Este "piscinero" tinha lugar na equipa do Benfica. |
Imagine-se o vigarista: prestes a atravessar a estrada,
utilizando a passadeira para peões, espera que um automóvel abrande e trave
para o deixar passar. Assim que caminha em frente do automóvel, manda um salto
para cima do capot e deixa-se cair no chão, fingindo ser atropelado. Grita e esbraceja, de modo aque o polícia que se encontra no outro lado da estrada repare nele e vá em seu auxílio. Ouvido o “atropelado”, ergue-se imediatamente um julgamento sumário. Ouvem-se as testemunhas
que viram a cena, que repetem durante o julgamento que foi o peão que se atirou
para cima do automóvel e que a culpa de o condutor ter sido multado foi do
polícia que o multou. No final do julgamento sumário, o condutor é punido com multa,
inibição de conduzir nos próximos tempos e ainda vê a sua seguradora ser
obrigada a indemnizar o peão “atropelado”. As testemunhas repetem que a culpa é
toda do polícia, que ele viu mal a cena e nem uma palavra de reprovação dedicam
ao peão que o enganou.
No final do julgamento, à porta do tribunal, o jornalista de
serviço ouve primeiro o peão “enganador” e, pasme-se, a primeira pergunta que
faz é sobre a forma como se tinha esquivado, desta vez sim, a um atropelamento
eminente, quando saltou por cima da parte da frente de um automóvel quando atravessava
a estrada momentos antes de o automóvel o tocar. Ouvem-se mais uns elogios do
jornalista ao peão e sobre a situação que o levou a ser indemnizado com base
numa mentira, nem uma palavra. Zero. Ouve-se ainda o pai do automobilista multado
e este, tal como as testemunhas, dirige toda a sua ira em direção ao polícia
que foi enganado e nem uma palavra de reprovação ao peão que tramou o filho.
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Imagine-se o "piscinero": prestes a atravessar a grande-área,
utilizando o espaço livre deixado pela defesa do Braga, espera que adversário
abrande e trave para o deixar passar. Assim que caminha em frente do jogador do
Braga, espera que ele se aproxime e deixa-se cair no relvado, fingindo ser tocado.
Levanta os braços, olha para o árbitro, grita que foi rasteirado e dentro de segundos,
aparece o árbitro do jogo. Ouvido o “rasteirado”, apita imediatamente para a marca de grande penalidade. Ouvem-se os comentadores da TVI, que repetem durante o o jogo que foi o jogador do Rio Ave que se atirou para
o chão e que a culpa de o jogador do Braga ter sido expulso foi do árbitro que
o castigou. Após a decisão de marcar grande penalidade, o jogador do Braga é
expulso, ficará impedido de disputar o próximo jogo e ainda vê a equipa
adversária beneficiar de uma grande penalidade. Os comentadores da TVI repetem
que a culpa é do árbitro, que ele foi enganado e nem uma palavra de
reprovação dedicam ao jogador do Rio Ave que o enganou.
No final do jogo, à entrada do túnel, o jornalista da TVI
ouve primeiro o jogador do Rio Ave “piscinero” e, pasme-se, a primeira pergunta
que faz é sobre a forma como tinha marcado o segundo golo ao Braga, desta vez
sim, um golo limpo, sem nada a apontar a não ser a forma exímia como conseguiu
colocar a bola dentro da baliza e fora do alcance do guarda-redes do Braga. Ouvem-se
mais uns elogios do jornalista ao “piscineiro” e sobre a situação que o levou a
ser beneficiado com um penalty inexistente, nem uma palavra. Zero. Ouve-se
ainda o treinador do jogador do Braga expulso e este, tal como os jornalistas,
dirige toda a sua ira em direção ao árbitro que foi enganado e nem uma palavra
de reprovação ao jogador que tramou a sua equipa.
É isto o futebol português.
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