Ando a ler um livro sobre a história (das tácticas) do
futebol chamado “Inverting the Pyramid”. Já li os capítulos dedicados ao WM do
Arsenal de Chapman, ao catenaccio do Inter de Herrera, ao futebol-ballet dos
húngaros/austríacos dos anos 20/30 e por aí fora. Um capítulo, um punhado de
páginas dedicadas a uma equipa, a um clube, a uma táctica, a um momento em que se fez história
no mundo de futebol.
Podemos perder amanhã no Dragão, podemos não ficar em 2º lugar no final do campeonato, podemos até
ficar apenas em 3º lugar, mas tenho a sensação de que, quando o jornal A BOLA, por exemplo, resolver fizer um compêndio sobre a
história do futebol português dos anos 2010-2020, esse capítulo será largamente
dedicado - ou pelo menos iniciado - ao Sporting (de Bruno de Carvalho).
Não tenho dúvidas que o Sporting é o clube mais invejado,
mais escrutinado e mais imitado em Portugal. E isto já vem desde os inícios do
futebol em Portugal. Um leigo conhecedor da história do futebol – como eu -,
sabe muito bem que, por exemplo, o Benfica só nasceu do desejo de Cosme Damião
em formar um clube que tivesse os mesmos atributos que tinha o Sporting na
altura. O Sporting era um exemplo e Damião, que não era parvo, apenas quis
assimilá-los, para não dizer imitá-los.
Como estava a dizer, o Sporting é o clube mais invejado,
mais imitado, mais admirado por todos. É claro que nunca ouviremos um
benfiquista ou portista a dizê-lo publicamente mas as suas acções comprovam-no,
dia a dia. Basta ver, por exemplo, ou melhor dizendo, ouvir, os cânticos da
maior claque do clube mais vencedor dos últimos 20 anos. Os Super-Dragões Copiões, do Futebol Clube do Porto. E não são só estes!! Basta estar um pouco
atento nos jogos de clubes mais pequenos – seja da Primeira Liga ou Segunda
Liga – e apercebem-se da homenagem semanal que estes adeptos prestam ao
Sporting Clube de Portugal, ao enunciarem cânticos idênticos aos que são
ouvidos nos jogos do Sporting.
A mais recente prova da forma como se olha para o Sporting
como exemplo é o debate (interno) que se instalou no seio de Benfica (mais
neste) e Porto, e também na comunicação social. Bastou ver como o jornal Record, por exemplo,
passou as últimas duas semanas a bater punhetas aos benfiquistas com a história
do Ivan Cavaleiro e mais alguns (supostos) craques da “formação” lampiã. Seja
por imposição dos media, seja por vontade inequívoca dos seus adeptos, a
verdade é que a massa adepta lampiã já está um pouco farta de tantos sérvios e
argentinos e quer ver mais portugueses a jogar na sua equipa. E basta o Porto não ganhar um campeonato para que também os adeptos
portistas comecem a assobiar o brasileiro Danilo, o francês Mangala ou o belga
Defour (ok, este já assobiam).
A verdade é que, mais uma vez, o Sporting foi o pioneiro (já
temos museu e Academia há 10 anos…) das “modas” do futebol a que os outros depois
aderem e os quais são elogiados em manchetes patéticas (Ivan, o novo Eusébio) e
coisas do género.
Não importa.
Na espuma das lutas por audiências do telejornal do CMTV, da
SIC, da A BOLA TV ou da Sporttv, nunca ouviremos elogios à coragem do Sporting,
isso é certo, mas no dia em que se escrever uma enciclopédia sobre a história
do futebol em Portugal, certamente haverá um capítulo intitulado "O Sporting que abriu os olhos ao século XXI". A não ser que seja escrito pelo João Querido Manha ou coisa que o valha.
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