2 de fevereiro de 2014

Mais sereno que uma estátua da Ilha da Páscoa

No episódio “Remember When” dos Sopranos (temporada 6, episódio 15), Junior Soprano, o homem a quem Tony Soprano tinha mais respeito que ao próprio pai, é colocado num asylum, isto é, numa casa para velhotes com Alzheimer e coisas parecidas, e das primeiras coisas que faz quando lá chega é organizar um jogo de poker usando botões de camisas brancos e vermelhos como chips, vendendo coca-colas e barras de chocolates aos participantes da jogatana (doentes psicóticos, sofredores de alzheimer, esquizofrénicos, etc) . Resquícios da sua vida de mafioso.

O Porto é o Junior dos Sopranos.  Mesmo depois de Apitos Dourados, fruta, cafézinhos, viagens ao Brasil, foguetes no estádio e cenas parecidas, a tentação de começar um jogo decisivo da "Taça da Cerveja" três minutos depois de a partida do adversário directo se ter iniciado é maior do que a vontade de um ex-alcoólico russo em beber um shot de vodka na festa de aniversário do irmão. Está-lhes no sangue.

Por outro lado, dá para aferir da reputação e credibilidade que o Porto, apesar de dezenas e dezenas de títulos alcançados nos últimos anos, conseguiu granjear. Três míseros minutos de atraso e ninguém, Sportinguistas, Benfiquistas e mesmo alguns Portistas (o próprio Paulo Fonseca admitiu que no Porto não há “anjinhos”…) consegue evitar pensar que houve algum tipo de marosca, tramóia, trafulhice, chico-espertice ou… dolo no infame atraso da equipa do Porto. Semeiam ventos, colhem tempestades. Mesmo que em copos d'água.

Entretanto, contratámos o Cristiano Ronaldo do Egipto e o Nani de Cabo Verde. Hum, espera. Ok. Siga. Para vir o o Heldon, ‘tá na cara que um dos extremos – Capel, Wilson Eduardo, Carrillo ou Mané - ‘tá de malas aviadas para fora de Alvalade. Aceitam-se apostas. Pode ser em pesetas.

A grande questão é saber como é que o Shikabala (o melhor nome de sempre de um jogador de futebol) e o Heldon se vão incorporar na máquina oleada que o Jardim montou. Será que vamos assistir a um episódio dos Simpsons em que chega um novo puto à escola primária de Springfield e que ameaça roubar as gargalhadas que os colegas anteriormente dedicavam às partidas do Bart Simpson ou, ao invés, assistiremos a uma assimilação do egípcio junto do grupo leonino tão suave como a integração da Fanny numa festa no Elefante Branco? Se o Shikabala tivesse assinado pelo Sporting em 2013, teria razões para duvidar do seu sucesso em Alvalade. Mas ele assinou em 2014.

Isto para dizer que confio em Jardim. Jardim é aquele tipo de pessoa que qualquer ex-combatente do Ultramar quereria ter como seu Furriel numa noite quente de Janeiro de 1972, no Cafunfo, norte de Angola, enquanto se ouvia gritos de “Morte ao branco!” a ecoar na escuridão da floresta. Confio na sua serenidade. O homem é mais sereno que uma estátua da Ilha da Páscoa.

Viram ali o olho a piscar?? :)



Gostei muito de ouvir ontem, tanto o Paulo Fonseca como o Jorge Jesus, no final dos seus jogos no Funchal e Barcelos, respectivamente, a queixarem-se do “estado do relvado”. Aposto que o Joaquim Rita também achou piada. Ou não.

2 comentários:

Anónimo disse...

Querido Manhã o Inverno está a fazer vítimas, mas não era seguramente esta vítima que você estava à espera, pois não?

Captomente disse...

Foda-se, 'tou habituado a escrever posts com metáforas, não a ler respostas com metáforas... Que raio quiseste dizer como isso?? :D

SL