3 de fevereiro de 2019

caracol

Infelizmente, a derrota (e os números...) de hoje não me surpreende. A certa altura, temi goleada histórica, ao nível dos 3-6 dos anos 90. Algumas notas:

- Fiz rewind na SportingTV e verifiquei que, além de Keizer, mais ninguém falou aos adeptos após esta humilhante derrota. Nem presidente, diretor-desportivo, vices presidente, nada. Ninguém. Fica a nota.

- Noto nos jogadores falta de "nervo", de luta, de vontade. Parece evidente que há falta de competição interna no plantel, eles sabem que jogam sempre os mesmos.

- O "desaparecimento" de Miguel Luís e Jovane é inexplicável.

- Acuña, salvo outra informação, ainda é jogador do Sporting.

- A defesa do Sporting é lenta, lenta, lenta, como dizia o outro. Os extremos ajudam pouco os laterais a defender. O meio campo está esgotado. Os centrais estão esgotados (Coates vai rebentar quando?). André Pinto é lento e péssimo. Querer continuar a jogar com bloco defensivo alto é puro suicídio.

- Bloco defensivo alto fazia e fez sentido no momento que Keizer chegou porque havia "pulmão" para a equipa (meio-campo e ataque, principalmente) poder fazer pressão alta.

- Neste momento, não há "pulmão". Ou muda-se os jogadores e coloca-se "pulmão" fresco na equipa ou muda-se de táctica.

- Keizer conhecerá outra táctica?

- Bas Dost é, cada vez mais, um eucalipto que seca o futebol (o ataque) do Sporting. Com JJ, fazia sentido tê-lo em campo, pois JJ conseguiu montar uma equipa que girava em seu torno, conseguiu colocar toda uma equipa a jogar para Bas Dost. Neste momento, com este plantel, com estes jogadores, isso não se verifica. Bas Dost é passado e continuar com ele na equipa é mais um jogo e tempo que se perde. É um jogador demasiado caro (o mais caro do plantel) para marcar apenas golos de penalty ao Benfica ou Porto ou marcar golos de cabeça ao Feirense. Um presidente com visão já teria dado indicações ao treinador para deixar, paulatinamente, de apostar no holandês e ir procurando outras alternativas.

- Montero ainda é jogador do Sporting?

- Esta época está perdida, a Liga Europa é utopia e a Taça de Portugal, salvo uma superação extraordinária da equipa do Sporting, estará destinada a Benfica ou Porto. Os adeptos começam a desligar-se da equipa e dos jogadores e a tendência é para haver ainda mais contestação e desinteresse, à medida que as derrotas aparecem. A única solução, na minha opinião, para se continuar a manter o "elo" entre equipa, Keizer e adeptos, passa pela Comunicação, falar ao coração dos adeptos. Iniciámos a época vindos de uma verdadeira batalha civil fraticida e temos um presidente com o carisma de um caracol, que não consegue apelar às massas. Se ele não consegue, Sporting tem de arranjar alguém que consiga. Trazer Cristiano Ronaldo a Alvalade é bom marketing mas soa a cereja no topo de um bolo imaginário, que não existe. E os Sportinguistas continuam famintos.



2 de fevereiro de 2019

rugby

O mote para escrever este post foi um tweet que vi há minutos, de uma portista que comentou um vídeo de um programa qualquer do falecido professor José Hermano Saraiva, onde dizia que "Ramalho Ortigão, que como sabem era daqui [do Porto], que dizia que o portuense é o homem mais delicado, o homem mais bom Homem que se possa imaginar - só há 3 coisas de que ele não gosta (...) Não gosta de Lisboa (...) e de Lisboa vinga-se, recebendo com a maior delicadeza, com a mais bizarra cortesia, os lisboetas que aqui vêm."


Já tinha pensado ontem escrever este post, depois de ouvir a entrevista ao presidente do Sporting, Frederico Varandas, ontem, na RTP3, mas faltava-me a motivação. Aquela pequena frase de Ramalho Ortigão, "recebendo com a maior delicadeza, com a mais bizarra cortesia, os lisboetas que aqui vêm", fez-me perceber, finalmente, a estratégia que Varandas parece querer implementar no Sporting. O Sporting sempre foi, desde que me lembro de ver futebol, o clube mais roubado dos três grandes, sem dúvida alguma. Sporting já tentou, sob várias formas, lutar contra este "sistema" que domina o futebol português e que defende sempre o mais poderoso, mas nunca conseguiu vencê-lo. É verdade que se fala muito nos penalties do Jardel no título de 2002 mas tenho de ser honesto e dizer que não acompanhava tão de perto o futebol (e o Sporting) nessa altura para poder dizer se, nesse ano, éramos os mais "poderosos" mas mesmo que assim fosse, pouco me importaria. Um ano no meio de 20 é uma gota no oceano.

Como estava a dizer, o Sporting sempre foi o elo mais fraco, a equipa a abater, o cordeiro a ser abatido. E foram feitas várias tentativas, por parte das várias direções do Sporting, para combater tamanha roubalheira, desde protestos formais e informais, "luto", "Basta!" e outros semelhantes. Resultado? Zero. A única "iniciativa" do Sporting que realmente funcionou e que conseguiu acalmar o despudor com que os árbitros roubavam o Sporting, foi a contratação de Jorge Jesus. Não impediu que os árbitros continuassem a ajudar os lampiões mas, pelo menos, conseguiu refrear a ânsia anti-Sporting, exemplarmente demonstrada por Hélder Malheiro na passada quarta-feira.

BdC, além da contratação de JJ, também tentou acalmar essa "ânsia" anti-Sporting fora dos relvados, quando contratou, por exemplo, um ex-fiscal de linha chamado Hernâni Fernandes, para integrar a estrutura do futebol do Sporting, a juntar à já infame ligação de Pedro Henriques, ex-árbitro e recém-despedido da Sporttv, por ter colaborado com o Sporting. Obviamente que, além da ajuda e esclarecimentos sobre regras e leis da arbitragem às várias equipas do Sporting, estes elementos dariam um certo "peso" ao Sporting e ajudariam a equilibrar mais as "forças" da arbitragem, isto é, lobby pró-Sporting. Desde que não seja nada de ilegal, não vejo nada contra - o que me interessa é a efectividade. Se o Sporting não ganhar nada com isso, não interessa.


Ao tempo que digo que as más arbitragens são uma inevitabilidade para o Sporting. Gastão a encontrar uma carteira recheada de notas, Pato Donald a ficar sem gasolina no caminho para o trabalho, Jonas a ganhar um penalty, Sporting a ser roubado, eis algumas das grandes realidades da vida. Como é que o Sporting luta contra isto, contra os (maus) árbitros, eis a questão? Ora, ao tempo que digo que a única forma, além daquela que envolve ilegalidades, à luz da lei portuguesa, é a de "suck it up", isto é, engolir e bola para a frente. O árbitro não marcou falta? Levanta-te imediatamente e vai atrás da bola. O árbitro marcou penalty contra ti? Coloca-te no melhor sítio à frente da área, de modo a recolheres a bola o mais rapidamente possível, seja golo ou não. O árbitro expulsou-te enquanto perdíamos 0-1? Corre o mais depressa para os balneários, de modo a não perdermos muito mais tempo para que os teus companheiros possam ainda reverter o resultado. E assim sucessivamente. Não há outra hipótese. É uma vergonha? É. Dá vontade de mandar tudo para o caralho? Dá. Ajuda-nos a ganhar jogos? Não.

Ontem, finalmente, quando ouvi atentamente a entrevista de Frederico Varandas à RTP3, percebi qual a "estratégia" para lutar contra isto tudo. Percebi porque razão não se ouviu ninguém do Sporting vir defender Ristovski e a sua inacreditável expulsão na passada quarta-feira em Setúbal. Ao que parece, Tomás Morais, o ex-selecionador da seleção de rugby que colocou uma equipa de amadores num mundial de profissionais, vai colaborar com o Sporting, de modo a desenvolver esta mentalidade de lutar contra tudo e tudos, sem lamúrias e queixas. Misturar bom futebol, o #Keizerball, com a mentalidade do rugby, de cair e levantar-se logo a seguir, sem rebolar pelo chão, a fingir dor. Eu gosto bastante, muito, da ideia. Acho que é a única forma de lutar contra isto. Oxalá resulte.