2 de outubro de 2013

in loco

“Leonardo Jardim, o técnico do Sporting, esteve em Setúbal a observar o próximo adversário dos leões”… numa chuvosa segunda-feira à noite e um dia depois de ter ido jogar a Braga , acrescentaria eu, à peça do jornalista da RTP sobre o Vitória de Setúbal 2-2 Gil Vicente, a contar para 6ª jornada da Liga Zon Sagres, que passou ontem no Jornal da Tarde.

Avisa aí o pessoal que se ganharmos ao Setúbal, segunda-feira há folga.

 Este pequeno pormenor diz muito do sucesso (até ao momento) da equipa do Sporting neste campeonato. É óbvio que a nova direção implementou uma nova dinâmica e mentalidade no clube mas o Leonardo Jardim é um treinador a sério, como há muito não tínhamos em Alvalade. Um treinador que prefere ir ver in loco o próximo adversário em vez de ficar em casa e observá-lo através da tv (e já o tinha feito antes) é porque é um treinador especial, que aporta aquele “extra” que faz diferenciar os melhores dos medianos.

 Quem não se lembra da bizarra visita do Vítor Pereira, o treinador bicampeão do Porto, na época passada, a Alvalade para observar o Sporting-Benfica e onde correu o risco de ser agredido? Não teria sido muito mais confortável ter ficado na sua casa a ver a partida pela tv e ter enviado um dos seus adjuntos para observar o jogo? E não era só os jogos do Sporting ou Benfica. Lembro-me, tal como Jardim, ver VP em muitas bancadas a observar os próximos adversários.

Ben Shave, um jornalista inglês radicado em Portugal e especialista no nosso futebol, dizia num dos seus tweets, há uns meses , durante um jogo qualquer da nossa Liga: “Porto coach Vítor Pereira in the house. I see him at matches more then any other Liga coach. Well I don't, the cameras do, but you know...” Muito do mérito dos títulos de VP passaram por este tipo de tarefas pouco importantes, se observadas individualmente, mas que juntas no seu todo, valem muito no final de um campeonato. Tal como ter uma relva como deve ser, por exemplo.

 Lembro-me de Sá Pinto, ainda quando era treinador do Sporting, ter sido notícia por ter sido campeão de futebol... do campeonato do Inatel. A equipa chamava-se “Biqueiras D’Aço” e, vendo o histórico dos jogos e a sua veia noctívaga, compreendo que Sá Pinto não tenha tido muito tempo para ir ver jogos do Setúbal ou do Gil Vicente. Eu, pelo menos, não me recordo de o ver nas bancadas do Bonfim. Como também não me lembro de ter visto Domingos Paciência. Aliás, a crer no que se dizia na altura em que foi despedido, o então treinador do Sporting passaria mais o seu tempo livre na A1 a  fazer o trajecto Lisboa-Porto-Lisboa do que na própria Academia.

 Talvez Paulo Bento tenha sido o último “mouro" de trabalho que tivemos mas pecou por ter sido pouco exigente e demasiado conivente com a direção de Soares Franco e Bettencourt. Jardim, tendo em conta o seu historial nos clubes por onde passou, parece não ser tão flexível mas parece ser tão ou mais trabalhador do que Paulo Bento.

O que, em última análise, é bom para ele e para o clube.

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