No documentário “Is the Man Who Is Tall Happy?”, Noam
Chomsky, reconhecido filósofo dos nossos tempos e reputado professor de Linguística, às
tantas, no meio da conversa com o autor do filme, para ilustrar melhor a sua ideia
sobre diferenças entre percepção, realidade e noção de “continuidade” e merdas
do tipo, utiliza um exemplo simples mas interessante:
Plantamos uma árvore, ela cresce, e a dada altura cortamos
um ramo e plantamos esse mesmo ramo. Imaginemos que esse ramo cresce até se tornar numa outra árvore, idêntica à original. Imaginemos depois que cortamos e deitamos abaixo a árvore original. Ambas têm as mesmas propriedades genéticas mas sabemos que não se trata da mesma
árvore, de per si.
Se chegasse alguém de fora e apenas visse a nova árvore,
diria que aquela é a árvore genuína mas nós, que vimos a árvore original ser
cortada, sabemos que isso não é verdade.
Olha a árvore do Godinho a ser mandada abaixo. |
Qualquer alienígena que tivesse chegado a Portugal na terça-feira e visto o derby e lhe perguntassem depois do jogo, quantos Sporting’s existem, ele responderia certamente apenas “um”,
o Sporting que ele viu ser atropelado na Luz. Ele não conhece nenhum outro.
Chomsky terminou o exemplo da árvore dizendo que, quando a árvore é cortada,
existe uma "continuidade abstracta" e que é apenas perceptível a quem viu a árvore ser cortada e a nova a ser plantada. Nós assistimos ao derrube da “árvore” de Godinho Lopes e
plantámos o ramo do qual nasceu este novo Sporting de BdC, Jardim e William
Carvalho.
O Sporting de hoje (ainda) é muito mais do que os noventa minutos que
durou o jogo de terça-feira, não nos esqueçamos disso.
Sem comentários:
Enviar um comentário