A
queda do Porto teve o seu momento-chave, porventura na ocasião mais
triunfante dos últimos quatro ou cinco anos (mais emblemático até que a final da Europa League contra o Braga), quando um tal
Kelvin marcou ao Benfica aos 92m de jogo e que significou a conquista do terceiro campeonato seguido.
Tricampeão.
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Kelvin "Ícaro" da Silva |
Quando se pergunta a um historiador qual o momento-chave da queda do III Reich, a maioria responderá que foi a
Batalha de Estalinegrado, quando os alemães viram-se obrigados a recuar até Berlim, em fuga do exército russo ou então o ataque japonês a
Pearl Harbour e que resultou na entrada, literalmente decisiva, dos americanos na guerra.
Porém, há um historiador,
Adam Tooze, que
afirma que o momento-chave para a queda da Alemanha de Hitler deu-se, precisamente, assim que o exército alemão concretizou a
maior das suas vitórias, logo em 1940, quando invadiu, triunfalmente, a França. Essa inesperada (por franceses, ingleses e até mesmo uma parte dos alemães) vitória do exército alemão, contra todas as probabilidades (o exemplo da guerra de 1914-18), com menos meios mas com maior eficácia e liderança, resultou numa confiança tal que, quando Hitler sugeriu a conquista da vasta
Rússia, ninguém se opôs. Foi o princípio do fim.
Quando, na pré-época, Pinto da Costa contratou
Paulo Fonseca, Licá, Ricardo, Josué e dois mexicanos por 19 milhões, ninguém duvidou,
ninguém se opôs. Com maior ou menor dificuldade, deslumbrado pela épica forma como conquistou o campeonato passado e atendendo à
corda-bamba por onde caminhava Jorge Jesus e o rumo desportivo-económico-financeiro do Benfica de
Luís Filipe Vieira (nem sequer incluo o "novo" Sporting de Bruno de Carvalho pois, como disse o presidente, nessa altura nem contávamos para o totobola), a
soberba de PdC fê-lo julgar que, qualquer que fosse o treinador escolhido, o Porto seria campeão e que bastaria pequenos ajustes para manter o rumo das vitórias. E agora é o que vemos: 3º lugar e uma Taça da Liga p'ra vencer. E eu nunca vi o Porto assim.
Sabe tão bem. :)
Eu já tinha previsto a queda do Porto logo na primeira época de Vítor Pereira, não pela queda "em si" do Porto mas pela
subida que sentia que o Benfica estava a fazer. Só não subiu ao topo há duas épocas por culpa de Jorge Jesus e na época passada por culpa, já disse, do Kelvin. Mas vai concretizá-la esta época, vencendo Liga e Taça de Portugal e, possivelmente, atingindo a final da Liga Europa. A grande questão é saber se este momento vitorioso do Benfica significará o início da
hegemonia do futebol português para o Benfica (tem todas as condições para isso: Liga e FPF "controladas",
Olivedesportos de
rastos, Benfica TV em velocidade-cruzeiro, resultados da formação, etc) ou se, tal como no golo do Kelvin, resultará num pequeno
trambolhão (não acredito em "queda"), desta vez do império de LFV.
Luisão tem 33 anos, Garay quererá fazer o
contrato da sua vida (tal como Gaitán ou Cardozo) e Maxi também já não vai p'ra novo. Usando o
exemplo automobilístico de Leonardo Jardim, o carro
F1 do Benfica está em andamento, em pleno primeiro lugar destacado, mas, quase de certeza, vai ter de
trocar de pneus. Para tal, terá de ir às
boxes colocar uns pneus novos e correr o risco de perder o lugar da frente para o
Sporting, que já tem pneus novos metidos esta época. Ou então arrisca manter os pneus velhos durante mais esta época mas sabendo que, muito provavelmente, rebentarão no final da época. Isto é, o nível salarial do Benfica é alto, e atendendo às vitórias na Liga, Taça (e Liga Europa?), a tendência é para subir. Ou mantêm-se como estão, correndo o risco de os pneus velhos
rebentarem ou trocam já de pneus e metem uns novos, da formação, baixando o nível salarial.
Se trocarem de pneus, as probabilidades de que o Sporting possa
ultrapassar o Benfica sobem alguma coisa e poderemos ambicionar lutar, efectivamente, pela hegemonia do futebol português, ao contrário do que aconteceu no reinado de
Soares Franco e Paulo Bento, onde nunca fomos (excepto na época da mão do Ronny) realmente candidatos "hegemónicos. Se não trocarem... remeto-me para as
palavras de BdC :
"Apesar de continuar a admitir que o Sporting não vai entrar em loucuras financeiras, Bruno de Carvalho não deixa de ser ambicioso, admitindo que o clube de Alvalade já provou que é possível fazer mais com menos dinheiro. "
O Sporting já provou que não são os grandes orçamentos que fazem a competitividade. Já tivemos o orçamento mais alto dos três grandes e ficámos em sétimo e com o mais baixo estamos em segundo. Temos de aprender a viver melhor com menos e o Sporting já está nessa aprendizagem. Já provámos que é possível fazer mais com menos", atirou, a meio do périplo pelos Açores, citado pelo jornal "A Bola".
Nessa linha de pensamento, é natural que Bruno de Carvalho já aponte ao título para 2014/15, sublinhando que o Sporting vai ter uma "
equipa sem medo" na próxima temporada e prevendo, também, a
queda futura dos rivais. "
O Sporting tem sido extremamente competitivo, tem de assumir-se como candidato ao título. Vamos ter uma equipa sem medo a lutar pelo título. Esta época, depois de uma temporada tão má, seria hipocrisia dizer que éramos candidatos. Mas em termos de futuro só vou ter alegrias porque os nossos rivais, que têm grandes orçamentos época após época, vão passar fase difícil", confessou."