24 de outubro de 2014

Entrevista ao Pontus Farnerud, ex-jogador do Sporting

Farnerud e o mister Paulo Bento



Viva, Pontus e sê bem vindo a este humilde e pequeno espaço Sportinguista cujo principal objectivo é apenas “enjoy Sporting”.
Apesar de teres passado apenas um par de épocas pelo estádio de Alvalade, serás sempre lembrado como fazendo parte da, hoje em dia, mais ou menos famosa equipa do Paulo Bento, onde ganhámos alguns troféus mas não conseguimos alcançar o maior deles todos, o título de campeão.

Com quem é que joga o Sporting: A minha primeira questão é, como era o sentimento geral da equipa no final dessas épocas? Mais contentes por ter atingido o segundo lugar (e entrar na Liga dos Campeões) ou desapontados por não terminar em primeiro?
 Pontus Farnerud: Penso que ficámos bastante desapontados, nós sabíamos que tínhamos feito uma boa época e por um momento erámos campeões. Penso que é por isso que ficámos mais desapontados do que contentes… e depois ganhámos a Taça de Portugal e afinal de contas, acabou por ser uma boa época!

CQJS: Qual foi a primeira palavra portuguesa que os teus colegas te ensinaram? Se foi uma que termina em “…alho”, conta-nos qual foi a segunda.
PF: Creio que foi “obrigado” e no campo “joga”.

CQJS: Qual a tua história mais divertida com o Paulinho?
PF: Ah, bem, penso que foi num dos nossos jantares de equipa quando ele ficou um bocadinho “tocado”…

CQJS: E quem era o jogador mais “maluco” do balneário na altura?
PF: Nós tínhamos um bom ambiente no meu tempo, o mais maluco talvez fosse o Liedson.

CQJS: Aquele jogo que nunca esquecerás no Sporting?
PF: O meu primeiro jogo em Alvalade depois da minha lesão no início. Contra um muito bom Braga, creio que ganhámos 3-0. Depois, também alguns dos jogos da Liga dos Campeões.

CQJS: De que grupo fazias parte? Do grupo de jogadores que o Paulo Bento gostava de embirrar ou do grupo dos seus jogadores favoritos?
PF: Penso que o Paulo Bento e eu tínhamos uma boa e honesta relação, eu sei que ele apreciava algumas das minhas qualidades mas a competição no meio-campo era bastante forte a certa altura. Tenho grande respeito pelo Paulo Bento e durante o meu tempo tivemos sempre um bom ambiente no Sporting e bons resultados graças a ele.

CQJS: Manténs-te atento à situação do Sporting? Vês alguns jogos, verificas os resultados, esse tipo de coisas?
PF: Sim, claro, eu sigo o Sporting, penso que foi uma pena que algum tempo depois da minha passagem pelo Sporting os resultados não têm sido muito bons. Estou muito contente por ver de novo o Sporting na Liga dos Campeões este ano e estou muito contente pelo meu amigo Adrien que está a jogar muito bem.

CQJS: Se estás a par do Sporting actual, quais são os teus jogadores favoritos de momento?
PF: Sempre fui um grande fã do Nani desde que jogámos juntos, não tem sido sempre fácil para ele mas ele tem imensas qualidades.

CQJS: Jogaste com o Nani em 2006/07 e no final dessa época ele saiu para o Manchester United. Foi uma surpresa para vocês e para a equipa? E o que pensas sobre o seu regresso ao Sporting nesta época?
PF: Foi mais surpreendente ele ter regressado ao Sporting do que ter saído para o Man Utd. É muito bom e importante para o clube manter contacto com os jogadores sportinguistas em outros clubes para que quando quiserem sair eles possam escolher o Sporting e não outro clube.

CQJS: Conseguirias ter adivinhado que o Moutinho acabaria por ir parar ao Porto?
PF: Não e que ele agora jogue no meu antigo clube AS Mónaco também foi uma grande surpresa. Grande jogador.

CQJS: Estavas no banco contra o Porto na final da Taça de Portugal (e também contra os Belenenses, na época anterior) no estádio do Jamor, lembras-te? A alegria de termos vencido a Taça superou a tristeza por não a ter jogado?
PF: Queres sempre jogar, participar, estava muito contente pela equipa mas claro, um pouco desapontado por não jogar…

CQJS: A história mais divertida em Portugal, fora do campo?
PF: Algumas vezes perdi-me na cidade… e uma vez cheguei atrasado quando íamos jogar uma jogo da Liga dos Campeões. Eu vivia na zona da Expo e demorei uma hora e meia a chegar a Alvalade por causa do trânsito e de um acidente.

CQJS: Como era a vida em Portugal? Gostaste do país? E continuas a visitar-nos?
PF: Comecei a gostar de Portugal desde que aí estive durante o Euro 2004. Não é fácil para um jogador escandinavo pois a língua e a cultura é bastante diferente mas se tivesse jogado mais teria ficado mais contente e satisfeito. Já voltei uma vez e espero regressar para visitar o estádio e a Academia.

CQJS: Alguma comida favorita portuguesa que sintas saudades?
PF: Não, nem por isso.

CQJS: Ainda te lembras do que “lampião” quer dizer?
PF: Claro, no outro dia estava a ver AS Mónaco - Benfica e claro que estava a torcer por uma vitória do Mónaco.

CQJS: Cristiano, Ronaldo, Messi ou Ibrahimovic?
PF: Messi mas gosto dos três.

CQJS: Quem é o melhor jogador, tu ou o teu irmão, Alexander?
PF: Alex é muito bom jogador.

CQJS: Podes nos contar o que estás a fazer agora? Ainda estás ligado ao futebol? Pensas tornar-te algum dia treinador?
PF: Tive de terminar a minha carreira no ano passado devido a uma lesão e agora vivo em França, nos arredores de Mónaco. Comecei a minha carreira de agente de jogadores e com sorte um dia destes eu visita Portugal e também o Sporting!



Bem, já terminou! Espero que tenhas gostado e quero agradecer-te e dizer muito obrigado por ter aceitado em responder a estas simples (e palermas) perguntas. Os cinco ou seis leitores do blog também vão gostar. eheh

Boa sorte para a tua vida pessoal e profissional, Pontus Farnerud!


Saudações Leoninas!

21 de outubro de 2014

União sportinguista

Agostinho Abade, ex-presidente Conselho Fiscal do Sporting



"Manobra do FC Porto e o Benfica foi atrás"

"Nas duas vezes em que esteve na SAD do Sporting, os estragos que fez, na última das quais ia levando o Sporting à quase insolvência"

"O Sporting tentou mexer nalguns destes pontos. Ninguém quis discutir. Só se discute pessoas e é a melhor forma de, através dessas pessoas, de se controlar o futebol português"



Rogério Alves, ex-presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting



"Foi designado para presidente da Liga uma pessoa com o qual o Sporting está em conflito (...) isso é convidar o Sporting a sair, não é convidar o Sporting a entrar [na Liga]"

"E quem convidou o senhor Luís Duque sabia que isto era exactamente assim"

"Se a SAD do FC Porto ou a SAD do SL Benfica tivessem uma acção [judicial] movida contra um seu recém-dirigente e se fosse indicado esse dirigente para presidente da Liga, qual seria a reação?"

"Esta é uma escolha que, obviamente, afronta o Sporting. Esta escolha afronta diretamente a direção do Sporting. (...) É uma escolha que exclui o Sporting, é uma escolha que castiga o Sporting"

"Luís Duque está a "combater" contra o Sporting no tribunal e, portanto, eu, numa circunstância dessas, eu não aceitaria [ser presidente da Liga]"



Eduardo Barroso, ex-presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting



"Isto é um escândalo. Isto é um escândalo mas prova que o Sporting e o presidente estão num bom caminho"

"Toda a gente sabe que quem manda nesta escolha é o Benfica e o Porto"

"Já tinha havido consenso em relação a Filipe Soares Franco, foram convidar também o Godinho Lopes (...) e agora o Luís Duque. Ainda tínhamos Carlos Freitas, caso o Duque não aceitar"

"É uma provocação miserável ao Sporting"

"Isto é, de facto, uma guerra aberta contra o Sporting, contra o Bruno de Carvalho"

"Eu acho que ele não devia aceitar este convite. Ele tem de perceber que isto é uma provocação ao Sporting"



Dias Ferreira, ex-dirigente do Sporting



"O futebol português, mais uma vez, bate fundo. A situação é uma vergonha. Resolvem-se assuntos sérios na base de alguma vingança e provocação"

"Compreendo que ele esteja magoado, mas não me parece que aceitar um lugar destes, sabendo que é algo contra o Sporting, seja uma coisa que passe pela cabeça de um sportinguista"

"Já há muito tempo que [Benfica e FC Porto] andam unidos. Dizem que querem um Sporting forte, mas não querem. É tudo conversa fiada. Quando as pessoas têm uma determinada dimensão, que assumam. É algo de baixo nível para dirigentes",




Youtube e Dailymotion "out", Sapo vídeos "in"! (o vídeo do Casemiro)

19 de outubro de 2014

os indomáveis


Caça-fantasmas

Isto em verde e com o Pinto da Costa, Nélio Lucas e o Proença no lugar do fantasma, tinha mais piada.



Tenho de agradecer ao Godinho Lopes pela entrevista que deu há dias. É que sem ele, não me teria dado a ideia para este post. É claro que a vitória (histórica, infelizmente) no Dragão, em si mesma, já seria motivo suficiente para escrever este post mas houve uma frase do Godinho que me ficou na memória e a qual utilizarei para construir o texto.

Às tantas, na dita entrevista, superiormente bem conduzida pelo Alexandre Santos, Godinho Lopes diz que Bruno de Carvalho anda "à procura de fantasmas" ou qualquer coisa do género sobrenatural.

Eu concordo. Este "novo" Sporting anda à procura de fantasmas e quer caçá-los.

Vejamos:

- O fantasma de não marcar na Luz
- O fantasma de não ganhar no Dragão.
- O fantasma do Rui Patrício não vencer no Dragão (in Record d'hoje: "Finalmente! Rui Patrício conseguiu exorcizar o seu fantasma e venceu, pela primeira vez..."
- O fantasma de que é impossível ganhar aos árbitros.
- O fantasma do Sporting ser subalterno ao Porto.
- O fantasma dos bancos mandarem no Sporting.
- O fantasma dos fundos-papões.
- O fantasma do Sporting TV nunca mais iniciar as transmissões.
- O fantasma do pavilhão nunca mais sair do papel.
- E mais alguns que não me lembro agora.


Se, como fazem para as seleções de Portugal que participam em fases finais de grandes competições, fosse pedido para sugerir um cognome para esta "nova" equipa do Sporting, eu responderia, sem hesitar, os "Caça-Fantasmas".


Sabemos onde estão e vamos atrás deles, sem medo e sem desculpas.


Primeira cena do filme "Caça-Fantasmas", juro. Vão lá ver.

17 de outubro de 2014

Mais fortes

Era p'ra fazer também do jornal Record mas dava muito trabalho.


O Sporting ser roubado no Dragão é tão banal como um turista francês ser roubado no eléctrico 28.


O Sporting, quando ia jogar ao Dragão, ia mesmo como se fosse um turista qualquer, rumo ao desconhecido, como se fosse lá jogar pela primeira vez. "Ah, tão bonito, deixa cá virar costas enquanto o steward me espanca as costas" e... tau! Penalty contra o Sporting. Porquê? Porque sim. 1-0. "Ah, mas o Porto é tão bonito! Tão tradicional e moderno ao mesmo tempo!"... Pimba! 2-0! Como? De penalty. Porquê? Porque o Jorge Sousa, um árbitro que conhece bem a casa, viu um jogador do Sporting a cair e a bola bater-lhe no braço.

Ahh... Fui "bandarilhado" (pelo Pinto da Costa), chorava o Godinho Lopes no final desse Porto 2-0 Sporting de 2011/12.


Não tenho ilusões. Vai ser muito difícil ir jogar amanhã ao Dragão e sair de lá com a carteira ainda no bolso, quanto mais com a máquina fotográfica, carregada de fotos dos fruteiros a vociferar contra o árbitro da casa que não conseguiu impedir que o Sporting saísse de lá com os três pontos. Muito, muito difícil.

Vai ser difícil ganhar no Dragão mas tenho a certeza de uma coisa. É que, no final do jogo, o nosso presidente não sairá de lá "bandarilhado" coisa alguma. Bruno de Carvalho, das duas, uma, ou vai sair do Dragão em ombros ou com uma espada enfiado no cachaço, sendo que ambas as opções são mais dignas do que a anterior.

A imagem que coloquei acima diz respeito apenas às edições de 5 a 16 de Outubro do jornal A Bola, ou seja, uma semana e meia, sensivelmente. Durante esses dias apenas se falou sobre duas coisas: seleção e Bruno de Carvalho.

Não se falou de tácticas, do Sarr, do Mané, do Maurício, do Montero, do Slimani, do Marco Silva, do João Mário, do André Martins, do Jonathan, do Jefferson, do William, do Arsenal, do Shikabala, nada. Só Bruno. Ok, talvez se tenha falado um pouco do Shikabala mas, por exemplo, se compararmos com a polémica que foi como quando o Bojinov falhou aquele penalty (e que implicou a sua saída do Sporting...), apercebemos-nos bem da capacidade de "encaixe" do actual presidente do Sporting.

Bruno de Carvalho já "encaixou" mais neste ano e meio de presidência do que os presidentes "croquettistas" todos juntos. E aquilo que não nos mata, torna-nos mais fortes.

Qualquer que seja o resultado de amanhã, não tenho dúvidas: o Sporting sairá mais forte do Dragão.

Como eu ouvi o Bruno Prata a comentar o Portugal-Holanda

11 de outubro de 2014

Okilly-dokilly!

Nós apreciamos o conforto da continuidade, é inerente ao ser humano. "O homem é um animal de hábitos", sempre ouvi dizer.

É por isso que gostamos de chegar a casa às sete da tarde, ligar a televisão e começar a jantar ao mesmo tempo que ouvimos o Fernando Mendes a dizer "Expetáculoooo" e inclinamos a cabeça quando aparece a Lenka, sempre na esperança que seja hoje que a blusa caia e mostre mais do que apenas o preço certo da fritadeira elétrica.

A nova temporada começava sempre da mesma forma. "Este ano é que é!". Novo presidente, novo treinador, novos jogadores, "vamos ganhar", jogo no Dragão, presidente, sorridente, ao lado de Pinto da Costa, acabava o jogo, nova derrota, "Fomos roubados", vociferava o treinador. E fomos nos habituando a isto. Era normal.

O Ned Flanders é(ra) a personagem mais sportinguista dos Simpsons. O Homer enfia o carro pelo jardim adentro da casa dele e o mais áspero que ouvimos da boca do Ned é um "Okilly-dokilly!". O Homer pede emprestado o berbequim durante dez anos e quando Homer se nega a devolvê-lo, sai apenas um singelo "Hey-Diddly-Ho!" como resposta. E sorrimos sempre que tal acontece. E sentimos simpatia e pena. Estamos habituados.

Não é por nada que Os Simpsons já cá andam há vinte e tal anos.

Mas se me perguntarem qual o episódio mais marcante do Ned Flanders na série, o episódio que nunca esquecerei, vou responder aquele em que ele um dia se chateou com tanta benevolência e tanta patifaria e, finalmente, deu um murro na mesa. O episódio chama-se "Hurricane Neddy" (O furacão Neddy) e, como o título indica, foi o episódio em que o Ned se passou dos carretos, farto de ser enganado, ultrajado e enganado pelo mundo e os seus vizinhos.



eheh Ned Flanders e Breaking Bad, que combinação!


Percebo que quem estava habituado a ver o Flanders a ser humilhado constantemente pelo Homer, episódio após episódio, se sinta defraudado e não tenha gostado do episódio em que a posição quadrúpede do Flanders tenha dado lugar a uma posição mais bípede da personagem mais católica da série. Percebo perfeitamente.

Mas, se algures na oitava temporada, os produtores de Os Simpsons não têm decidido dar voz à personagem de Ned Flanders, provavelmente ele faria agora parte das personagens que já não têm voz.


De que episódio se querem lembrar daqui a vinte anos? Aquele em que morremos ou aquele em que demos um murro na mesa?


Eu sei bem qual é a minha resposta.







4 de outubro de 2014

Reabilitação

Lembro-me de uma "grande reportagem" transmitida na SIC há uns anos (2001, parece), onde um jornalista acompanhou, in loco, os cerca de quinze dias que Pedro, toxicodependente há dez anos, passou fechado num quarto a curar a "ressaca", naquele que seria o primeiro - e mais importante - passo rumo à sua desintoxicação e consequente reabilitação.

O que o Sporting fez no último ano e meio foi uma cura de "ressaca". 

Com a eleição de Godinho, julgou-se que a forma mais fácil de atingir a felicidade, o "nirvana", isto é, ser campeão nacional (ou pelo menos, chegar à Champions), seria através da "injeção" de capital dos fundos na aquisição de substâncias fortes (leia-se, jogadores "consagrados") que permitissem, de imediato, ficar com uma moca descomunal e ir celebrar para o Marquês. Ora, o que aconteceu logo nesse primeiro ano foi, precisamente, a segunda coisa que se mais teme quando se tomam drogas: uma bad trip. A primeira é uma overdose.


Se, na primeira época, aquela viagem que passou por Bilbao e terminou no Jamor com uma derrota coincidente com a primeira vitória de sempre da Académica na final da Taça de Portugal (e com Adrien e Cédric no lado dos estudantes ainda por cima...), pareceu uma bad trip, já a segunda época do Sporting de Godinho, Duque e Freitas, foi mesmo uma overdose quase fatal. Iniciou-se a época com o ecstasy de Sá Pinto, passámos para o Xanax do Oceano e Vercauteren e terminámos com o Viagra do Jesualdo Ferreira, com um Sporting ligado à máquina e colocado num sétimo lugar da lista de espera da UEFA, condenado ao esquecimento.







Felizmente, apareceu esta nova direção e que, pelo punho de Bruno de Carvalho, cravou uma seringa carregada de adrenalina bem no meio do coração do leão e injectou a necessária força vital para que o Sporting se reerguesse e rugisse de novo. 

O primeiro ano foi tão ou mais duro do que a tal reportagem do Pedro. Cortou-se metade do orçamento anual, despediu-se funcionários, jogadores e dirigentes. Pedro, durante a tal cura "de ressaca" continuou a fumar cigarros. O Sporting nem cafés bebeu na última época. Pão e água, apenas. E mesmo assim, conseguimos chegar à Liga dos Campeões.

Esta época, falta dar o passo seguinte, sair de casa e arranjar um emprego, isto é, ganhar um título. E é por isso que me faz muita confusão ler e ouvir certos Sportinguistas subscreverem e receitarem novos-velhos métodos de "cura" para este Sporting. Para esses, a cura passava por comprar dois ou três "craques" com os tais quinze milhões que o Sporting gastou esta época para comprar nove ou dez jogadores. E os ordenados? Os vícios? Quem os pagava? A mãe e o pai do Pedro que já não têm mais anéis nos dedos para vender? O clube que já não tem estádio nem terrenos para vender?

Continuando a reabilitação, candidatámos-nos a um lugar numa grande multinacional estrangeira, liderada pelo melhor executivo português do ramo. Na passada terça-feira fomos à entrevista de emprego, bem preparados, bem vestidos e muito, muito confiantes. Poderiam ocorrer duas situações:

- À medida que o tal executivo disparasse as perguntas pertinentes sobre a nossa real capacidade de corresponder às suas expectativas, entrarmos em pânico, começássemos a transpirar e bloqueássemos completamente, com a única fuga possível sendo o quarto onde iniciámos a "cura".

- À medida que o tal executivo disparasse as perguntas pertinentes sobre a nossa real capacidade de corresponder às suas expectativas, sentirmos-nos mais confiantes, começando a entrar em diálogo com o executivo, ao ponto de terminarmos a entrevista com mútuos sorrisos e cumprimentos.


Desta vez, não aconteceu nem uma nem outra. Aconteceu uma terceira hipótese, menos provável na vida de um ex-toxicodependente. O executivo deixou o seu cartão e disse: "Liga-me um dia destes." 


Dia 10 de dezembro vou-te ligar, José. Conta comigo.