Um presidente de um clube só tem 'moral' para fazer frente a um jogador se tiver uma de duas coisas no bolso:
dinheiro ou
títulos. Seria relativamente fácil encontrar vários exemplos públicos de relações tensas entre presidentes de clubes e jogadores, principalmente após derrotas ou acusações de falta de empenho... Desde cortar no salário, críticas públicas, castigos, tudo isto já aconteceu antes no futebol, nacional e internacional. Porém, uma coisa é o presidente do Porto descer ao balneário e dizer que para a semana não há folgas, nem o tal prémio que tinha sido combinado no princípio da época, ou o presidente do Nápoles, ficar fodido após uma derrota no domingo e ordenar que a equipa fique "
in ritiro" até final da época, isto é, um castigo aos jogadores equivalente a obrigar o filho ficar o fim de semana enfiado no quarto depois de mau resultado no teste de português.
Pinto da Costa pode fazê-lo porque tem Taças dos Campeões Europeus, Taças UEFA e campeonatos no "bolso" e
Aurelio De Laurentiis pode fazê-lo porque é um produtor de cinema
milionário. Bruno de Carvalho não tem nada.
Tem uma mísera Taça de Portugal (para mim, a Taça Lucílio não conta para nada) e recebe menos por mês de salário do que a maior parte dos jogadores do Sporting. Se, para os adeptos, Bruno de Carvalho pode até parecer um presidente "vencedor" ou "milionário", para os jogadores ele é um zé-ninguém. É injusto? Talvez, mas é a realidade com a qual BdC nunca soube lidar. Está à vista de todos. Quis dominar, torcer, castigar os jogadores, na esperança que isso os fizesse corresponder às expetativas dos adeptos Sportinguistas, que têm e sempre tiveram a ideia generalizada de que os jogadores do Sporting não correm tanto como os de Benfica e Porto, que têm menos "atitude" (e eu sou um desses adeptos), mas nunca conseguiu, em 5 anos de mandato, alterar essa "psique" colectiva dos jogadores, bem pelo contrário. Lembrei-me agora do episódio em Chaves, derrotas seguidas de discussões, com uma "entrevista" de Adrien e William na SportingTV, quais meninos mal comportados, a pedir desculpa por qualquer coisa que já não me lembro o que era. A cada episódio destes, BdC foi perdendo liderança.
É por estes sistemáticos erros de avaliação e gestão de "balneário" que BdC conseguiu chegar ao 3º ano de desilusões de JJ, com o treinador e jogadores a serem poupados e, inclusive, aplaudidos (!) e BdC percepcionado, pela comunicação social e por uma já vasta parte dos Sportinguistas como o grande culpado (que o é, embora de forma "indireta") do fracasso . Enquanto não perceber isto, e continuo a duvidar que terá mais oportunidades para o fazer, nunca conseguirá ganhar o respeito do "balneário", bem pelo contrário.