Apenas joguei futebol a nível distrital mas uma coisa aprendi logo: há duas formas de ganhar os jogos, ou a defender (e depois, contra-ataque) ou a atacar. O futebol da primeira época de JJ era excelente porque até conseguíamos jogar de ambas as maneiras, isto é, começávamos o jogo ao ataque e quando perdíamos a bola, faziámos pressão imediata (Slimani, João Mário, Adrien...) e recuperávamos a bola para o "contra-golpe", muitas das vezes, letal. Não deu para ser campeão, da forma que toda a gente sabe, mas "aquele" era um futebol total, dominador, destemido. O futebol moderno que é praticado por quase todas as equipas top europeias. Man City, PSG, Barça, Bayern, etc, começam os jogos a atacar, mas a atacar a sério, com tabelinhas, cruzamentos e remates constantes à baliza, e assim que perdem a bola, caem dois, três, quatro jogadores desenfreados sobre, normalmente, quem menor técnica tem para tratar a bola, os defesas, recuperando-a e dando início a outro ataque. Pimba, pimba, pimba. Sempre a correr, sempre a rematar, sempre a correr. É assim que Benfica e Porto jogam por cá (e ganham).
Na segunda época de JJ, ainda não percebi bem o que se passou e acho que nunca ninguém vai perceber totalmente.
Dois "Van Goghs", um verdadeiro e outro fake. |
Chegamos à terceira época e JJ quer colocar a equipa a fingir que joga para atacar mas também não a coloca verdadeiramente à defesa. Ou seja, nem é carne nem é peixe. Nem atacamos com aquela raiva, aquela força, com pujança (porque não conseguimos?), com remates, com golos, pimba, pimba, pimba; nem jogamos à defesa, à espera do contra-ataque, pois nem fazemos pressão alta nem temos jogadores rápidos para tal (estão a ver o Dost a sprintar desde meio-campo em tabelinhas rápidas com o Gelson, como fazem Cristiano e Benzema?). Foi assim que chegámos até janeiro, com aquele futebolzinho que, à primeira vista, é futebol gourmet, futebol dominador, futebol ofensivo mas que, na realidade, vendo bem, tais exibições foram apenas imitações baratas (aquelas vitórias, à rasca, por 1-0, com golos a acabar... Setúbal, Feirense, Guimarães...) que serviram para enganar os adeptos, os adversários, os jornalistas e, se calhar, o próprio JJ. Como disse no início, JJ percebeu que já não temos pujança física para jogar ao "ataque" e assumiu hoje, finalmente, contra o Porto, que a única forma de dar luta é jogar à defesa e esperar pelo contra-ataque. Ia resultando, até aquela cabeçada do Soares-que-só-marca-golos-ao-Sporting, no meio de dois defesas nossos... mas já podíamos ter sofrido golo por uma ou duas vezes antes disso. Depois de sofrer o golo da praxe, lá mudámos o chip e a táctica, deixando a "defesa" e jogando ao "ataque", mas já não fomos a tempo de marcar um (precioso) golo fora no estádio do Dragão.
Ora, conhecendo bem o futebol português como, infelizmente, já conheço, arrisco dizer que já estamos eliminados da Taça. Vamos empatar 1-1 em Alvalade ou, no máximo, vencer por 2-1.
Dias difíceis.
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