ciclista maluco". Benfica = inimputabilidade. 



No Jardim da estrela, em Lisboa, destoa apenas um certo ciclista barulhento, com uma bandeira do benfica, mas é para lá que continuou a ir.

Cruzo-me por vezes no Jardim da Estrela com um ciclista que diagnostiquei de maluco (não, não sou médica). Deve andar pelos 60 anos, tem o cabelo rapado, ostenta uma enorme bandeira do Benfica na parte de trás da bicicleta – tudo coisas legítimas – e na parte da frente um rádio-cassete com o volume no máximo – o que já não o é. Deve ter estado doente, porque o vejo menos do que há uns anos. No Sábado da semana passada, o pesadelo ambulante voltou. Ora, o que se requer de um jardim é alguma paz, coisa que obviamente ele destrói. Será que tem direito a fazê-lo? Não, não tem. Se o leitor quiser saber mais sobre o motivo que invoco para o criticar, leia o que Stuart Mill escreveu sobre a liberdade, a minha e a dos outros. Na minha última visita ao jardim, lá andava ele, sempre acompanhado pela sua música ambulante. Esquecera- -me de levar o iPhone, com a minha música preferida, e os respectivos auscultadores – o que não perturba ninguém – pelo que o rival me irritou mais do que nunca. Este estado de espírito levou-me a dirigir- -me a uma senhora que estava a olhar para ele com o que me pareceu um olhar furioso. "O que acha que podemos fazer a este louco?", perguntei-lhe. A resposta foi inesperada: "Nada, deixe-o lá, não vê que ele leva a bandeira do Benfica?" Encolhi os ombros. 

O jardim

Note-se que não exijo o silêncio que impera numa biblioteca, mas tão só que o som do ciclista maluco não incomode as pessoas que por ali se passeiam. Suponho que por ser visitado por um número crescente de turistas, pelo menos por aqueles que saíram incólumes do eléctrico nº 28, há agora no jardim mais polícias do que habitualmente. Além de polícias a pé, também se vêem alguns dentro de automóveis, o que dantes só acontecia depois do escurecer. Vigiado, sim, está o jardim. A única forma de impedir que o ciclista maluco incomode toda a gente, ou, para ser mais rigorosa, toda a gente que não seja do Benfica, é a de ser interpelado por "uma autoridade". Quando pensei em explicar ao ciclista maluco que não podia andar por ali com a música em altos berros percebi que era inútil. O mesmo não aconteceria se a Câmara Municipal de Lisboa e a PSP chegassem a um acordo no sentido de colocarem nos portões principais um aviso declarando que acima de ‘x’ decibéis não se poderia difundir música fosse em que aparelho fosse.

Termino com um louvor à minha autarquia. É verdade que, no bairro onde vivo, as ruas estão pejadas de buracos e que esta é a grande prioridade, mas desde há cerca de uma década que o Jardim da Estrela tem uma nova face: os canteiros são podados, as árvores estão magníficas e até o coreto e o lago maior foram restaurados. Apesar de sob prescrição médica, vou até ao jardim todos os dias (isto é para ele ler). E não é que há um mês descobri que a deslocação me dá prazer? Desde que não esteja lá o ciclista maluco


Crónica de Maria Filomena Mónica, em: http://www.cmjornal.xl.pt/domingo/detalhe/o_ciclista_maluco.html

7 de maio de 2016

Professores primários

Há uma merda que me aflige desde há anos e que é a absoluta falta de escrutínio e "impunidade" com que os narradores e comentadores de jogos de futebol na tv fazem o seu trabalho em Portugal. Os narradores/comentadores têm um papel muito importante na educação dos adeptos. Funcionam quase como que professores primários, ao ensinar aos adeptos o mais básico do futebol. "Isto é um passe", "Isto é falta", "Isto é um fora de jogo". É com eles também que aprendemos bastante do vocabulário utilizado depois nas diversas discussões que temos com os nossos familiares, amigos ou colegas de trabalho/escola. "Pressão alta", "Linhas baixas", "Remate de ressaca". E além do vocabulário, aprendemos sobre o futebol em si mesmo, as técnicas, as tácticas, etc, e claro, também aprendemos muito sobre arbitragem... mas será que aprendemos?


Temos, de facto, uma cultura desportiva de merda. Daquilo que vou lendo e apreendendo de outros campeonatos estrangeiros (mais Espanha, Itália, Inglaterra e França), devemos ser dos mais "fanáticos", a par dos italianos e à frente dos espanhóis. Inglaterra é outra realidade, como já todos sabemos.

Nestes países, principalmente em Inglaterra e Espanha, há muita crítica e análise ao trabalho de quem narra e/ou comenta jogos na TV. Sejam comentadores de jogos em directo ou em programas de análise à jornada, é comum ver outros jornalistas a avaliar o trabalho dos tais "professores primários" do futebol. E quando o trabalho é mal feito, há críticas. E severas. (googlem "football tv commentator critics" :P )

Em Espanha, também há muita crítica mas, normalmente, são jornalistas de Barcelona a criticar comentadores/jornalistas de Madrid e vice-versa. Mas pronto, crítica. Em Itália, idem, lembro-me que já vi esta época uma polémica qualquer com um comentador da TV que detém os direitos de transmissão dos jogos do campeonato italiano.

Em Portugal? Licença para dizer merda. Ninguém critica os Freitas Lobo ou Carlos Daniel da merda que debitam semanalmente, ou ainda os "anónimos" narradores da Sporttv, SIC ou RTP. Ninguém. Mostrem-me uma peça de jornalismo ou opinião de um jornalista a criticar (analisar) o trabalho destes tipos. Pois. Mais depressa veremos um lampião a admitir que oferecer vouchers a árbitros não é lá assim tão normal...

O pior é que, além de funcionarem como "professores primários" dos adeptos de futebol, eles também funcionam como "juízes de primeira instância", ao analisarem e julgarem, segundos depois, se lance A ou B foi ilegal ou não. Muitas vezes, fico na dúvida se o Freitas Lobo é especialista em arbitragem ou de futebol. Tão depressa, num jogo do Sporting, é capaz de dizer peremptoriamente que o Slimani está fora de jogo como a seguir, num jogo do Bayern, já dizer que são lances difíceis de julgar. São eles que ditam o sentimento dos adeptos da semana seguinte. Têm o poder de tornar um lance inócuo na maior polémica do país. Junte-se a isto as 3327 repetições de "lances polémicos" que a Sporttv faz em cada transmissão e temos "Play Off", "Trio de Ataque" e "Campeonato Nacional" aos domingos, "Dia Seguinte"e "Prolongamento" às segundas, "Tempo Extra" às terças... e um livro editado pelo Pedro Guerra esta semana. Um livro editado pelo Pedro Guerra e com prefácio de Luís Filipe Vieira!!! Foda-se, querem mais fanático que isto?? :)))



Isto tudo a propósito de duas coisas que aconteceram esta semana. Há uns dias, mandei uma boca a um jornalista do MaisFutebol no Twitter, precisamente, dizendo-lhe que muita da culpa da falta de cultura desportiva da generalidade dos adeptos de futebol portugueses é dos próprios jornalistas, que não se avaliam nem criticam, particularmente os ditos narradores/comentadores. Claro que ele respondeu que não, que a culpa é nossa, dos adeptos, blá blá blá.






Pois bem, ontem, na transmissão do jogo Liverpool - Villareal na SIC aconteceu algo maravilhoso. Nem vou falar na merda que são, "esteticamente", o Luís Marçal e João Rosado a narrar/comentar jogos. Conseguem transformar qualquer jogo de futebol numa merda mais aborrecida do que ver um jogo do Benfica. (Ah!) Falo apenas na iliteracia deste "professor primário" de adeptos de futebol, após o 3º golo do Liverpool. E claro, João Rosado, mantendo o silêncio, também é cúmplice.






Como é óbvio, o golo é legal*. Na altura, não sabia dizer exactamente porquê nem o teor da regra que o diz mas tinha a certeza que o golo era legal. Mas eu não sou jornalista especializado em desporto. Nem me pagaram para narrar/comentar o jogo. Ao Luís Marçal e João Rosado, sim. Tinham obrigação de saber as regras de futebol de cor e salteado.


Não sei se depois na transmissão, Luís Marçal e João Rosado emendaram a sua opinião sobre a (i)legalidade do golo - não vi mais - mas pouco importa, o "mal" já estava feito. Quantos adeptos "alunos" terão interiorizado para sempre que, em lances idênticos, é fora de jogo e o golo deve ser anulado? Logo saberemos quando houver um golo marcado desta forma num jogo de um dos 3 grandes...









*No Holanda 3-0 Itália, na fase de grupos do Euro 2008, o primeiro golo do jogo é idêntico ao golo do Liverpool e, obviamente, perfeitamente legal.








Bónus: "O Griezmann rende dessa forma no Atlético de Madrid mas quando vai à seleção belga o rendimento não é igual" 😂 [Bruno Prata, na passada quarta feira, na RTP3]