Nos anos 20, com a produção industrial idealizada por Henry Ford, a classe média norte-americana, bem antes da europeia, podia ter acesso a produtos que hoje nos são banais: automóveis, eletrodomésticos, etc. Na primeira parte do documentário, é explicado como era, então, fácil "investir" na bolsa. Qualquer dona de casa podia fazê-lo. O crédito providenciado pelos bancos para se poder investir era rápido e fácil de se adquirir. Com 10 dólares, podia-se pedir emprestado 90 e investir 100. Easy peachy. "100 milhões"*.
O presidente dos Estados Unidos de então era Herbert Hoover, republicano, apoiado pelos banqueiros e empresários foi eleito com o slogan "Prosperidade está mesmo ao virar da esquina". Era tempo de dizer ao mercado para se parar com com a loucura especulativa da bolsa e por um fim ao investimento louco e irracional, porém, Hoover não o fez, o que conduziu, irremediavelmente, à "terça feira negra" de outubro de 1929.
O que se passou depois, toda a gente, mais ou menos, sabe. A Bolsa de Nova Iorque colapsou, os preços baixaram drasticamente, muita gente perdeu dinheiro, ações e, sobretudo, o emprego. São infames as histórias dos suicídios em massa, atirando-se de prédios, de gente que perdeu dinheiro nesses dias. A "Grande Depressão" teve consequências devastadoras, em todo o mundo, sobretudo na Europa (Alemanha) e em 1932, apesar dos esforços de Hoover, este foi derrotado nas eleições americanas pelo democrata Franklin Roosevelt. Nos anos seguintes, fortemente apoiado por aqueles que mais sentiram na pele os efeitos da "Grande Depressão", os desempregados, Roosevelt implementou um plano nacional de desenvolvimento da economia, o "New Deal", em que grandes projetos nacionais (barragens, estradas, edifícios públicos, etc) foram projetados, de forma a providenciar trabalho aos milhões de desempregados que havia na altura. Roosevelt devolveu o ânimo aos norte-americanos, especialmente os de classe média e baixa e, sobretudo, a esperança de um futuro melhor. Mas o caminho era difícil. A meio do projecto "New Deal", por os resultados ainda não serem totalmente positivos, algumas dúvidas e críticas começaram a surgir, primeiro lançadas pelos banqueiros e empresários, para serem prontamente seguidas pela classe trabalhadora. Ou vice-versa. Houve greves, tumultos e até mesmo cenas de violência entre trabalhadores e o "Estado" (polícia). Por esta altura, Roosevelt foi completamente atacado, por ambos os lados, banqueiros e trabalhadores.
Steve Fraser, historiador. |
"Os líderes políticos do país de ambos os partidos, Republicano e Democrata, estavam receosos quando viram a agitação que havia no país. E quando notaram que um terço da mão de obra estava desempregada. E quando viram as greves e tumultos que aconteciam. As corporações ricas estavam contra Roosevelt. Estavam com dúvidas de que o sistem capitalista sobreviveria. E os grupos financeiros e empresarial começaram a ser muito hostis. Trataram-no nas formas mais horrendas possíveis. Chamaram-lhe deficiente, um Judeu, comunista, homossexual. Chamaram-lhe de tudo."
Para cut a long story short, como dizem os anglo-saxónicos, a coisa estava preta para o Roosevelt. Dificilmente escaparia à rejeição do povo americano. (In)Felizmente, aconteceu aquilo que ninguém no mundo desejaria mas que lhe acabou por salvar a pele e o lugar: a 2ª Guerra Mundial. Com a iminente entrada dos Estados Unidos na frente de guerra, Roosevelt mobilizou todo um país no esforço de guerra, dando trabalho a todos, homens e mulheres, nas fábricas de armamento. A produção e economia nacional começou a crescer e o desemprego (e miséria) a diminuir. Um mindfuck à americana. O resto é história: com o final da guerra, consequente vitória dos Aliados e uma economia próspera em solo natal, Roosevelt conseguiu imortalizar o seu nome junto dos maiores da História, eternamente lembrado como um dos melhores presidentes dos Estado Unidos da América.
BdC precisa urgentemente de uma "guerra" mas duvido que seja contra os jogadores que o fará ganhar um lugar na História (dos vitoriosos).