22 de janeiro de 2018

"Objectivo" 7. Aquilo que se pretende alcançar, conseguir ou atingir. = ALVO, FIM, PROPÓSITO




Bruno de Carvalho tem um objectivo, tal como todos nós, Sportinguistas: ser campeão nacional. Para concretizar esse objectivo, tem um plano. Esse plano, basicamente, foi contratar o melhor treinador a treinar em Portugal, Jorge Jesus, e (tentar) apetrechar a equipa às necessidades e desejos de JJ. Estamos a meio da terceira época de JJ no Sporting e o objectivo ainda não foi conquistado. Por muito que BdC esteja a tentar parar a maré com as mãos, é impossível conter a insatisfação dos Sportinguistas face a um péssimo, inaceitável, resultado em Setúbal.

Quando BdC chegou ao Sporting, num contexto tenebroso e num estado de pré-falência, a primeira grande medida que tomou foi implementar uma série de cortes, desde o jornal do Sporting, departamentos, futebol profissional, salários, tudo foi objecto da "austeridade" pós-Croquetismo. Lembro-me de uma história que li algures, num blog ou fórum leonino, que a obsessão de BdC com o despesismo ia ao ponto de fazer contas ao dinheiro gasto em parafusos numa pequena reparação no estádio. E nós, Sportinguistas, estávamos nessa altura mais cientes do estado do nosso clube do que alguma vez estivemos na história centenária leonina. Aceitámos perfeitamente que o caminho que íamos ter nos próximos anos iria ser um caminho muito duro, com pouco dinheiro, aposta na formação e sempre na sombra dos nossos rivais, na esperança de uma época má de ambos e uma excelente época nossa. Repito, a noção coletiva dos adeptos Sportinguistas era a que, de facto, BdC era o homem certo no local certo e que a recuperação do clube, rumo ao objectivo principal, iria ser doloroso e demorado. Tínhamos aceitado essa realidade.

Pois bem, logo na primeira época completa de BdC à frente do clube, na época de Leonardo Jardim, fomos todos surpreendidos quando estivemos, até bem perto do final da época, a discutir o título com o Benfica de JJ. Uma equipa low-cost, repleta de putos da formação (ainda que com o calendário mais alivido pela não presença nas competições europeias desse ano, é verdade), vindos da pior época de sempre do clube e, mesmo assim, estivemos na luta. Epah, isto se calhar não vai demorar assim tanto tempo. Se calhar, é possível sermos campeões com BdC mais cedo do que julgávamos, foi o pensamento geral dos Sportinguistas e, admito, até do próprio BdC, que deve ter ficado surpreendido com tão rápida colocação do Sporting na dianteira da corrida ao título.

Veio Marco Silva, o empréstimo de Nani e, julgo eu, BdC julgava mesmo que era possível ser já campeão na sua 2ª época como presidente. Creio que até foi nessa pré-época que Inácio disse que íamos partir na pole-position. Não fui ao Google confirmar mas, se não disse nessa pré-época, disse na seguinte, na primeira de JJ como treinador. Pouco importa, o que quero relevar é que as expectativas, tanto do presidente e restante direção, como dos adeptos, na sua grande maioria, era a de que íamos mesmo lutar pelo título. Lutar a sério, não aquela banalidade de se dizer que o Sporting, como clube grande que é, é sempre candidato ao título.

Aconteceu o que aconteceu com Marco Silva, mesmo assim ainda ganhámos a Taça de Portugal e no final da época, toda a gente ficou surpreendida - toda - com o anúncio de JJ como treinador principal do Sporting. É uma mudança de paradigma brutal. Passáramos do Sporting austero e com Naby Sarr no centro da defesa para o Sporting pujante e com Coates como patrão da defesa. JJ nunca o afirmou perentoriamente, como, por exemplo, Mourinho disse, logo na sua primeira época no Porto, e batendo, literalmente, na mesa, "Vamos ser campeões!", mas todos nós acreditávamos que íamos mesmo ser campeões. E quando iniciámos aquela época de forma tão impressionante e imponente, vencendo a Supertaça ao Benfica, vencendo na Luz para o campeonato e eliminando-os da Taça de Portugal em Alvalade, todos já nos víamos no Marquês, jogadores e dirigentes incluídos. Só isso explica a soberba e desleixo demonstrados, logo em dezembro, quando perdemos de forma surpreendente em casa do União da Madeira. O resto é a história que todos nós sabemos e que o pontapé falhado de Bryan Ruiz fará questão de perpetuar para sempre na memória de todos nós. Veio a 2ª época de JJ, onde todos julgaram (incluindo adeptos) que era apenas uma questão de retocar a equipa, de modo a evitar os erros cometidos, e continuar o trabalho deixado "a meio" na época passada. Foi a desilusão que se sabe.

Estamos na 3ª época de JJ, começamos de forma imperial, ainda que demonstrando uma incapacidade preocupante de vencer equipas do nosso quilate (empates com Porto, Braga e Benfica) e de penetrar confortavelmente em equipas defensivamente bem montadas (vitórias sofridas contra Setúbal e Feirense na primeira volta, empates comprometedores com Moreirense e agora com o Setúbal). É isso que BdC demonstra, pelos constantes posts e respostas que tem feito no Facebook, ainda não ter conseguido perceber: os adeptos do Sporting estão desiludidos porque a isso foram levados. Por esta altura, já pensávamos ter sido campeões, pelo menos uma vez, e, no entanto, estamos em 2º lugar, a potenciais 4 pontos do Porto e com o Benfica tetra-campeão à perna.

As expetativas do adepto comum Sportinguista são aquelas construídas a partir da 1ª época de JJ, e que treina um plantel que inclui Bas Dost, vindo da Bundesliga, e Wendel, craque brasileiro também pretendido pelo Paris Saint-Germain. Não são as expectativas de 2013, quando vínhamos de um 7º lugar e tínhamos uma dupla de centrais constítuida por Sarr e Maurício. As críticas são inevitáveis e, mais importante, legítimas. Sempre foram e sempre serão. Claro que não me refiro a insultos ou coisas desse tipo. Se um adepto não puder gritar e aplaudir quando ganha e gritar e "assobiar" quando perde, então, nessa altura, isto deixa de ser futebol e passa a ser outra coisa qualquer. Não peçam ao adepto de futebol racionalidade, memória, gratidão ou justiça, porque isso nunca irá acontecer, salvo em raras excepções. Já ninguém se lembra do PER, luta com a banca ou o relvado aos buracos. Ninguém quer saber dos 12 anos sem pavilhão, só importam os 16 anos sem ser campeão. É uma pena mas é assim.

A única forma de calarem os adeptos é com vitórias. Acho que já era tempo de terem percebido isso.

3 comentários:

Anónimo disse...

É tudo verdade. Mas campeonatos não se ganham por decreto. Esta época temos um FCP muito forte e um SLB que possui uma equipa fiável e quando em dificuldades terá o empurraozinho como até aqui.
Não sei se conseguiremos ser campeões mesmo ganhando todos os jogos, se os rivais não perderem alguns dos seus. SL

Billy Jigsaw disse...

Atenção que o Naby Sarr não era do plantel treinado pelo Leonardo Jardim, mas sim do Marco Silva. No tempo do Jardim, os centrais eram o Rojo e o Maurício.

Captomente disse...

@Anónimo, verdade, e por sabermos quão é difícil sermos campeões, não podemos dar-nos ao luxo de perder pontos como perdemos em Setúbal. Daí que ache natural que haja tristeza e críticas por parte dos adeptos.

@Billy, tens razão, obrigado pelo reparo.

Obrigado a ambos pelos comentários.

SL