Lembro-me de, nas (pré) épocas de Soares Franco, Bettencourt e
Godinho, ouvir o discurso "oficial", tanto dos próprios presidentes como também dos jogadores,
treinadores e papagaios (Carlos Barbosa!), em que um optimismo falso e
exacerbado tentava-nos convencer e iludir-nos que, basicamente, tínhamos uma
equipa do caralho e que íamos ganhar tudo. Os jogos em campo tratavam (sempre)
de os desmentir.
Esta época, sinto o contrário. O discurso de BdC, Jardim e
jogadores (não escrevo papagaios, porque, sinceramente, ninguém liga ao Marta
Soares) não tenta iludir nem nos fazer crer que temos uma equipa do caralho.
Mas estas exibições estão a desmenti-los, jogo após jogo.
É verdade, estou entusiasmado!
Sinto que estamos a caminho de ter, não uma grande equipa,
mas uma verdadeira equipa. E que desde os tempos de Paulo Bento que não via
isso. Sim, achava a equipa de Paulo Bento, vá lá, “suficiente mais” apenas, mas era
uma verdadeira equipa. Notava-se isso em campo. E vejo isso com Jardim. É, como
disse há uns dias, uma versão 2.0 da equipa de Paulo Bento, com mais qualidade
e mais técnica e um pouco mais rápida.
Não percebo nada de basculações, linhas interiores,
transições e essas merdas mas consigo ver que há ali uma ideia, um objectivo
comum entre os jogadores. Não os vejo “perdidos” e desesperados, como me habituei a ver nos
últimos tempos. E, até ver, não fico desesperado ao vê-os "perdidos"...
Uma palavra para os brasileiros recém-chegados à equipa. Muitos
Sportinguistas olham para os brasileiros como árvores mas não conseguem (ou não
querem…) vislumbrar a floresta. A nossa “cantera”.
A bicicleta do papá Jardim |
Ao contrário de Montero, que considero um verdadeiro
reforço, os brasileiros fazem-me lembrar aquelas rodinhas que os papás metem na
bicicleta do filho quando este está a aprender a pedalar. Os brasileiros são as
rodinhas, preparadas para aguentar a “porrada” que aí vem quando jogarmos na
Choupana, Mata Real, Barcelos, etc, e preparadas para aguentar a “porrada” que
há-de vir da bancada central quando algum jogo correr menos bem em Alvalade. Ao
mesmo tempo, renova-se com Betinho, Chaby, Ponde, Wilson Eduardo, Esgaio, Mica
e João Mário, o que prova que a intenção da direção (do papá) é dar confiança aos putos
da Academia e apetrechar a “bicicleta” para que, daqui a uns 2/3 anos, já
consigam pedalar sozinhos e sem as “rodinhas” brasileiras.
Anseio pelo dia que os putos comecem a andar de mota...
Anseio pelo dia que os putos comecem a andar de mota...
Há uma regra moral nos intelectuais que habitam nas nossas
tv’s, jornais e restantes meios de comunicação que dita que, jamais se poderá usar o
exemplo de Hitler ou do nazismo para argumentar e usá-lo como metáfora em
discussões, qualquer que seja o assunto (excepto sobre a própria 2ª Guerra Mundial e/ou o Holocausto). Ora, eu não sou intelectual, por isso
vou usar aqui o nazismo para comparar a situação que vivem os adeptos do Porto.
No final da 2ª Guerra Mundial, quando os americanos
libertaram os prisioneiros que ainda restavam vivos nos infames campos de concentração
alemães e se depararam com o horror da morte, espelhada pelos milhares de
corpos em decomposição, os aliados obrigaram as populações civis das vilas alemãs em
redor dos ditos campos a visitá-los, para que vissem com os próprios olhos aquilo
que se negaram ver e assumir que existia durante os anos que durou III Reich.
Quando um gajo lê os testemunhos dos pobres coitados adeptos
galegos do Celta de Vigo que tiveram a triste ideia de ir ver um jogo amigável
ao Dragão em plena época de veraneio, começo a pensar que os portistas são como os civis alemães do III Reich, neste
caso do I Reich do Pinto da Costa. Não se ouve uma palavra de contestação, de
recriminação, o mínimo apontar de dedos à selvajaria que corre pelos corredores
do Dragão, nada. Tudo impávido e sereno. Aliás, tal como aconteceu após a final de hóquei e aquele jogo do campeonato de juvenis da época passada. No pasa nada.
Quando Pinto da Costa desaparecer, que “castigo” deveriam
ter os adeptos portistas? Serem obrigados a visitar o café malaguenho ou de
alguns adeptos do Celta de Vigo? Serem obrigados a ouvirem as escutas do ApitoDourado, “Laranja Mecânica” style? Ou
ouvirem uma palestra de Paulo Assunção, Co Adriaanse ou Adriano, intitulada
“Lutei contra Pinto da Costa e consegui sobreviver aos Super-Dragões”?
Está para breve o “inverno russo” do Pinto da Costa… Será
Yzmaylov um sinal? Perestroika!
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