21 de dezembro de 2018

facebook

No primeiro terço do documentário, o principal protagonista do filme revela que a primeira coisa que faz quando se levanta é ir ao computador, nomeadamente ao Facebook, e verificar quantos novos followers tinha. "137,000 é excelente", dizia um optimista Pervez Musharraf, ex-presidente deposto e exilado do Paquistão, um país com 200 milhões de habitantes.



"A bandeira consiste de um campo verde escuro, representando a maioria muçulmana do país, com uma faixa branca no lado do haste, representando as minorias religiosas."



Pervez Musharraf vivia, até há alguns anos, exilado no Dubai, depois de ter sido deposto e expulso do Paquistão, carregando com ele a cruz e a infâmia de ser um ditador aos olhos da maior parte da população. Musharraf era um general do exército paquistanês quando, em 1999, liderou um golpe de estado e conquistou o poder, destronando o então primeiro-ministro Nawaz Sharif, alguém que estava manchado por acusações de corrupção e quem os habitantes paquistaneses viam com bons olhos a sua queda. O general foi visto com um salvador, um libertador e liberal que iria guiar o Paquistão rumo à democracia, crescimento económico e social, ao mesmo tempo que ia detendo e neutralizando grupos de extremistas religiosos. E assim foi. Nos primeiros anos da sua liderança, Musharraf foi elogiado por todos, tanto no Paquistão, como internacionalmente. O país cresceu, em todos os aspetos. Mas depois veio o 11 de Setembro e tudo mudou.

Para tentar não ser muito aborrecido, vou tentar abreviar. George Bush, na sua nova cruzada anti "Eixo do Mal", tentou que vários países árabes e asiáticos se juntassem aos Estados Unidos. Ficou célebre o "Ou estão connosco ou estão contra os terroristas". O Paquistão de Musharraf, após alguma hesitação, aceitou juntar-se aos USA no combate aos terroristas. A guerra contra os taliban, que povoaram o nosso léxico e imaginário no início dos anos 2000, lembram-se? Tantos drones foram enviados para matar meia dúzia de terroristas, ao mesmo tempo que dizimavam aldeias paquistanesas inteiras e respetivos habitantes, que a paciência esgotou-se. E o então "libertador" Musharraf passou a ser, para a maior parte dos paquistaneses, o "ditador" Musharraf, aliado ao inimigo americano e que vendeu o sangue do povo paquistanês. Musharraf usou da sua mão de ferro e tentou, a todos os custos, conter a rebelião que gritava a sua cabeça e sua queda. Finalmente, em 2008, após um processo de impeachment iniciado pelos partidos rivais, Musharraf aceitou demitir-se do Governo e em outubro desse ano deixou o país, exilando-se no estrangeiro durante os próximos tempos.

Foi no Dubai que o autor do documentário do programa, um xiita, uma minoria perseguida (e assassinada) pelos sunitas do Paquistão e confesso admirador de Musharraf, o encontrou no seu apartamento, em frente a um pc, a sonhar com o regresso ao poder no Paquistão.


O documentário prossegue, lembrando tudo o que se passou até então - não tem interesse agora estar a contar - para, no final, mostrar-nos que Musharraf, após decisões de tribunais num sentido e o seu contrário, pôde finalmente entrar livremente no Paquistão, disposto a concorrer nas eleições legislativas de 2013. O homem estava mesmo convencido que poderia ganhá-las, ou, pelo menos, assim o deu a entender. O tribunal, finalmente, decidiu que não podia concorrer e, sentenciando-o ainda devido a crimes cometidos na altura em que governava o Paquistão, decretou a sua prisão domiciliária.

A meio do documentário, Musharraf está num estúdio no Dubai para responder, em direto, a perguntas de paquistaneses. A primeira pergunta é "Sr. Musharraf, nos 10 anos que nos governou, trouxe-nos terrorismo e fez-nos escravos dos americanos. Porque deveríamos votar em si?"

Ninguém se lembra do bom trabalho de Musharraf antes do 11 de Setembro. Ninguém quer saber do crescimento que o Paquistão teve nesses anos. Aquilo que ficou na memória e para história foi o que aconteceu de 11 de setembro 2001 em diante. Apenas alguns, como a minoria xiita paquistanesa, que viveu bem e sem medo durante esses anos, é que ainda hoje (na altura) votariam em Musharraf. Era impossível voltar ao poder. E não voltou, claro.

Por curiosidade, quem venceu as eleições nesse ano foi, precisamente Nawaz Sharif, o homem que Musharraf tinha deposto em 1999. Em 2017 foi forçado a sair do Governo novamente, devido a acusações de corrupção. Em 2018, foi eleito como presidente do Paquistão um ex-jogador famoso de críquete, chamado Imran Khan, um galã com pouca experiência anterior na política e que trouxe com ele uma lufada de ar fresco e um discurso optimista aos paquistaneses, fartos de anos de guerra, corrupção e pobreza.








"Eu pensava que conseguiria mobilizar as pessoas, fazendo-as relembrar os velhos tempos. Não fui bem sucedido. Talvez tenha falhado como político. Mas sem arrependimentos. Estes são os altos e baixos do destino."

Pervez Musharraf, em 2013, na sua casa durante a prisão domiciliária, em conversa com o realizador do documentário.


 Ah! O documentário chama-se "Insha'Allah Democracy".

1 de dezembro de 2018

Theresienstadt

O jornal Correio da Manhã de hoje, mais uma vez, cavalgar nos pobres miseráveis que participaram no "ataque" a Alcochete, em maio passado. A RTP, o canal TV público português decidiu ontem transmitir excertos audio das declarações do ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, a um juiz. Relembro que os 30 e tal ditos cujos continuam, efetivamente, presos, numa prisão física, numa cela entre quatro paredes. Não roubaram dinheiro em benefício próprio, não assaltaram ninguém para lhes roubar algo, não agiram individualmente, não mataram ninguém - não, foram apanhados numa espiral de negativismo junto daquilo que o Sporting emanava desde há meses, anos, e deixaram-se enrolar, propositada ou inadvertidamente, não percebi ainda, numa ação que lhes assombrará a vida e, claro, a vida do clube. Sinto, deveras, pena daqueles pobres coitados, que sentiram tanto o clube ao ponto de deixar que a irracionalidade lhes toldasse o espírito. A paixão manifesta-se de diversas formas e, de um modo perverso, consigo ter compaixão com aqueles tipos que, após verem, mais uma vez, uma época desportiva terminar em desilusão, decidiram dar azo à sua frustração. São 16 ou 17 anos de frustrações, em que com o advento das redes sociais, triplicaram, quadruplicaram, metaquintatetraduplicaram, essa mesma frustração de ser o eterno perdedor, de ser o tipo que é constantemente alvo de piadas a meio da manhã, seja por parte do colega de trabalho, de carteira ou de cadeira de esplanada.

Aquilo que se passou em Alcochete prejudicou, sobretudo e talvez apenas, os Sportinguistas, o Sporting Clube de Portugal. Já bastava isso. A forma pornográfica e sanguinária como os media e a justiça portuguesa transformaram isto num crime de lesa-pátria deixa-me enojado.

Claro que aquilo que se passou em Alcochete foi muito mau, uma vergonha e que nunca deveria ter acontecido. Mas num mundo ideal, tais actos seriam apenas julgados por aqueles que sofreram com tais atos, os Sportinguistas. E, bem ou mal, já houve esse julgamento. Poucas semanas depois, foi decidida a destituição da antiga direção e procedeu-se à eleição de uma nova direção. Continuar a ver, dia após dia, escarrapachado nas tvs e jornais deste país, detalhes do tal dia fatídico, por parte de pessoas alheias ao Sporting, soa tão escabroso e humilhante como se os tribunais nazis julgassem o roubo de um pão em Theresienstadt. É isso que, acima de tudo, me revolta mais no meio disto tudo.

Já a frustração dos Sportinguistas, infelizmente, percebo-a. E aceito-a. Dezassete anos são muitos anos.


28 de novembro de 2018

José Marinho, diretor do site oficial do @SLBenfica e Nuno Farinha, colaborador do dep. de Informação do @SLBenfica, atacam @Cristiano [154 jogos pela Seleção] em direto na BTV, televisão oficial do @SLBenfica, e acusam-no de não ter "respeito" pela @selecaoportugal

José Marinho, diretor do site oficial do @SLBenfica e Nuno Farinha, colaborador do dep. de Informação do @SLBenfica, atacam @Cristiano [154 jogos pela Seleção] em direto na BTV, televisão oficial do @SLBenfica, e acusam-no de não ter "respeito" pela @selecaoportugal.



25 de novembro de 2018

Holanda

Desde que se confirmou o nome de Marcel Keizer como novo treinador do Sporting, pensei várias vezes em Co Adriaanse, treinador holandês que passou há uns anos pelo Porto. Se bem me lembro, esteve apenas uma época no Porto, onde foi campeão, metendo em prática um futebol ultra-ofensivo. Não me recordo agora dos nomes dos jogadores, mas lembro-me que ficou célebre o 3-4-3 ofensivo que implementou na equipa. Quando a equipa do Porto tinha a posse da bola, o "trinco" recuava para o centro defensivo do terreno, os centrais "abriam", funcionando quase como defesas laterais e os próprios laterais subiam no terreno, actuando como extremos. Se não era isto, era uma coisa parecida. Típico futebol total made in Holland. Também não me recordo como foi essa época, não me lembro bem se foi naquela época (com Paulo Bento no banco) em que estivemos na luta contra o Porto até à última jornada ou se foi outra mas o essencial lembro-me: o treinador holandês desconhecido que foi campeão no Porto a jogar um futebol ofensivo e bonito. Ah, lembrei-me agora que Co Adriaanse, apesar de desconhecido da maioria dos portugueses, já tinha sido campeão pelo AZ Alkmaar, creio. E agora que acabei de escrever a frase anterior, lembrei-me: teria sido ele o treinador do Alkmaar naquela época 2004/05, quando os eliminámos na meia-final da Taça UEFA? Podia ir à Wikipedia confirmar isto tudo mas não me apetece e não é relevante para aquilo que quero transmitir.


Adriaanse, o treinador do AZ Alkmaar na célebre meia-final contra o Sporting, na Taça UEFA 2005? Não me lembro bem, mas acho que sim



Lembrei-me de Co Adriaanse porque Marcel Keizer é, tal como ele, um treinador de futebol holandês, também desconhecido para a maioria dos portugueses e, mais importante, é um treinador que também que gosta de praticar um futebol ofensivo e de posse de bola. Ora, para quem, como eu, está habituado a ver passar pelo banco de suplentes do Sporting treinadores de calibre como Carlos Carvalhal, Paulo Sérgio, Domingos Paciência ou Peseiro, ver chegar um treinador do país de Cruyff, o inspirador de Pep Guardiola, é impossível não sentir um ligeiro entusiasmo. Melhor do que um treinador holandês para o Sporting, só mesmo um português "top" (Leonardo, Mourinho, até mesmo o adjunto de Mou...) ou italiano. Treinadores espanhóis, brasileiros, franceses ou alemães seriam comidos de cebolada pelos adversários e media nacionais. Treinadores ingleses de topo, hoje em dia, não existem.

É o Keizer e é o meu treinador. É desconcertante: num dos piores períodos do clube, por todos os motivos e mais alguns, numa altura em que menos sinto o clube, eis um treinador que me entusiasma. Oxalá que corra tudo bem e que, pelo menos, consiga aguentar até final da época, de modo a poder preparar devidamente a próxima. Só peço isso.


Lembrei-me de Adriaanse por outra razão, além da questão desportiva. Se bem me lembro, Adriaanse foi campeão no Porto e, por absurdo que possa parecer, lembro-me que Adriaanse demitiu-se imediatamente do Porto nesse ano. Inclusive, foi condenado a pagar uma indemnização ao Porto (sim, fui googlar).

O momento-chave dessa época e, creio, aquilo que fez Adriaanse pensar em sair do Porto no final da época, mesmo sendo campeão, foi o que se passou em janeiro desse ano. "Quando Co Adriaanse foi atacado com very-light", lê-se numa notícia do Record de 2015, a propósito dos protestos dos adeptos do Porto aos maus resultados da equipa treinada por Paulo Fonseca.

 Mas nas notícias publicadas no ano em que o incidente aconteceu (2006), antes do surgimento das redes sociais e, mais importante, da CMTV, os cabeçalhos informavam-nos de uma "arruaça".

ar·ru·a·ça 
(a- + rua + -aça)
substantivo feminino
1. Motim nas ruas. = ASSUADA, TUMULTO
2. Grande barulho ou confusão resultante de agitação de muitas pessoas. = BARULHEIRA

Não me recordo, nunca, de ter ouvido a palavra "terrorismo" ter sido mencionada nesta ocasião nem em outras semelhantes. Não quero entrar em grandes teorias, sobre o papel da Comunicação Social ou da Justiça portuguesa no rumo das coisas, mas apenas lembrar que há diferenças na forma como umas coisas ou pessoas são percepcionadas (pelas outras pessoas). É a vida. Uma coisa é ser Pinto da Costa, com o cadastro currículo de trinta anos, outro é ser Bruno de Carvalho, um perfeito desconhecido até há cinco anos e sem qualquer título ou dinheiro no bolso. O mesmo se aplica a Keizer. Neste momento, Keizer não é ninguém aos olhos dos portugueses, principalmente aos olhos dos media e jornaleiros portugueses. Será escrutinado nestes próximos 6 meses como nunca Rui Vitória foi nestes últimos 3 anos. Abre os olhos, Sporting.


20 de novembro de 2018

Uma é Procuradora da República, a outra é membro de uma claque de futebol.

Neste vídeo, conseguimos ouvir duas pessoas, uma completamente desrespeitosa a gritar, mal educada e quase ofensiva e a outra, a falar calmamente, ponderada e com educação. Uma é Procuradora da República, a outra é membro de uma claque de futebol.





18 de novembro de 2018

argumentos

Miguel Cal, administrador Sporting

Salgado Zenha, administrador Sporting

Expresso

SIC Notícias [Alcochete]

CM [Cashball]

14 de novembro de 2018

"terrorismo" #3

Cândida Vilar (procuradora), Henrique Machado (jornalista CM) e, à direita, Rui Pereira, jurista, ex-ministro da Administração Interna, porta-voz da Comissão de Honra da candidatura de Luís Filipe Vieira e atual comentador da CMTV

"terrorismo" #2

(14/11/2018)

Rui Pedro Braz, comentador TVI24:

"Como é que se explica que o Ministério Público avance para esta tipificação de acto de terrorismo na acusação?"


Alexandre Guerreiro, jurista, investigador e comentador TVI24:

"Eu tenho uma tese: é que isso surgiu por proposta de um professor também de Direito Penal e existem determinadas pessoas que têm um determinado grau de proximidade que, talvez, as leve a identificarem-se com esta tese desse professor de Direito Penal, que foi o que sugeriu o crime de terrorismo.

Pedro Sousa, comentador TVI24:

"Pode dizer o nome?"

AG:

"Posso dizer. É o professor Rui Pereira. É o professor Rui Pereira e basta, de facto, perceber quem é a procuradora do processo para nós percebermos que, de facto, existe uma certa ligação, pelo menos, a nível académico, intelectual... e que conseguimos perceber qual é que é a motivação. Foi a primeira pessoa a avançar que isto seria um acto de terrorismo e logo no dia a seguir..."

RPB:

"E a partir daí, fez escola."

AG:

"Fez escola. Exatamente."


"terrorismo" #1

(13/11/2018)

Isabel Horta, jornalista e Editora de Sociedade da SIC:

"Sei de arguidos que não falaram, não são da Juve Leo mas que foram convidados a participar e quem os convidou a participar também não é arguido. E se calhar nunca vai ser. Ou seja, quem os instigou a formarem aquele grupo e a juntarem-se, continua à vontade!"



4 de novembro de 2018

2+2=4

Na última (brilhante) crónica de Jorge Valdano no El País, sobre a demissão de Lopetegui do Real Madrid, a certa altura, diz ele sobre o ex-treinador do Porto "Lopetegui simulaba estar vivo". O mesmo se poderia dizer de Peseiro, a cada vez que o tínhamos de ouvir nas conf. imprensas pré-jogo ou nas flash-interviews pós-derrotas. José Peseiro simulava estar vivo, simulava continuar a ser treinador de futebol (do Sporting). Saltava à vista a inaptidão do coruchense para o trabalho, ponto. É um pena, José Peseiro pode muito bem ser um "bom chefe de família", como diria o treinador do Benfica, Rui Vitória, e uma pessoa "muito afável", como disse Sousa Cintra na altura em que o contratou, mas... não chega. Não chega para o Sporting como não chegou para o Braga, Guimarães e Porto. É a vida.

Se Varandas deveria o ter demitido assim que foi eleito presidente do Sporting? Sim, é uma dúvida legítima, talvez a única que pode e deve ser colocada neste momento. Agora, a decisão em si, de demissão de José Peseiro, é um acto legítimo e, para mim, como Sportinguista, mais importante que isso, é um acto corajoso. Seria, sem dúvida, muito mais fácil para Varandas continuar com José Peseiro, uma escolha extemporânea de Sousa Cintra e da Comissão de Gestão por si liderada, e como tal, ficar ilibado de quaisquer resultados negativos daí adjacentes no final da época... e também, como não, ficar meio esquecido de condecorações no final de época, caso surgissem resultados positivos (i.e., sermos campeões).

Varandas tomou uma decisão corajosa, indo contra a maior parte da opinião de jornaleiros e comentadores, quase todos favoráveis à ideia de que Peseiro estaria a fazer um "bom trabalho". Bom trabalho para quem, eis a questão? Se é verdade que estávamos a dois pontos no momento da sua saída, também verdade que, a cada jogo que passava, jogávamos pior (excetuando, é verdade, o jogo com o Boavista).

Varandas tomou uma decisão corajosa e quando começo a pensar na sua equipa dirigente, aquela que foi escolhida e eleita pelos Sportinguistas, vejo-me obrigado a dar o benefício da dúvida. Varandas tem na sua equipa dois ex-jogadores de Peseiro, Beto e Hugo Viana. Ora, eu não tomo Varandas como um ditador autista, bem pelo contrário, e não duvido que, antes de tomar a decisão de demitir Peseiro, auscultou atentamente, como um bom médico faria, os sinais exteriores que o doente emitiu, isto é, ouviu Beto e Hugo Viana, actuais dirigentes do Sporting de José Peseiro e ex-jogadores do tempo de José Peseiro. José Peseiro não é mais o treinador do Sporting. 2+2=4. Juntemos a isto os lenços brancos, o duplo-triplo-pivot e uma mão cheia de lesões musculares e temos Marcel Keizer como novo treinador do Sporting (aparentemente). Pioraremos doravante? Não creio.


A primeira imagem que encontrei depois de googlar "2+2=4 Marcel Keiser". Complicado, tal como o Sporting.

27 de outubro de 2018

poder

Há uns tempos comecei a ler literatura sobre os reis de Portugal - eu sei, eu sei - mas houve um deles que me fez sorrir várias vezes enquanto lia sobre sobre as suas (des)venturas: D. Miguel de Bragança.

Um tipo que chega ao poder aclamado pelo povo, governa durante uns anos e sai escorraçado a pontapé e pedradas, embrenhado numa funesta luta civil, com acusações de conspirações perpetradas pela Maçonaria? Faz-vos lembrar alguém?

Sim, é verdade que se tivéssemos de fazer uma adaptação literal da história de Portugal com a história do Sporting, teríamos de colocar D. Miguel como representante dos "croquettes" mas quando leio a sua história, concluo que ele era tudo menos menos isso. Criado e educado no Brasil quase até à adolescência, D. Miguel seria hoje considerado um "rebelde", pouco interessado em cumprir com o status quo. Seja como for, D. Miguel chegou ao poder, como rei de Portugal, apoiado pelo povo, pelo clero e pela maior parte da nobreza e foi por estes três poderes, mais o poder militar, que foi derrotado e escorraçado de Portugal, rumo ao exílio.



Confesso que não li a história toda, só li até à derrota de D. Miguel, assinada em Évora e à sua partida para Itália, desde Sines. Mas isso não importa para aquilo que quero escrever, a mensagem que quero deixar. Há vários testemunhos sobre o reinado de D. Miguel que se podiam ajustar à passagem de Bruno de Carvalho no Sporting, mas aquela que me marcou mais foi esta:




"Este cortejo de imprecações [verbo intransitivo 4. Rogar pragas] acorda-lhe-iam de certo as lembranças dos gritos de 28, quando em Belém desembarcar, - o rei chegou! Então houvera vivas, agora zumbiam as pedradas e clamores de morte [...]."




Bruno de Carvalho foi completamente derrotado pelos três, quatro ou cinco "poderes" (povo, nobreza, militar, política e mediática), não me importa, neste momento, debater se justa ou injustamente. É um facto, uma realidade, não há volta a dar. O que mais me importa é o Sporting Clube de Portugal, o nome do clube que respondia em criança quando alguém me perguntava "De que clube és?", não era o nome do presidente. O poder é efémero, o clube é eterno.

Como disse, não li o livro todo mas, daquilo que li, não vislumbrei nenhuma menção ou alusão sequer a que tenha havido algum português "miguelista", i.e., apoiante de D. Miguel, que tenha mudado de nacionalidade assim que D. Miguel foi derrotado e destituído do trono. Ninguém se tornou espanhol. Nem Portugal desapareceu do mapa. Se é verdade que nunca saberemos que o que poderia ter acontecido ao nosso país caso D. Miguel se tenha mantido no trono, também é verdade que, com tantos constrangimentos a apertar a malha de governação, internos [clero, nobreza, militar] ou externos [Inglaterra, França, etc], pouco diferente seria essa governação da que nos levou até aos dias de hoje. O que quero dizer é que, do que li e do pouco que tenho conhecimento, não me recordo de ter lido alguma vez qualquer relato de portugueses apoiantes que tenham abdicado da sua nacionalidade e pedido para se tornarem cidadãos de outros país. Seguramente terá havido, juntamente com o próprio D. Miguel, alguns exilados, mas o próprio D. Miguel nunca abdicou da sua nacionalidade nem sequer do seu direito ao trono. Ainda hoje há quem reivindique o direito dos descendentes de D. Miguel ao trono português.

Com BdC ou Varandas, continuo a ser Sportinguista, não vou mudar de clube ou deixar de pagar quotas (salvo qualquer catástrofe), pois isso é contra-natura, é ilógico, é prejudicar o Sporting.

Pronto, era isto. SL


8 de outubro de 2018

O próximo vai ser o Demiral

"Piccini chamado pela primeira vez à seleção de Itália"




O próximo vai ser o Demiral, aquele da nossa formação a quem o Sousa Cintra deu vendeu por 3,5M (só se os turcos forem muito parvos e não activarem a cláusula de preferência).



̶c̶h̶u̶l̶i̶s̶m̶o̶ cholismo

A principal questão que tem de ser esclarecida, neste momento particular do Sporting, é: qual é, afinal, o principal objetivo da equipa principal do Sporting para esta época? Ser campeão? Ficar em 2º (lugar de Champions)? Ficar em 3º/4º (lugar de Europa League)? Ficar em 3ª/4ª e ganhar uma das taças? É que, apenas quando se soubesse a resposta para esta questão é que os demais jornaleiros e comentadores poderiam aferir, justamente, se o trabalho do Peseiro à frente da equipa do Sporting tem sido bom, mau ou medíocre. Já os adeptos e sócios, esses, têm o direito de poderem dizer o que quiserem sobre aquilo que vêem em campo.

Por exemplo, o presidente que o contratou e que montou este plantel, Sousa Cintra, não teve pejo em dizer, várias vezes, que era para ser campeão. Quem vai buscar um jogador sérvio ao milionário campeonato chinês e um jogador italiano à Juventus, ainda que emprestados e um deles lesionado, é porque acredita no título. Quem abdica de jogadores jovens e da formação (Matheus, Geraldes, Demiral), em troca de jogadores consagrados (Gudelj, Sturaru ou mesmo Diaby), abdicou também de um projeto de futuro em troca da tão desejada consagração de campeão no final desta época. Foi isto que deduzi de tudo o que foi dito e feito durante a pré-época administrada por Sousa Cintra.





Há um mês, Frederico Varandas foi eleito o novo presidente do Sporting. Sinceramente, e não fui pesquisar se tal aconteceu ou não, não me lembro se ele deu alguma entrevista de "fundo" após a eleição. Estou-me a lembrar vagamente de umas palavras da Sporting TV, creio, mas não sei se a minha memória está certa ou não. Entrevista de "fundo", quase de certeza que não deu. Não sei se ele concorda com a perspectiva de Sousa Cintra, de que é para ser campeão já este ano. Mesmo que não seja de acordo ou principalmente por não estar de acordo, é que já deveria ter vindo a terreiro explicar isso. Quando perguntaram a Peseiro, há umas semanas, o que Varandas lhe tinha pedido para esta época, Peseiro foi mais ou menos evasivo mas ficou claro que Varandas não lhe exigiu o título (terá exigido "apenas" o 2º lugar? 3º/4º? Uma taça?).




Seja como for, seja estando o título definido com objetivo máximo para esta época ou "apenas" o 2º, 3º/4º lugar ou uma taça, a verdade é que a equipa do Sporting treinada por Peseiro não mostra qualidade palpável para tais objetivos e, pior, não se vislumbra que possa melhorar muito mais, seja pela fraca qualidade do plantel à disposição, seja pelos limitados atributos que a equipa técnica de Peseiro demonstra ter, tanto a nível técnico-táctico como a níveis humanos e pessoais.


Bruno Viana, Pablo Santos, Sequeira, Tiago Sá, Novais, Claudemir, Paulinho... sabem quem são estes ilustres desconhecidos? Fizeram parte do onze do Braga que, é verdade, empatou com o Rio Ave na passada jornada mas que estão 4 pontos à frente do Sporting de Coates, Acuña, Battaglia, Gudelj, Bruno Fernandes, Nani e Montero. O pior Sporting de sempre tinha obrigação de estar à frente de um Braga que, apesar de todas as loas tecidas, joga pouco mais do que este Sporting, que conta com um orçamento de 16 milhões de euros (Sporting tem 70M) e que, a juntar aos ilustres desconhecidos mencionados atrás, conta também com um trio de excomungados do Sporting e, pasme-se, é treinado por um ex-jogador e ex-treinador (despedido) da equipa B do Sporting. Se isto não é uma vergonha...

Por falar em vergonhas, ontem sofremos 4 golos do último classificado e a última vez que tínhamos sofrido 4 golos em jogos para o campeonato foi há 10 anos. 10 anos.

Portanto, chegados a este momento triste (mais um) da época do Sporting, convém saber, afinal, qual o principal objetivo da época. É que, mesmo que se aguente Peseiro até janeiro e se reforce a equipa, tal desiderato será, obviamente, mais uma vez, inútil porque este campeonato já está, infelizmente, decidido. O Benfica tem o melhor plantel em Portugal e será campeão facilmente, com uns 10 pontos de vantagem sobre o Porto. O máximo que poderemos ambicionar é lutar com o Porto pelo 2º lugar mas, se me perguntam a mim, direi que tal será bastante improvável e o mais certo é terminarmos a época a lutar com o Braga pelo 3º lugar. O mesmo Braga que não tem viagens a meio da semana à Ucrânia e que por isso pode jogar antecipada e descansadamente antes dos "grandes", obtendo nítidas vantagens devido à ausência da pressão inerente aos que jogam fora dos holofotes dos media.







Mesmo não sabendo qual o real objetivo para esta época, não tenho dúvidas de que o futuro de Peseiro no Sporting já é passado. Salvo qualquer milagre que nunca ocorreu no Sporting, que me lembre, nos últimos 30 anos, o destino de Peseiro será o despedimento, seja forçado ou por vontade própria, sob o movimento fatal de lenços brancos a serem acenados. É fatal como o destino. Espero que Frederico Varandas também já o tenha percebido e que esteja já a preparar o momento pós-Peseiro, idealmente com a dispensa de verdadeiros pesos-mortos no plantel, com ordem de regresso de alguns emprestados e com a assinatura de um treinador que revigore este plantel amorfo, banal e doente. Necessitamos de um "Simeone" que acorde estes jogadores para a vida e, se puder, que acorde também o próprio presidente. Precisamos de uma revolução dentro das quatro linhas.



25 de agosto de 2018

3

Não me importa discutir as razões ou os "porquês", apenas quero destacar que, entre os convocados para o derby da época 2015/2016 e o da época 2018/2019, ou seja, uns meros 3 anos de diferença, existem apenas três (3!) jogadores que coincidem em ambas as convocatórias: Jefferson, Montero e Matheus Pereira. E são 3 jogadores que, num momento ou noutro, estiveram fora de Alvalade e apenas regressaram esta época. E sim, poderíamos falar de Patrício, William ou Gelson, mas um (ou dois...)  destes 3 seria sempre vendido esta época.


Isto é a prova do falhanço absoluto do projeto desportivo - qualquer que ele seja - existente no Sporting.


2015/2016
2018/2019

23 de junho de 2018

título

Antes de mais nada, quero dizer que estou a escrever este post na noite de sexta feira, antes de saber o resultado da AG de amanhã. Vou escrevê-lo e agendar a sua publicação para algures amanhã [hoje, sábado].


Ganhei o bichinho de fazer vídeos sobre o Sporting, futebol português e jornalismo, sempre numa onda irónica, para demonstrar a merda que rodeia o desporto-rei em Portugal. Entretanto, surgiu Twitter, Facebook, escrevi no blog Cabelo do Aimar, criei este blog e no início da época BdC, atingi o pico da minha militância "virtual", criando bastantes vídeos, a gozar com Rui Pedro Braz ou Freitas Lobo. A desilusão da ausência de títulos e alterações na minha vida pessoal fez-me perder a "ilúsion", como diriam os espanhóis, e mantenho apenas este blog onde vou, esporadicamente, pensando em "voz alta" e a conta Twitter, onde sou mais activo, é verdade, ao ponto de ainda alguma gente pensar que sou "avençado" ou coisa que o valha, de BdC ou de esta direção. Não sou, nunca fui nem nunca recebi qualquer convite para tal. O único convite que tive desse género foi, ali no final da primeira época de JJ ou início da segunda, de um tipo que trabalhava na Sporting TV e me perguntou se estaria, eventualmente, interessado em participar num programa qualquer, daqueles de convidados e opinião. Agradeci o convite mas respondi negativamente.


Isto tudo para dizer que nada me prende a BdC, nem sequer uma selfie, excepto a minha crença na sua capacidade para revitalizar o Sporting. Ele conseguiu revitalizar o Sporting de uma forma vertiginosa, quase milagrosa. E se temos sido campeões na primeira época de JJ...

Tinha aquela esperança inicial - este tipo tem uma energia do caralho, vai mudar isto - mas nunca pensei que conseguisse mudar tanto em tão pouco tempo. Passámos de empatar em casa com o Guimarães 3-3, depois de estar a ganhar 3-0 com o gordo do Maniche em campo e num verdadeiro batatal, para estarmos meses sem sofrer golos em Alvalade, num relvado digno de Champions e, às vezes, contra mesmo equipa de Champions. Poderia agora enumerar tudo aquilo que de bom BdC trouxe ao Sporting (modalidades, aumento sócios, SportingTV, pavilhão, etc, etc) mas isso pouco importa, pois chegámos a um tal momento da vida do clube, com uma realidade completamente distorcida e que, lamentavelmente, quase que fez desaparecer da mente colectiva dos Sportinguistas essas coisas boas. Vivemos uma realidade, quase uma realidade paralela, em que parece que BdC foi eleito presidente do Sporting há apenas uns 3 meses e cometeu erros de tal forma graves, que a vontade de alguns tornou-se, com a ajuda dos media, quase como que um desígnio nacional, uma vontade única: demitir BdC, expulsá-lo, queimá-lo na fogueira. É uma coisa quase irracional.


E é por isso, por esta irracionalidade obsessiva que impera nos media, nos rivais, nos políticos e nos opositores de BdC que, mesmo que BdC não seja destituído na AG, ele já não tem condições para continuar como presidente do Sporting. Lamento muito dizê-lo. Custa-me dizê-lo. BdC criou uns anticorpos tais à sua pessoa que, mesmo continuando presidente do clube, continuará a ser olhado pelos tais media, rivais, dirigentes e próprios adeptos como aquilo que já o olham hoje: um pária. BdC poderá ainda manter respeito lá fora, no momento de transferências, reuniões, etc mas cá dentro? Cá dentro, exceto dentro do seu gabinete em Alvalade, ninguém já o respeita. Como poderá o Sporting ambicionar ser campeão assim? Todo aquele respeito que foi ganho no início - braços de ferro com Bruma, Doyen, arbitragem, vídeo-árbitro, etc - esfumou-se completamente nestas últimas semanas. Já estou a imaginar uma cena tipo peitada-Duarte-Gomes-ao-treinador-adjunto-do-Sporting nos próximos tempos. Os amarelos do Soares Dias ao guarda-redes do Sporting (Rui Patrício) por fazer retardar pontapé de baliza aos 30 minutos da primeira parte? Vão voltar. As expulsões à 3ª jornada de um novo qualquer jogador estrangeiro acabado de chegar ao Sporting (Rinaudo, 3ª jornada em Guimarães, Bruno Paixão)? Vão voltar. É isto que temo que se perdeu. O respeito. Fora e em breve, também dentro do campo.


Continuando BdC, só vejo uma única forma de se conseguir "algo" com isto tudo e que implicaria que a equipa, treinador e mesmo adeptos, conseguisessem transformar toda esta campanha mediática anti-BdC (e anti-Sporting...) dos últimos meses, estes especiais ininterruptos "Crise no Sporting" e eventuais idas de jogadores que rescindiram para o Benfica, numa força aglutinadora. Se conseguíssemos absorver toda esta (má) energia que rodeou o Sporting e transformá-la numa verdadeira vontade de ir à luta, de vencer o título de campeão para depois esfregá-lo nas trombas de jornalistas, rivais, ex-jogadores, Sindicato, FPF, Liga... se houvesse essa vontade única e genuína de jogadores, treinador e adeptos, diria, aí sim, acredito que poderíamos conseguir "algo" esta época, um pouco à base do que fez o Porto esta última época.

Invejei tanto aquela vontade explícita de serem campeões... tanto do treinador, dos jogadores, do diretor comunicação, dos adeptos... Ficou-me na retina um gif, que fartei-me de ver ser partilhado por adeptos portistas, do Brahimi, num jogo qualquer em que o Porto se sentiu prejudicado pela arbitragem e onde o argelina repete, várias vezes, na cara do Fábio Veríssimo, "Vamos ganhar! Vamos ganhar!". Porra, e o meu capitão tinha o Instagram carregado de fotos dos seus cães de estimação. :(







Mas esta vontade não é exclusiva dos jogadores. Outra que me ficou na memória foi quando o Porto veio a Lisboa jogar contra o Benfica, jogo decisivo do campeonato, e depois jogava contra o Sporting, dias depois, em jogo para a Taça de Portugal. Por decisão de alguém (treinador? Presidente? Dir. Desportivo?), o Porto decidiu ficar a estagiar durante essa semana em Lisboa. Acabou jogo na Luz e os jogadores continuaram enfiados num hotel, a mentalizarem-se e prepararem-se para o jogo de Alvalade. É verdade que ganhámos (só nos penalties e o Porto poupou alguns jogadores) mas aquela vontade de GANHAR estava ali, tão explícita como se tivesse surjido escrita numa tarja transportada por um avião no céu.



Sporting recebe Benfica, penúltima jornada decisiva. Empatámos, o que nos obrigou a ir ganhar à Madeira oito dias depois. Que fez o Sporting (JJ?)? Deu dois dias de folga aos jogadores e fez voar a equipa apenas no dia antes do jogo, ainda para mais, como disse JJ no final do jogo, já se fazia sentir algum calor na Madeira, um clima diferente que necessitava de ambientação. Esta falta de mentalidade vencedora, ganhadora, perturba-me. E, honestamente, tenho sérias dúvidas que ela surja assim de repente esta época, por muito que haja essa vontade intrísseca que ela apareça. Querer não é poder mas vai ser a única forma de BdC, caso não seja destituído hoje, conseguir permanecer no clube: quererem crerem muito!

Jornal "A BOLA" de 9 de maio. "O plantel do Sporting voltou ontem [terça, dia 8] ao trabalho..."
 O derby jogou-se na noite de sábado, dia 5. Dois dias de folga na semana mais importante da época. 



Se BdC for destituído e se, ainda por cima, surgirem dúvidas sobre a forma como decorreu a votação, não há dúvidas de que vão ser uns primeiros tempos pós-BdC revoltos e difíceis. Não consigo prever onde parará a revolta, se vai só até aos tribunais ou mesmo manifestações. Tudo dependerá... das contratações. Eis ao ponto inicial do meu texto: ao final do dia, eu sou do Sporting, não sou do BdC, do Sousa Cintra ou do Rui Patrício. Eu sou apenas do Leão, daquele símbolo mágico que me fartei de desenhar nas capas dos cadernos e livros da escola quando era puto. Mais nada. Ora, para apaziguar a revolta natural que surgirá entre os apoiantes mais fervorosos de BdC, só há uma solução, que é apelar ao puto que há dentro de cada um de nós e apresentar-lhe um ídolo, um ídolo de carne e osso, um "craque", um Jardel, um João Pinto. Ou mais. É essa a minha "esperança", que os Ricciardis e Sobrinhos que se sentarem no caldeirão da SAD, sintam que para acalmarem os Sportinguistas, tenham de alargar os cordões à bolsa e comprar uns quantos "craques" para a equipa de futebol. Não sou hipócrita: eu quero é ser campeão e se tiver de ser com um fundo qualquer milionário estrangeiro a comprar a SAD e torrar uns quantos milhões na equipa, que seja. Duvido que os adeptos do Paris Saint Germain ou Man City fiquem a pensar muito na origem do dinheiro quando vão bêbados comemorar mais um título para as ruas de Paris ou Manchester.




Infelizmente ou felizmente, não sei, sou um sócio que não vive em Lisboa, não me sinto tão "agarrado" aquela forma de viver o Sporting, indo ao estádio regularmente, pavilhão, aquela mini-cidade Sporting que tantas vezes vejo ser elogiado por Sportinguistas. Não vivi as vendas de património, não senti na pele a perda do pavilhão, não sei exatamente o que são VMOCs e ainda hoje me faz confusão haver um Sporting Clube de Portugal, SAD e outro Sporting Clube de Portugal, Clube. Embora, hoje em dia, esteja muito mais familiarizado com todos estes problemas que afetam o clube, nunca foi algo com que me preocupasse muito. Eu sei que é uma estupidez mas não vou mentir, o que me interessa é ser campeão, o que se passa no relvado. Há Sportinguistas muito mais capacitados do que eu para fazer defender os interesses do clube em relação a esses aspectos. Quero é ser campeão, seja com ou sem BdC.



Temos duas vias para isso: a via romântica, caso BdC se mantenha no clube, e temos a outra via, a burocrata e capitalista, caso BdC saia do clube mas também é verdade que se ganhássemos o título com BdC à frente do clube, teria um outro sabor...

A esta hora, os Sportinguistas já decidiram!

15 de junho de 2018

putos

Um dos maiores erros de BdC e da maioria dos presidentes que o antecederam foi o menosprezo que demonstraram sempre ter pelos putos vindos da formação. Há ali algo de pensamento 'colonialista' na forma como os presidentes sempre encararam os putos da formação na hora de (re)negociar contratos. Já tinha pensado nisto muito antes de ter acontecido o que aconteceu mas, infelizmente, nunca perdi algum tempo para o escrever.

É uma evidência. Os putos da formação têm de estar constantemente a provar que merecem receber mais do que aquilo que os presidentes estão dispostos a pagar. Há uma ideia generalizada de que, se se tiver de poupar em algo, poupa-se nos ordenados dos putos da formação. Por exemplo, não me recordo de uma notícia do género "Puto maravilha sobe aos séniores e será um dos mais bem pagos do plantel". Nunca. É sempre o contrário "Puto maravilha é dos mais mal pagos do plantel e só receberá Y se fizer X jogos ou Y golos". Aliás, até acredito que se tal acontecesse, que se o puto começasse logo a ser um dos mais bem pagos do plantel,  a grande maioria dos Sportinguistas olharia de lado para tal situação e questionaria imediatamente o porquê de se pagar tanto a um puto da formação. A tal mentalidade 'colonialista', que não é exclusiva dos presidentes. Os jogadores são nossos, fomos nós que os criámos, eles até deviam estar a pagar por poder jogar no Sporting!


Ora, é aqui que está o problema. Os putos (já) não se alimentam de aplausos e cânticos que lhe são dedicados. Os putos de hoje em dia, isto é, os nossos putos da formação, só se alimentam de likes em fotos tiradas ao volante da máquina ou da piscina na casa. Não pode ser coincidência que foi no seio da seleção, rodeado por "emigrantes" bem sucedidos em Espanha, Inglaterra, França ou China, onde recebem salários milionários, que tenha surgido esta rebelião protagonizada, precisamente, por 2 ex-putos da formação. Por exemplo, até há 2 meses, os jogadores mais bem pagos do plantel teriam de ser precisamente, Rui Patrício e William. E teriam-no de o ser, não à custa de duras e longas negociações, mas por exclusiva iniciativa do Sporting.

Daniele De Rossi, jogador com uns 15 anos de clube e atual capitão da Roma, era, em 2015, o jogador mais bem pago de Itália.

(Duas coisas: não sei quem são os jogadores mais bem pagos do plantel, creio que houve um "leak" qualquer há uns tempos que mostrava quem eram, mas creio não estar errado em dizer que, provavelmente, o Bas Dost será o jogador mais bem pago, talvez seguido de Rui Patrício. Mas Mathieu também deve ter recebido um prémio chorudo para assinar pelo Sporting... Bas Dost, dois anos de clube. Mathieu, um. Lembro-me, por exemplo, de ter saído cá para fora, há um ano e tal, o valor do salário (pornográfico) do Alan Ruiz, um estrangeiro dois anos mais novo do que o William (já então campeão europeu por Portugal) e que chegava aos treinos num Ferrari.)




estrangeiros rotulados de "craque", os ídolos dos presidentes...



Li que o Sporting tinha acionado, há duas semanas, em plena "guerra civil", uma cláusula qualquer no contrato do Gelson que permitiria-lhe receber mais uns milhares de euros por mês e aumentar, automaticamente, o valor da sua cláusula de rescisão. Porquê só agora? O Gelson tem sido, nestas duas últimas épocas, o único extremo real da equipa do Sporting. O único com "golo" (mesmo assim pouco, para aquilo que preconizo sempre para uma equipa do Sporting). É esta falta de proactividade em recompensar os putos da formação que, invariavelmente e há décadas (Futre...), leva o Sporting a perdê-los e em perpetuar esta eterna pergunta que ecoa nas bancadas de Alvalade: porque raio formamos bons jogadores e péssimos homens?


A minha resposta: como são putos vindos da formação, temos preconceito em pagar-lhes mais, pois achamos sempre que são "eles" quem devem estar gratos ao Sporting e não nós por eles terem escolhido o Sporting. Não somos campeões há 16 anos. Como querer impedir que estes putos de hoje em dia, embebidos no capitalismo desde o dia em que nasceram, não aceitem outros clubes, mais vencedores e que lhes pagam melhor? Só há uma resposta: pagar-lhes mais. Poupar nos estrangeiros e recompensar os putos.

Temo, no entanto, que com isto que se passou, a mentalidade predominante nos próximos tempos seja, precisamente, o inverso: castigar os putos da formação, expiar neles os "erros" cometidos pela geração antes da deles. Vai custar, claro que vai, mas acredito que nesta altura, o melhor que temos - adeptos e direção, seja ela qual for - a fazer, é demonstrar publicamente todo o nosso carinho pelos que cá ficaram. Nas bancadas e no cheque.



P.S. Não estou, com este texto, a validar ou dar "razão" ou o caralho, aos cabrões que se aproveitaram de uma forma imunda de um mau momento no clube e fugiram do clube rumo aos contratos milionários que lhes acenaram. Isso é outra coisa. Quis apenas encontrar uma razão "sociológica" ou explanar a minha opinião por que falhamos tanto na formação de "homens", entendido?

SL

12 de junho de 2018

James Dean

Defender BdC e o seu projecto faz-me lembrar uma aldeia localizada num pequeno vale ameaçado de submersão, devido ao anúncio de construção de uma barragem, projeto liderado por grandes multinacionais, de eletricidade, financeiras e de construção. Todos nós, ou quase todos, nos solidarizamos com aquela luta justa e leal, de uma aldeia que pretende sobreviver às condições impostas pela globalização e que pretende continuar a viver sem se subjugar a nada nem a ninguém, mantendo a sua independência e modo de vida. Da mesma forma que BdC pretendia que o Sporting vivesse sem ter de ceder as percentagens habituais a empresários ou a ter que dar o braço a torcer em reuniões da Liga, FPF ou outras negociações que implicassem exigências e... cedências.

Cedências. É isto que, visto de fora, mais me parece que BdC raramente ou quase nunca esteve disposto a fazer. Chegados a este ponto, com rescisões de jogadores em cima da mesa e com um futuro sombrio à nossa espera, pergunto-me, como foi possível chegar a isto? É evidente que, nesta vida de hoje, embrenhada em capitalismo, é impossível viver-se sem ter de se dar algo em troca. Ou corremos o risco de vermos a nossa casa submersa pelas águas retidas pela nova barragem sem ter uma casa alternativa para dormir ou dinheiro para construir outra. Esta luta de ideais que BdC iniciou contra empresários, clubes rivais, jornalistas ou arbitragem, é muito bonito até ao momento em que constatas que não tens casa para dormir, isto é, jogadores para construir uma equipa. Ao final do dia, custa admiti-lo, BdC foi derrotado (pelas evidências). Haveria muito para dissecar sobre as culpas dos outros, o papel dos media mas seria chover no molhado, pois há muito que eu sei - e BdC, mais do que ninguém, também o deveria saber! - que todos querem e gostam de ver o Sporting no chão, na lama. É por isso que me custa perceber como foi possível termos chegado a este ponto. Precisamente, por o Sporting ser o clube mais escrutinado e visado pelos media e rivais, que BdC tinha a obrigação de evitar qualquer deslize que pudesse ser aproveitado, à primeira oportunidade, para o derrubar. Empresários, rivais, jornalistas, comentadores, dirigentes, políticos, todos! Todos! Todos aproveitaram esta "tempestade perfeita". Tendo em conta os precedentes e generalizada antipatia granjeada nos primeiros anos de mandato, BdC tinha de ter percorrido os corredores desta época em bicos de pés, como se o chão fosse feito de cascas de ovo e com cuidado para não partir nenhum. Ao invés, o que tivemos foi um elefante chamado BdC a correr desenfreado numa loja de porcelana. Posts Facebook, declarações estapafúrdias, omissões, passividade, tudo aquilo que BdC (e o Sporting) não se podia dar ao luxo de fazer, fê-lo.

Muitas vezes me lembrei, nesta época, de uma cena que LFV disse num programa do Herman José, na SIC, creio que em 2005, após ter sido campeão. Às tantas, LFV confidencia que, numa operação Stop da polícia, temeu que o tivesse tramado, que tivessem colocado droga no carro e que levasse a polícia a prendê-lo e que, desde aí, tem estado sempre atento a este tipo de situações. A ideia com que fico de BdC e o seu mandato é que, à medida que os anos se passaram, mais desleixado BdC se tornou, o que é péssimo, para não dizer "suicida". BdC tinha de estar à espera de "armadilhas" todos os dias, a partir do momento em que acordasse até ao momento em que se deitasse na cama.

Para piorar, ainda mais, a situação, lembrar que estávamos a disputar uma época em que o Benfica, por força da falta de investimento financeiro na equipa (em janeiro, não fizeram uma única contratação) e do impacto que o caso dos "emails" estava a ter, estava mais enfraquecido como há muito não estava, desde que LFV se tornou presidente dos lampiões. É completamente absurdo como conseguimos ocupar o pódio mediático e ofuscar completamente o Benfica e a sucessão de casos que têm sofrido (Lex, toupeira, mails, saco azul, corrupção jogadores). Absurdo!! E numa época espetacular a nível de modalidades, onde fomos campeões em andebol, hóquei e voleibol!!! De 170 mil sócios, da melhor época de assistências em Alvalade... Meu Deus. Se isto não é um fracasso...


Se isto fosse um jogo de futebol, diria que estamos a perder 4-0, aos 80m de jogo e a jogar com menos 4 jogadores. Mais um jogador expulso e acaba-se o jogo. Seria preciso um milagre daqueles, como eu nunca vi antes no futebol, para que BdC conseguisse aguentar-se e ganhar o jogo 5-4 (ou, pelo menos, empatar) nos últimos 10m de jogo. Impossível.


E é com este sentimento de impotência e tristeza, por mim, pelos meus, por BdC, pelos Sportinguistas e até pelos tipos da Juve Leo que decidiram ir bater nos jogadores à Academia (é preciso estar a sentir muita angústia para decidir participar num acto daqueles e isso, sentir que tamanha angústia desceu à 'psique' dos adeptos, entristece-me), que digo que estou farto do futebol português e, por inerência, do Sporting. Esta "derrota" vai-me abalar muito mais do que os 6-3 de 1994 (era puto, chorei nesse dia, única vez que chorei por causa de um jogo de futebol) ou os 12-1 do Bayern. Isto é outra coisa, mais traumatizante.

A derrota de BdC será a derrota de um ideal, de um Sporting rejuvenescido, que tinha quase morrido em 2013 e que renasceu por si só, apenas com a ajuda dos Sportinguistas, e que se despistou e espetou de forma espetacular contra um poste em 2018, qual James Dean. Surreal.




29 de maio de 2018

Oh, the Sporting irony

Uma das poucas coisas que me fazem sorrir no meio desta "crise" do Sporting, é observar a ignorância de grande parte dos Sportinguistas, aqueles que sentem "vergonha" e sentem falta do "glamour" de outrora.

Meus amigos, o Sporting nasceu a brigar, no meio de demissões e discussões.




in "Sporting Clube de Portugal, Uma História Diferente, de Marina Tavares Dias"

22 de maio de 2018

bolso

Um presidente de um clube só tem 'moral' para fazer frente a um jogador se tiver uma de duas coisas no bolso: dinheiro ou títulos. Seria relativamente fácil encontrar vários exemplos públicos de relações tensas entre presidentes de clubes e jogadores, principalmente após derrotas ou acusações de falta de empenho... Desde cortar no salário, críticas públicas, castigos, tudo isto já aconteceu antes no futebol, nacional e internacional. Porém, uma coisa é o presidente do Porto descer ao balneário e dizer que para a semana não há folgas, nem o tal prémio que tinha sido combinado no princípio da época, ou o presidente do Nápoles, ficar fodido após uma derrota no domingo e ordenar que a equipa fique "in ritiro" até final da época, isto é, um castigo aos jogadores equivalente a obrigar o filho ficar o fim de semana enfiado no quarto depois de mau resultado no teste de português. Pinto da Costa pode fazê-lo porque tem Taças dos Campeões Europeus, Taças UEFA e campeonatos no "bolso" e Aurelio De Laurentiis pode fazê-lo porque é um produtor de cinema milionário. Bruno de Carvalho não tem nada.

Tem uma mísera Taça de Portugal (para mim, a Taça Lucílio não conta para nada) e recebe menos por mês de salário do que a maior parte dos jogadores do Sporting. Se, para os adeptos, Bruno de Carvalho pode até parecer um presidente "vencedor" ou "milionário", para os jogadores ele é um zé-ninguém. É injusto? Talvez, mas é a realidade com a qual BdC nunca soube lidar. Está à vista de todos. Quis dominar, torcer, castigar os jogadores, na esperança que isso os fizesse corresponder às expetativas dos adeptos Sportinguistas, que têm e sempre tiveram a ideia generalizada de que os jogadores do Sporting não correm tanto como os de Benfica e Porto, que têm menos "atitude" (e eu sou um desses adeptos), mas nunca conseguiu, em 5 anos de mandato, alterar essa "psique" colectiva dos jogadores, bem pelo contrário. Lembrei-me agora do episódio em Chaves, derrotas seguidas de discussões, com uma "entrevista" de Adrien e William na SportingTV, quais meninos mal comportados, a pedir desculpa por qualquer coisa que já não me lembro o que era. A cada episódio destes, BdC foi perdendo liderança.

É por estes sistemáticos erros de avaliação e gestão de "balneário" que BdC conseguiu chegar ao 3º ano de desilusões de JJ, com o treinador e jogadores a serem poupados e, inclusive, aplaudidos (!) e BdC percepcionado, pela comunicação social e por uma já vasta parte dos Sportinguistas como o grande culpado (que o é, embora de forma "indireta") do fracasso . Enquanto não perceber isto, e continuo a duvidar que terá mais oportunidades para o fazer, nunca conseguirá ganhar o respeito do "balneário", bem pelo contrário.

19 de maio de 2018

Uma merda

O meu cérebro manda dizer "Bruno, já acabou. Por favor, sai do Sporting. Deixa-nos, finalmente, ter paz. Termina esta agonia, demitindo-te. Não há hipótese. Foste derrotado, eles ganharam. Obrigado por tudo mas está na hora de saíres. Bruno, já acabou."

O meu coração grita "Aguenta, Bruno! Mostra a esses filhos da puta toda a nossa fúria! Aguenta, Bruno! Firme! Não lhes dês esse prazer! Este país de merda, de lampiões em todo o lado - jornalistas, políticos, polícia - a salivarem com a nossa queda! Aguenta, Bruno! Mostra-nos que tudo isto é mentira e que o que querem é foder-nos! Aguenta, Bruno!"



É isto. Uma merda.

25 de abril de 2018

guerra

Sempre ouvi falar sobre a "Grande Depressão de 1929" e sabia apenas o que, creio, a maior parte de nós sabe: um dia, vá se lá saber porquê, a Bolsa de Nova Iorque começou a cair e caiu, caiu, caiu tanto que arrastou a economia norte-americana e mundial numa espiral negativa de falência, desemprego e que deixou milhões de pessoas na miséria total. Era, mais ou menos, isto que eu sabia. Há um par de semanas, por altura da mais recente "crise" no Sporting, vi no melhor sítio da net para sacar documentários (BBC, Arte, ZED, etc) um título que me chamou a atenção e saquei-o. E vi-o. "1929.Series.1.1of2.The.Crash", um documentário dividido em duas partes.



Nos anos 20, com a produção industrial idealizada por Henry Ford, a classe média norte-americana, bem antes da europeia, podia ter acesso a produtos que hoje nos são banais: automóveis, eletrodomésticos, etc. Na primeira parte do documentário, é explicado como era, então, fácil "investir" na bolsa. Qualquer dona de casa podia fazê-lo. O crédito providenciado pelos bancos para se poder investir era rápido e fácil de se adquirir. Com 10 dólares, podia-se pedir emprestado 90 e investir 100. Easy peachy. "100 milhões"*.

O presidente dos Estados Unidos de então era Herbert Hoover, republicano, apoiado pelos banqueiros e empresários foi eleito com o slogan "Prosperidade está mesmo ao virar da esquina". Era tempo de dizer ao mercado para se parar com com a loucura especulativa da bolsa e por um fim ao investimento louco e irracional, porém, Hoover não o fez, o que conduziu, irremediavelmente, à "terça feira negra" de outubro de 1929.

O que se passou depois, toda a gente, mais ou menos, sabe. A Bolsa de Nova Iorque colapsou, os preços baixaram drasticamente, muita gente perdeu dinheiro, ações e, sobretudo, o emprego. São infames as histórias dos suicídios em massa, atirando-se de prédios, de gente que perdeu dinheiro nesses dias. A "Grande Depressão" teve consequências devastadoras, em todo o mundo, sobretudo na Europa (Alemanha) e em 1932, apesar dos esforços de Hoover, este foi derrotado nas eleições americanas pelo democrata Franklin Roosevelt. Nos anos seguintes, fortemente apoiado por aqueles que mais sentiram na pele os efeitos da "Grande Depressão", os desempregados, Roosevelt implementou um plano nacional de desenvolvimento da economia, o "New Deal", em que grandes projetos nacionais (barragens, estradas, edifícios públicos, etc) foram projetados, de forma a providenciar trabalho aos milhões de desempregados que havia na altura. Roosevelt devolveu o ânimo aos norte-americanos, especialmente os de classe média e baixa e, sobretudo, a esperança de um futuro melhor. Mas o caminho era difícil. A meio do projecto "New Deal", por os resultados ainda não serem totalmente positivos, algumas dúvidas e críticas começaram a surgir, primeiro lançadas pelos banqueiros e empresários, para serem prontamente seguidas pela classe trabalhadora. Ou vice-versa. Houve greves, tumultos e até mesmo cenas de violência entre trabalhadores e o "Estado" (polícia). Por esta altura, Roosevelt foi completamente atacado, por ambos os lados, banqueiros e trabalhadores.



Steve Fraser, historiador.


"Os líderes políticos do país de ambos os partidos, Republicano e Democrata, estavam receosos quando viram a agitação que havia no país. E quando notaram que um terço da mão de obra estava desempregada. E quando viram as greves e tumultos que aconteciam. As corporações ricas estavam contra Roosevelt. Estavam com dúvidas de que o sistem capitalista sobreviveria. E os grupos financeiros e empresarial começaram a ser muito hostis. Trataram-no nas formas mais horrendas possíveis. Chamaram-lhe deficiente, um Judeu, comunista, homossexual. Chamaram-lhe de tudo."




Para cut a long story short, como dizem os anglo-saxónicos, a coisa estava preta para o Roosevelt. Dificilmente escaparia à rejeição do povo americano. (In)Felizmente, aconteceu aquilo que ninguém no mundo desejaria mas que lhe acabou por salvar a pele e o lugar: a 2ª Guerra Mundial. Com a iminente entrada dos Estados Unidos na frente de guerra, Roosevelt mobilizou todo um país no esforço de guerra, dando trabalho a todos, homens e mulheres, nas fábricas de armamento. A produção e economia nacional começou a crescer e o desemprego (e miséria) a diminuir. Um mindfuck à americana. O resto é história: com o final da guerra, consequente vitória dos Aliados e uma economia próspera em solo natal, Roosevelt conseguiu imortalizar o seu nome junto dos maiores da História, eternamente lembrado como um dos melhores presidentes dos Estado Unidos da América.

BdC precisa urgentemente de uma "guerra" mas duvido que seja contra os jogadores que o fará ganhar um lugar na História (dos vitoriosos).

1 de abril de 2018

kaput(a)

Sobre o jogo:

Fizemos dos melhores primeiros 20 minutos desde há muito tempo, porém, como sempre, faltou o golo. É o paradoxo deste Sporting atual de JJ. Tudo está programado para não sofrermos golo e marcarmos o tal golinho da ordem que nos dará a vitória... O problema é quando não marcamos e quando, ainda por cima, marcam os outros primeiro... acabou-se. Kaput(a).


Não há (bolas para o) Bas Dost, não há golo. É patético ver uma equipa top tão refém de um sistema, táctica, como queiram chamar. O lance do Bas Dost é duvidoso mas não é escandaloso, aceito a decisão de não se marcar penalty. Quanto ao golo anulado, parece haver um toque no joelho de Gelson mas também digo que, se tem sido ao contrário, ficaria fodido se me têm anulado o golo... Mesmo depois daquela injeção de moral, de ter caído no precipício e ter acordado do pesadelo a meio da queda, não se vislumbrou na equipa do Sporting qualquer vontade de contrariar o destino. O golo do Braga iria aparecer a qualquer momento e apareceu. Claro que qualquer lance na segunda parte mais duvidoso iria cair para o lado do Braga, claro que sim. É a segunda regra não-escrita mais famosa das leis do jogo, a lei da compensação. Tínhamos de entrar na segunda parte com a faca nos dentes e correr direito ao inimigo. Jogava-se ali o campeonato, alguém tinha dúvidas? E o que eu vi foi um patético jogo, amorfo, lento, nojento por vezes. Ao tempo que digo isto e volto a dizer: para ganhar jogos (e campeonatos) na #LigaMickeyMouse não basta jogar melhor, temos de ter mais vontade do que os outros. E nós não temos essa vontade, essas ganas de matar, de lutar, de morrer em campo. Digam-me o último jogador do Sporting a sair do campo com a cabeça em sangue. Não existe esse espírito no Sporting. Pelo menos, dentro da equipa profissional de futebol masculino, isto é, não me refiro ao Facebook. Não existe. Quando o jogador mais inconformado da equipa é um tipo que está há 8 meses no Sporting, emprestado pelo Real Madrid e com passagem pelo Benfica... A tranquilidade de Alcochete roubou testosterona ao Sporting.



Odeio o Chiellini mas adorava tê-lo na minha equipa. ;(


Lembrei-me agora do bate-boca durante a semana entre Sporting e Braga, entre BdC e Salvador. Surreal. Vamos acabar a época a lutar com o Braga e com sérias possibilidades de terminar a época em quarto lugar. À medida que JJ tem mais poderes de decisão na equipa e no plantel, parece que pior estamos. Lembro-me da primeira época de JJ, a melhor dele. Como é possível estarmos em março, com dezenas de contratações, milhões gastos e termos um plantel/equipa completamente fatigada, remendada, podre? Vou deixar aqui o que escrevi em dezembro passado, após o jogo com o Braga em Alvalade. Continua actual:




JJ monta bem o onze inicial, sem dúvida, é dos melhores a fazê-lo mas... há muito a fazer (ainda) no Sporting em termos de prospeção e formação. Por cada bom jogador contratado, vêm dois ou três que são uma merda. JJ parece obsoleto, "seco", sem estamina. Normalmente, quando um treinador deste gabarito atinge a idade de JJ, é para relaxar, para ir para um campeonato milionário (China, Turquia, Arábia) ou para um seleção. Não vejo "fome" de títulos em JJ. E se terminarmos a época em 3º ou em 4º, como parece que vai acontecer, vamos entrar numa espiral que pode ser muito negativa. Sem dinheiro da Champions, com "craques" pagos a peso de ouro ainda com contrato, cheira-me que a Sra. Austeridade estará de volta ao Sporting... e, desta vez, sem a qualidade das "jóias" como tínhamos há uns anos, como Dier, João Mário, Cédric, William, etc. Puta que pariu esta merda.


(a única salvação é mesmo a utópica Liga Europa. Vencendo um título europeu, acedendo diretamente à Liga dos Campeões na próxima época e tudo seria completamente diferente... Ou quase tudo.)

13 de março de 2018

wet, windy night in Chaves

A meio da primeira parte, reparei que estávamos a jogar com um onze que consistia em ex-jogadores dos seguintes clubes: Portimonense, Braga, Vancouver Whitecaps, Rijeka e Rio Ave. Tínhamos ainda o Bryan Ruiz. Se retirássemos as camisolas listadas verde e brancas e colocássemos umas outras quaisquer nos nossos jogadores, poderíamos muito bem pensar que estaríamos a assistir a um jogo de uma eliminatória da extinta Taça Intertoto, em vez de um outro Chaves-Sporting disputado em pleno inverno. Mais um.

Começamos o jogo como normalmente temos começado os jogos esta época: devagar e devagarinho, a ver o que 'isto' vai dar. Ainda antes da única real oportunidade de golo, em que os jogadores do Sporting se esforçaram para oferecer a hipótese de rematar à baliza ao pior jogador que o faz lá na frente, o Gelson, já o Chaves tinha tido uma ou duas chances de golo, uma das quais superiormente defendida por Rui Patrício, que, afinal, ainda lhe falta uns quantos jogos para se tornar o jogador do Sporting com mais jogos oficiais disputados. Dica: porque raio o Sporting não faz uma parceria com a competentíssima WikiSporting e começam a trabalhar em conjunto?

Começou a segunda parte e não levou muito tempo até JJ perceber que a única maneira de alguém conseguir meter a bola dentro da baliza seria colocar em campo o homem que o faz de forma quase tão natural como respirar, o mortal Bas Dost. Dez minutos após ter entrado, culminando uma jogada iniciada com um passe longo e brilhante de Coates para Ruben Ribeiro, oeste fez aquilo que costumámos vê-lo fazer no Rio Ave, quando, com uma técnica sedosa, contornou o adversário e centrou uma bola teleguiada para a cabeça do holandês voador, que no meio de três jogadores do Chaves, guarda-redes incluído, conseguiu chegar mais alto que eles todos e enfiar a bola dentro da baliza. O Chaves sentiu o golo e, nos três, quatro minutos seguintes, podíamos ter matado o jogo com oportunidades seguidas de Bryan Ruiz (3 remates falhados em 3 segundos), Battaglia e, finalmente, Coates, numa cabeçada a sair a rasar a barra.


Pai Dost



'Matar' o jogo logo aos 60 e tal minutos? Isso seria demasiado fácil para o Sporting. Claro que tínhamos de sofrer, pelo menos, até aos 86 minutos, quando o 'Manel' Battaglia, do alto do seu posto de lateral direito, rouba a bola perto da área do Chaves e a endossa para o matador Dost, que faz um passe para a baliza e colocando um ponto final na aventura em Chaves... ou ainda não? Claro que não. O inevitável golo adversário no final do jogo tinha de acontecer, pois claro. E claro que, para mim, o maior culpado do golo não foi o árbitro, que assinalou o penalty, nem Coates que o cometeu. O maior culpado foi mesmo Gelson que deixou o tipo do Chaves ir com a bola para o interior, direito à nossa área, sem que tivesse sequer tentado fazer uma útil falta junto à linha lateral, evitando assim o amarelo, mesmo que tal não fosse estritamente necessário, pois Gelson ainda não tinha visto nenhum. E claro que tínhamos de sofrer mesmo até ao apito final, para podermos depois comemorar uma saborosa vitória que nos valeu três pontos numa noite "fria e ventosa" de inverno...

Paços e Chaves, o Stoke City da #LigaMickeyMouse. Sporting e Man. City sobreviveram, o Porto, não.