Os ataques (des)concertados continuam. Ontem, foi a vez do Godinho Lopes - o
Godinho!! ahah - atacar o presidente do Sporting com a nova narrativa do "esquizofrénico", seguindo o guião montado pelos "notáveis" como
Dias da Cunha, Vasco Lourenço, Roquette e Abrantes Mendes.
Bruno de Carvalho é um
louco.
Nos inícios dos anos 70, surgiu no panorama cinematográfico mundial um realizador chileno totalmente desconhecido e completamente alucinado, chamado
Alejandro Jodorowsky. Alejandro não percebia nada de cinema, não nasceu no meio, não conhecia ninguém, não era um "notável" de Hollywood, e, após uns anos envolvido no teatro, resolveu realizar um par de filmes que, para a altura, eram considerados verdadeiras obras-primas ou algo que merecia ser
banido.
Apesar de tanta
polémica, Jodorowsky viu ser reconhecido o seu trabalho em França, onde um
produtor local apostou nele e disse-lhe que o apoiaria na realização e produção do seu próximo filme, fosse qual fosse o tema. Jodorowsky escolheu realizar um filme de ficção científica, baseado no livro "
Dune", de
Frank Herbert. Diz ele que queria fazer de "Dune" um filme que criasse nos seus espectadores o mesmo
efeito que a droga
LSD produzia nos seus consumidores. eheh. Após o épico "
2001 - Odisseia no Espaço", "Dune" prometia ser o maior filme de sempre de ficção científica e, mais que um filme, uma verdadeira
experiência de vida. O espiritual Jodorowsky resolveu começar a procurar os seus "guerreiros", pessoas que ele sentisse que estariam verdadeiramente com ele, de corpo e alma, preparados para realizar a
obra-prima de uma geração.
Contactou os melhores actores da altura e os melhores "
experts" de desenho e efeitos especiais e conseguiu convencê-los a participar nessa aventura.
Salvador Dali,
Orsow Wells,
Mick Jagger,
Pink Floyd, Jean Giraud, aka
Mœbius (um dos melhores artistas de banda-desenhada de sempre), entre outros, aceitaram o
desafio de Jodorowsky. Outros ficaram de fora. Por exemplo, conta o realizador chileno que, quando se deslocou a Hollywood para se encontrar com
Douglas Trumbull, o responsável pelos brilhantes efeitos especiais de "2001 - Odisseia no Espaço", de imediato sentiu que este não tinha espírito de "guerreiro" suficiente para embarcar no seu exército. Enquanto discutiam o projeto, Trumbull atendeu o telefone um par de vezes, demonstrando que não estava assim tão interessado no que Jodorowsky dizia. "Falava de si com muita vaidade", disse Jodorwosky. "Não posso trabalhar consigo", disse Jodorowky ao melhor especialista de efeitos especiais, passe a redundância, dos anos 70.
|
O maior filme de sempre que nunca saiu do papel. |
O maior
erro de Bruno de Carvalho não foi ter
despedido Marco Silva. O maior erro dele foi o ter contratado por quatro anos. Marco Silva não era um "guerreiro" de Bruno de Carvalho, era simplesmente um profissional
vaidoso. Leonardo Jardim, apesar de todo o seu profissionalismo, não é(ra) vaidoso. Possivelmente, não assimilava tudo o que BdC pretendia mas nunca colocou o
Sporting acima dele e da sua posição de (mero) treinador.
Se Jodorowsky fosse um presidente de um clube de futebol e quisesse construir uma equipa "obra-prima", tenho a certeza de que Jorge Jesus seria uma das suas primeiras escolhas. Possivelmente, o primeiro seria
Bielsa, devido às raízes (sul-)americanas de ambos mas se fosse português...
Jesus seria, definitivamente, o
Paul Atreides de "Dune".
É verdade que "Dune", o melhor filme de sempre
jamais visto, nunca chegou a ser realizado por Jodorowsky mas isso deveu-se apenas a um "pormenor": o
dinheiro. Ou a falta dele. Quando o amigo produtor francês de Jodorowsky andou a apresentar o guião e o projecto de "Dune" aos grandes estúdios de Hollywood, todos - sem excepção - torceram o nariz e responderam negativamente porque não confiaram em Jodorowsky. Achavam-no demasiado "louco" e demasiado "ambicioso".
"Mas eu tenho ambição. Por que não ter ambição? Porquê? Tenham a maior ambição possível. Querem ser imortais? Lutem para ser imortais. Façam-no! Querem fazer a arte ou o filme mais fantásticos? Tentem! Se falharem, isso não importa. É preciso tentar."
Jodorowky, no
documentário "Jodorowsky's Dune", de 2013.
Bruno de Carvalho é "louco" e ambicioso como Jodorowsky mas conseguiu - para já - aquilo que o realizador chileno não conseguiu:
dinheiro para contratar o seu "guerreiro",
Jorge Jesus.
Vamos ter
filme.