27 de dezembro de 2016

Há um novo Leão na cidade

Ouvi hoje Pedro Madeira Rodrigues apresentar a sua candidatura à presidência do Sporting, às 19h na TVI e depois, mais tarde, numa entrevista à CMTV e admito, fiquei desiludido. Honestamente, estava à espera de muito mais. Julgava que iria ouvir ser apresentado um projecto minimamente estruturado, especificando algumas "traves-mestra" (desportivas e financeiras) pelas quais o candidato se iria reger, assim que se tornasse presidente do Sporting Clube de Portugal. Atendendo ao currículo profissional de PMR e, particularmente, o seu alegado historial blogueiro, julgava mesmo que ia ouvir muito mais do que meras constatações de diferenças de perfil entre ele próprio e BdC. Às tantas, pareceu que aquilo que o move nesta candidatura é mesmo o anti-BdC, mais do que o pró-Sporting, tal a quantidade de vezes que disse que faria o contrário daquilo que BdC actualmente faz. Pelo meio, mostrou alguma demagogia barata, como quando disse que "Bruno de Carvalho tem sido sinónimo de títulos para o nosso rival", soundbytes que costumamos ouvir vindos de bocas lampiãs... apeteceu imediatamente perguntar "E antes de BdC, costumávamos ganhar títulos, é? O sétimo lugar aconteceu em que época, mesmo?". Muito mau.

Além do evidente anti-BdC, achei o discurso demasiado oco, vazio, cheio de lugares comuns, assustou-me a sua aparente bonomia perante o nosso futebol de competição, a Liga Voucher onde o Sporting participa, a forma como desvalorizou o evidente #NacionalBenfiquismo presente na arbitragem, FPF, LPFP e media. Disse que os "Sportinguistas se queixam muito [dos árbitros]" e que temos é de "trabalhar", blá, blá, blá. Este tipo não deve ver jogos de futebol da nossa Liga e não tem mesmo noção da podridão que é o "Tugão". Se tem noção, está a ser desonesto, com intuito de atingir BdC, e isso demonstra que lhe falta uma das qualidades que definiu como essenciais para um presidente do Sporting: integridade. Um Sportinguista íntegro denuncia, sempre, as merdas que fazem ao Sporting, ainda mais um candidato a presidente.

Creio que, para ganhar as eleições novamente, basta a BdC não fazer nada e esperar (rezar...) que a bola entre. Ele já não consegue conquistar mais apoiantes do aqueles que já conquistou e, a partir daqui, já só pode perdê-los. Se eu fosse BdC, não responderia a PMR e evitaria mesmo participar em debates. Pelo menos, na SIC, CMTV, etc - na Sporting TV talvez seja "obrigatório" (moralmente) participar num debate com o(s) candidato(s).

A última pergunta do tipo da CMTV foi "Se fosse eleito presidente do Sporting, qual seria a primeira coisa que faria? O que acha urgente fazer no primeiro dia?". PMR respondeu dizendo que a primeira coisa que faria seria deixar de ir  para o banco do Sporting durante os jogos. A sério, foi isto que ele respondeu.

Neste momento, só vejo um perfil de pessoa que possa achar, honestamente, que é possível fazer melhor do que BdC: um multimilionário. Mas mesmo que um multimilionário qualquer concorresse para presidente do Sporting, votaria sempre em BdC, mais que não fosse para demonstrar gratidão. Merece um segundo mandato.



Como disse, fiquei desiludido com este candidato e, como se costuma dizer, não há segundas oportunidades para causar boas primeiras impressões...

17 de dezembro de 2016

O vídeo-árbitro nos jornais

O vídeo-árbitro está ser testado no Mundial de Clubes, a decorrer no Japão. Foram notícia os dois lances "polémicos" em que o VA foi utilizado. Desde aí, começou uma avalanche de opinião sobre o (futuro do) VA. Não estou por dentro do assunto "tecnicamente" mas tentei - e tento - estar atento ao aspecto "político" da coisa...

Basicamente, o grande impulsionador "político" do VA tem sido o actual presidente da FIFA, o suíço-italiano Gianni Infantini. Na vertente técnica, estão dois ex-árbitros, os reputados David Elleray, no âmbito do International Football Association Board e Massimo Bussaca, chefe dos árbitros da FIFA e que está no Japão a coordenar o VA. Infantini e Bussaca são suíços no papel mas quase italianos na prática. Há uns tempos li um livro sobre a história do futebol em Itália e percebi a importância da "moviola" na sociedade "futebolística" de Itália. A "moviola", basicamente, são as repetições de lances polémicos de jogos de futebol e que eram discutidos no domingo à noite na tv, a seguir a mais uma jornada. A "moviola" é uma instituição em Itália. Jogadores, treinadores e jornalistas "respeitam" as repetições, o vídeo e debatem os lances polémicos até à exaustão. "Prolongamento"? CMTV? "Dia Seguinte?" Já há disso em Itália há décadas. 

Os italianos, em geral, e também devido aos constantes casos de corrupção de árbitros e jogadores, são pró-VA. Querem, genuinamente, melhorar a arbitragem. Já têm árbitros de baliza desde há duas épocas, creio. O "vídeo-golo" foi introduzido esta época. Julgava que Collina, o famoso ex-árbitro e actual chefe dos árbitros da UEFA também era pró-VA mas, pelos vistos, não é. Daí que não surpreenda as palavras do actual presidente da UEFA, o esloveno Aleksander Ceferin, que disse ontem "Não estamos a pensar utilizar o VA nos próximos tempos".


UEFA anti-VA?

Li alguns jornais nestes últimos dois dias para tentar perceber qual o "ambiente" em torno do VA... eis alguns exemplos.


Em Espanha, as opiniões, desde ex-árbitros, passando por diretores de jornal e jornalistas, vão desde a desconfiança ao optimismo, mas não apanhei um jornalista que não creia que o não VA venha para ficar (seja limitando-se ao "vídeo-golo" ou abrangendo outras acções "subjectivas" dentro do campo, como penalties ou foras de jogo).

No Mundo Deportivo, de Barcelona, a opinião geral é "positiva".


Este diz que "a injustiça faz parte do futebol". Anti-VA 

"Os árbitros devem ter apoio logístico" - Pró-VA

"Como se pode duvidar de uma ferramenta que fará do futebol um desporto mais justo?" Pró-VA



Diretor adjunto do Mundo Deportivo, Miguel Rico "Trata-se de ajudar o árbitro. (...) cremos que o remédio é melhor do que a doença." "Pró-VA




Nos jornais de Madrid, há mais divisões. Desde o conservadorismo do director do AS, Alfredo Relaño, passando pelos ex-árbitros Rafa Guerrero, colaborador da MARCA e Iturralde Gonzaléz do AS, até ao pragmatismo do sub-diretor da Marca, colocam-se dúvidas sobre o VA, são até contra o VA mas todos crêem que é uma inevitabilidade.

Alfredo Relaño, diretor do AS, aprecia o VA mas quer esperar para ver. Pró-VA

Iturralde González, infame ex-árbitro espanhol e cronista do AS, é contra o VA - nota-se - mas sabe que é uma inevitabilidade. Não percebe porque foi testado numa competição importante como é o Mundial de Clubes. Pró-VA?

Rafa Guerrero, ex-árbitro e colunista da MARCA, gosta de tecnologia mas na arbitragem, não. Diz que "tem de se avançar [com a tecnologia]" mas "dando passos mais curtos e firmes". É contra mas não é. Anti-Pró-VA?
Carlos Carpio, sub-diretor da MARCA é a favor do VA "Perguntem à Irlanda sobre o assunto. Ficaram de fora do Mundial de 2010 por uma clamorosa mão de Henry." Pró-VA










Em Itália, como escrevi anteriormente, os jornalistas locais são claramente pró-VA. Na Gazzetta dello Sport, de Milão, não há dúvidas. E até lançam "farpas" a quem não quer o VA, neste caso, o Real Madrid, que, após o jogo de ontem, viu os seus jogadores (Modric e Benzema, principalmente) e treinador (Zidane) lançarem várias críticas ao modo de funcionamento do VA.


O ex-árbitro Mauro Bergonzi, critica alguns aspectos técnicos do VA mas é a favor da sua implementação. Pró-VA

"O futuro está já aqui. E é um futuro positivo: porque o penalty assinalado (...) é a prova provada de como a 'moviola' pode dar uma grande ajuda aos árbitros.", Francesco Ceniti, jornalista. Pró-VA


Pró-VA

O texto do jornalista da Gazzetta dello Sport, Luigi Garlando, é tão interessante que me dei ao trabalho de o traduzir (com imperfeições, pois não domino o italiano):



"O Real Madrid contra o VA: É sinal de que os grandes o temem

Um golo de Cristiano Ronaldo contra o Club America na meia final do Campeonato Mundial de Clubes foi validado pelo árbitro, em seguida, cancelado a partir do campo através da 'moviola' e em seguida revalidado pelo VA. O que, claro, colocou sob os holofotes da polémica algo que ainda nem sequer tinha nascido. Funciona mesmo? É realmente o dissipador de dúvida que o futebol há tanto tempo esperava? Podemos responder qualquer coisa. Aqui fazemos uma simples pergunta: por que o clube politicamente mais forte do mundo, que não foi prejudicado neste caso, lançou-se tão ferozmente contra os defeitos do VA? Bradaram Zidane (que desde 2006 tem contas a fazer com a 'moviola') e o pequeno Modric. Sem querer ser preconceituoso. Mas devia-se considerar mais um sistema de justiça que retira, o mais possível, a arbitrariedade de um individuo e que, ancorado na objectividade científica de uma imagem, protege sobretudo os mais débeis. Há uma vasta compilação de erros arbitrais, naturalmente inconscientes, que, pese embora o exagero, protegeram os grandes clubes e as grandes equipas. Com o advento do VA, é muito mais provável que começaremos a ver mais os Osasunas do mundo do que os Real Madrids do mundo. Tenhamos cuidado. O primeiro voo dos irmãos Wright durou apenas uns segundos mas hoje mais ninguém viaja no transatlântico para ir à América. Denunciemos os defeitos da 'moviola', sugiramos correções, mas dêmos-lhe tempo para experimentar e melhorar. Ter paciência é um dever, talvez mesmo um contributo para a democracia do futebol e uma justiça igual para todos."


No Tuttosport, não encontrei (ainda) muita opinião, excepto a tal informação de que o Collina não é adepto de que o árbitro de campo tenha um "árbitro étereo" a soprar-lhe no ouvido e a natural desconfiança do jornalista de Turim, Stefano Salandin, em relação ao VA...

"Em suma, é preciso cautela e diálogo senão, o futebol, em vez de unir e divertir, corre o risco de dividir" ANTI-VA?







Em França, o vídeo-árbitro ainda não "existe". Não encontrei opiniões, nem pró nem contra o VA no L'Équipe, por exemplo. Não pesquisei muito nos jornais e sites ingleses mas é de conhecimento geral que os ingleses apreciam as novas tecnologias - afinal, foram eles os grandes impulsionadores do "vídeo-golo", que já utilizam na Premier League - e este exemplo que apanhei hoje no jornal I é prova disso.


"A FIFA acertou com o vídeo-árbitro", Martin Lipton, jornalista do The Sun - pró-VA









Em Portugal, n'A BOLA ainda ninguém ainda se pronunciou a "sério" o VA, excepto Duarte Gomes. Um dos jornalistas "séniores", João Bonzinho, teve o seguinte a dizer sobre o VA:


"É incrível, não é?!" Anti-Pró-VA?



Duarte Gomes, ex-árbitro e colaborador d'A BOLA, é pró-VA








No O JOGO, o diretor José Manuel Ribeiro, é a favor do VA e Anti-BdC.


Pró-VA e Anti-BdC








Recapitulando, em Espanha e Itália, maioritariamente, a opinião é pró-vídeo-árbitro, tal como Portugal (Duarte Gomes, diretor do O JOGO...) e Inglaterra. Existem opiniões anti-VA mas nenhuma diz que ele, o vídeo-árbitro, não se acabará por impor no futebol mundial. E no Record? Sem mais comentários, Nuno Farinha, vice-diretor do jornal da COFINA.


:D





P.S. Sobre o vídeo-árbitro: quando se começou a falar disso, eu era contra. Tinha uma visão romântica da coisa (como Platini...) e, num mundo ideal, seria sempre contra o VA. Porém, nos últimos anos mudei de opinião. Acredito que o VA pode ter lugar no futebol, mediante regras e condições específicas, e que pode ajudar a melhorar as arbitragens. Agora, se até há bem pouco tempo, acreditava que o VA seria uma inevitabilidade, temo que quem mais manda no jogo - os clubes e os jogadores/treinadores - se virem contra o VA e esta experiência tenha um final desagradável. Os sinais estão aí, a começar pelo facto de a FIFA ter escolhido uma competição de visibilidade mundial para testar um sistema completamente novo e onde, probabilisticamente falando, iriam acontecer, de certeza, erros embaraçosos. O ex-árbitro espanhol Iturralde González diz que não percebe como testam o VA numa competição oficial. Seria tão absurdo como se a Ferrari testasse pneus novos num Grande Prémio, conclui. É, realmente, absurdo. 

Pior, só quando decidiram apresentar ao público o novo "Robocop", Cain, na parte final do "Robocop 2". :P






15 de dezembro de 2016

Meet @CantonasChip, sócia e adepta britânica do Sporting Clube de Portugal!

A @CantonasChip é uma jovem e simpática adepta britânica do Man Utd e do Sporting e já a sigo no Twitter há já algum tempo. Fico sempre fascinado quando vejo tanta devoção ao Sporting vinda de pessoas de outros países. Tinha de lhe fazer algumas perguntas sobre si, Sporting e futebol! Felizmente, ela aceitou respondê-las.




O perfil da @CantonasChip no Twitter. Portuguese, much? :)




Com Quem Joga o Sporting? - Primeiro, o teu “handle” no Twitter, “CantonasChip”… isso é algum tipo de homenagem a um certo golo que o Cantona marcou ao Sunderland, em 1996? :P







@CantonasChip – Haha, sim, é. Quando criei a minha conta no Twitter, o meu “handle” original era “WelbeckChip”, em referência ao golo de “chapéu” (= chip) que o Danny Welbeck marcou ao Swansea em 2013. E, obviamente, quando ele saiu para o Arsenal e contratámos o Angel Di Maria, que ele próprio fez um golo de “chapéu” contra o Leicester em 2013, mudei-o para “DiMariasChip”. Ambos os jogadores que tinha como o meu “handle” no Twitter saíram, por isso pensei num jogador que não me pudesse desapontar, e lembrei-me de “CantonasChip”. No entanto, é um dos melhores golos jamais marcados na Premier League e não serão marcados muitos melhores do que este.




CQJS? – Nos últimos meses, descobrimos que o Cantona vive em Lisboa, viu alguns jogos do Sporting em Alvalade com o seu filho e até se tornou no sócio 150.000 do clube. Acredito que isto tenha sido uma emoção e uma coincidência dos diabos, não?

CC – Saber que o Cantona tinha-se tornado sócio causou-me uma sensação especial, ainda mais porque é o sócio 150.000, torna-se ainda mais especial. Além disso, saber que um ex-jogador como ele aprecia o Sporting e que é um clube que pelo qual tem carinho, é fantástico. É excelente tê-lo como sócio e fazer parte deste clube maravilhoso.




CQJS? – Como começou o teu amor – podemos chamar-lhe assim? – pelo Sporting? Acredito que o Cristiano Ronaldo ou o Nani tenham tido alguma coisa a ver com isso…

CC – Eu adoro muito o Sporting. É um clube que irá ter um lugar muito especial no meu coração para sempre. Claro que Ronaldo e o Nani tiveram muito a ver com isso, mas creio que o Figo também, já que ele é o meu jogador favorito de sempre. Parece que tenho um fraquinho maior por jogadores portugueses e portanto, é sempre bom ir saber qual o clube onde eles cresceram. Esses três jogadores, além de muitos outros, são produtos da nossa Academia mundialmente famosa e que continua a produzir jogadores fantásticos. Acho que o jogo do United contra o Sporting no jogo de inauguração do estádio Alvalade em 2003 teve um grande papel no meu amor pelo Sporting, criou uma ligação entre nós e, claro, Ronaldo é um jogador que tanto os Sportinguistas como os adeptos do United sempre adorarão. Claro que era bastante nova quando o Ronaldo veio para o United, mas era óbvio que o clube do qual o tínhamos contratado era especial e à medida que cresci, comecei a criar uma ainda maior afeição ao Sporting, que ainda continua a crescer e vejo o Sporting sempre que posso.




CQJS? – Como é que alimentas esse amor pelo Sporting? Começaste a seguir sites portugueses de notícias, notícias do Sporting durante a semana ou apenas vais saber os resultados do jogo ao fim de semana?

CC- Costumo consultar os resultados se não consigo ver o jogo ou encontrar um stream e claro, sigo os jogos pelo Twitter, por isso sei quando marcamos golo. Gosto de me manter informar com o que se passa no clube e tenho sorte em seguir pessoas no Twitter que me mantém informada regularmente sobre o que se passa no clube. E claro, consulto sites portugueses para ver se há algo que não tenha lido nas redes sociais.




CQJS? – Olhando para o teu perfil no Twitter, é óbvio o teu “vício Português”. Começaste a gostar de Portugal depois de gostares do Sporting ou foi ao contrário?

CC- O amor por Portugal veio depois. São como a minha equipa nacional adoptiva, portanto sigo cada jogo com muito muita atenção e orgulho. Algumas pessoas julgam mesmo que sou Portuguesa por falar tanto sobre a “Seleção” e por tweetar frequentemente em Português. Mas tenho de dizer que, com o tempo, o meu Português tem vindo a melhorar.




CQJS? – Já agora, como é que celebraste o título europeu de Portugal? :)

CC- Fiquei muito feliz. Durante muito tempo, Portugal tinha chegado perto, mas esteve longe de ganhar títulos, e eu sempre disse que em algum momento desta era moderna nós iríamos ver Portugal ganhar um título importante. Especialmente, dado o quanto gosto de Ronaldo e Nani, eu queria mesmo que eles ganhassem o Europeu. Senti que, como equipa, a “Seleção” parecia ter muita mais fé com Fernando Santos do que com Paulo Bento. Competitivamente falando, o trajecto de Fernando Santos à frente dos destinos de Portugal tem sido fenomenal. Tinha um grande “feeling” que este iria ser o ano de Portugal e quando o Éder marcou celebrei loucamente. Infelizmente, ia trabalhar no dia seguinte portanto não pude celebrar tanto como queria. Com o golo de Éder ganhou 28 libras numa aposta e assim ainda fiquei mais feliz.

Uma coisa que quero dizer é “Parabéns à Seleção” pelo feito. Oxalá isto tenha sido apenas o começo, especialmente para a nova geração de jogadores que estão a aparecer e os quais tenho a certeza de que também ganharão um título.




CQJS? – Também és adepta do Man Utd. Como tudo começou? Influência familiar?

CC- Sim, o meu avô era adepto do United e à medida que fui crescendo, asseguraram-se de que também seria mais uma adepta. Vi todos os jogos com ele, deu-me a minha primeira camisola do United. Ele instilou o United na minha vida, garantiu que tinha amor pelo clube e assim tenho continuado desde que ele partiu, em 2011.




CQJS? – Tens muitas saudades de Alex Ferguson? E irá Mourinho ter sucesso em Manchester?

CC – 100% de saudades de Sir Alex, ele é, na minha opinião, o melhor treinador de sempre. As três primeiras temporadas após a sua retirada foram muito duras para nós e tivemos muitas dificuldades para manter o nível ao qual estávamos habituados desde há anos. Contudo, com Mourinho como treinador, creio que vamos passar este obstáculo e tornar-nos-emos dominantes novamente. Tenho bastante fé no José em que ele nos guie até à glória muitas vezes e que voltemos a ser aquilo que eramos com Sir Alex.




CQJS? – A tua família e amigos sabem da tua devoção fanática ao Sporting? Quem dizem eles sobre isso?

CC – Toda a minha família está ao corrente do meu amor pelo Sporting. Eles sabem que sempre que tenho possibilidade, falarei sobre o Sporting e irei ver o Sporting jogar. Não dizem muito porque sabem o quanto gosto de futebol.




CQJS? – Qual a tua reação quando ouves alguém dizer “Sporting Lisbon” em vez de Sporting Clube de Portugal?  Bem sei que é mais comum ouvi-lo em Inglaterra mas ficas irritada com isso ou nem sequer pensas em tal?

CC – Fico realmente aborrecida quando ouço isso – não é o nome correcto do clube. Dizer simplesmente “Sporting” seria aceitável. Apesar de em Inglaterra ser bastante comum dizer-se “Sporting Lisbon” creio que tal se deve ao facto das pessoas não conhecerem muito bem o futebol português em geral.




CQJS? – Creio que li em alguns tweets teus a dizer que virias ou já tinhas estado em Lisboa para ver um jogo do Sporting em Alvalade… Já viste algum jogo do Sporting ao vivo? Se sim, conta como foi. Quão fantástico foi? :)

CC – Irei a Lisboa em maio de 2017 durante uma semana, mesmo a tempo para o último jogo da Liga contra o Chaves e espero ir assisti-lo ao vivo. Nunca vi um jogo do Sporting ao vivo, portanto o jogo com o Chaves será o meu primeiro em Alvalade. Estou bastante ansiosa para ir ao jogo e passar uma semana na minha cidade favorita.




CQJS? – Também me lembro de teres dito que eras sócia do Sporting! Quando e como decidiste “Vou-me tornar sócia do Sporting”?

CC – Bem, já tinha vindo a pensar nisso há algum tempo e não sei porque demorei tanto tanto a fazê-lo. Tornei-me sócia em agosto de 2016 e é um privilégio fazer parte do clube. Ter algum tipo de ligação ao clube que amo faz-me sentir orgulhosa.




CQJS?  - Sobre o Sporting… no fim de semana passado, perdemos 2-1 contra o Benfica. Viste o jogo? Que achaste?

CC – Infelizmente, não tive oportunidade de ver o jogo, pois ando a trabalhar bastante mas gravei-o e espero ir vê-lo em breve. Mas a julgar pelos tweets que vi, parece que mais uma vez o trabalho dos árbitros deixou algo a desejar e que fomos negados de uma grande penalidade após Pizzi ter tocado a bola com a mão. Para ser honesta, já não fico surpreendida com os árbitros em Portugal pois parecem sempre tomar decisões prejudiciais ao Sporting em bastantes jogos. Seria bastante vergonhoso se os erros dos árbitros nos impedissem de sermos campeões.




CQJS? – Sabes pronunciar “lampiões”? :D E sabes algum dos cânticos do Sporting? Tens algum favorito?

CC – Haha, claro que sei. E os cânticos que temos são soberbos. A atmosfera criada na Curva Sul é fantástica. Os ultras não param de cantar durante todo o jogo. São tão barulhentos. Costumo dizer muitas vezes que os adeptos do Sporting são os melhores do mundo. É difícil dizer que tenho um cântico favorito já que gosto de todos eles. Mas se tivesse de escolher, diria que o “Só Eu Sei” e “E o Sporting vai Jogar” são os meus favoritos.




CQJS? – Old Trafford ou Alvalade? :P

CC – Haha, tenho de dizer Alvalade. Ambos os estádios são lindos à sua maneira.




CQJS? – Qual o teu jogador favorito do Sporting?

CC – Actualmente, o Gelson é meu jogador favorito. Era o João Mário mas, infelizmente, ele saiu para o Inter. Penso que é um jovem jogador espantoso e mais uma pérola vinda de Alcochete. Ele tem sido um dos nossos melhores jogadores desde que se estreou na época passada e tem vindo a tornar-se um dos nossos jogadores mais importantes.




CQJS? – Bem, estamos fora da Europa, a 5 pontos do Benfica… que achas? Ainda conseguiremos? Vamos ser campeões?

CC – Ainda creio que há uma grande possibilidade de sermos campeões. O Benfica não é assim tão forte como os 5 pontos de diferença sugerem. Tem sido mais o Sporting que tem cometido erros noutros jogos e perdido pontos em que jogos que deveríamos ter ganho. Também acho que beneficiaremos de não jogarmos na Europa, manterá os nossos jogadores frescos sem jogos a meio da semana e colocará o nosso foco no campeonato. Há muito tempo que não somos campeões e temos um bom grupo de jogadores e o melhor treinador em Portugal, portanto somos mais do que capazes de ganhar e sermos campeões.




CQJS? – Como o irás celebrar? :D

CC – Se fôssemos campeões nem sei bem como iria reagir, creio que seria um momento bastante emocional tendo em conta há quanto tempo ambicionamos este título. Mas claro que iria celebrar com todos os Sportinguistas em Lisboa, no Marquês, imagino. Seria algo memorável e para ser lembrado durante muito, muito tempo.



~




Bem, é tudo, acho eu. Estou a pensar que, provavelmente, esqueci-me de fazer AQUELA pergunta que queria mesmo fazer mas acho que, no geral, está tudo. Quero apenas agradecer à @CantonasChip e que vemo-nos no Twitter. Obrigado, mais uma vez e Força Sporting! :)

12 de dezembro de 2016

'ganas'

Num texto escrito no The Guardian há uns dias, a propósito da crescente média de golos marcados em jogos da Premier League desde há anos, Jonathan Wilson falou, mais uma vez, sobre o "novo" futebol que se está a espalhar pela por essa Europa fora. "Pressing, high lines, percussive, vertical footbal are in vogue, from Dortmund to Liverpool, from Sevilla to Hoffenheim."

"Pressão, linhas altas e futebol vertical". E ainda acrescentou que "defender à moda antiga deixou de estar na moda". O Sporting, com JJ, joga à "moda antiga" e é delicioso de se ver. Bola nos pés, jogo controlado, tabelinhas, até chegar à grande área e... centrar para o Bas Dost. Quando funciona, é perfeito, tão perfeito como um relógio suíço. O problema é que há jogos em que o adversário está a jogar o tal futebol de 2016: pressão, linhas altas e futebol vertical e o Sporting não tem pedalada para isso. Na Europa, então, é por demais evidente. Apesar do Benfica se ter remetido à defesa após o 2º golo, a verdade é que jogam um futebol mais parecido com aquele que Jonathan Wilson referia: mais vertical, mais pressão, mais remates...

 Há dias em que jogar "perfeito" não chega. Há jogos em que a vitória tem de ser "inventada". Contrariar o destino. Lembro-me de jogos do melhor Mourinho (mais no Inter, mas também no Real e Chelsea) que, a meio do jogo, pareciam perdidos. E conseguiu-os vencer, não graças à qualidade em si mesmo (dos jogadores) mas à vontade (de Mourinho e dos jogadores). Ganharam porque quiseram ganhar, não porque estavam a jogar melhor.


No Sporting de JJ, na maior parte das vezes, ganhamos porque jogamos melhor, porque somos melhores do que o adversário. Mas costumamos perder - jogos e pontos - porque o adversário "quis" mais do que nós. Desde Sá Pinto, que não vejo ninguém que sinta a camisola listada como ela deve ser sempre sentida. Fico sempre com a sensação de que os jogadores do Sporting, principalmente os que sabem o que é o Sporting, podiam ter dado mais, aquele "extra", aquelas 'ganas' de quererem mais do que os outros... Os outros "comem a relva", atiram-se para o chão, fingem lesões, pressionam o árbitro; tudo e mais alguma coisa para ganhar. Os nossos jogam bom futebol. Pois bem, isso às vezes não chega.

Neste fim de semana, o Real Madrid ganhou nos últimos 10 minutos da partida, um jogo que estava perdido. Lembro-me que mandei um tweet a dizer algo do tipo "Ganharam graças à vontade de ganhar". É uma maravilha ver as 'ganas' com que todos os jogadores do Real Madrid se lançaram à procura da vitória, sem terem "vergonha" de se mandarem para o chão a pedir penalties ou  "medo" de empurrar adversários... Aquele sururu antes do 3º golo, junto do guarda-redes contrário é importante, porque pressiona o adversário, influencia o destino, contraria-o. Às vezes, tem de se ganhar "feio". Como o Benfica costuma fazer contra o Sporting.







É por isso que fiquei mais fodido com o banana do William (e outros, excepto o Coates) não ter levantado a merda dos braços a reclamar penalty do que com o árbitro por não ter o ter marcado. O Porto dos anos 90/00, além da "fruta" e bons jogadores, tinha aquela coisa de "comer a relva" e que era o tal "plus", aqueles centímentros ou segundos "extra" que os jogadores do Porto davam à equipa, naquela obsessão de ganhar. Ganhar. Ganhar. E que este Benfica dos anos 2010's começa a ter... O Sporting, que eu me lembre, nunca teve.




Só o Coates é que se lembrou de protestar... 




P.S. Sobre a arbitragem de Jorge Sousa... qual é o espanto?

10 de dezembro de 2016

Vouchers

O Sporting nunca perderá nada com a cena dos vouchers. Os vouchers é como se alguém encontrasse uma raspadinha na caixa do correio. Se raspar e encontrar prémio: duplo jackpot. Não gastou nada e ainda ganha prémio. O sonho improvável de qualquer um. A notícia de arquivamento da UEFA/LPFP/FPF da cena dos vouchers é(ra) o desfecho mais provável. Uma raspadinha sem prémio. Mas a emoção, a excitação durante aqueles segundos enquanto se raspa... nunca serão "arquivados".



Raspadinha verde... vou comprar uma destas!




A denúncia pública dos vouchers será sempre uma "vitória" para o Sporting, quanto mais não seja porque, de certeza, terá colocado os árbitros num estado de alerta, com todos os holofotes dos media apontados à classe, reduzindo a probabilidade de haver erros "grosseiros" nos jogos envolvendo Sporting e Benfica. Não tenho problemas em afirmar que a época passada, comparando com outras anteriores, até não foi muito problemática para as cores do Sporting, no que à arbitragem diz respeito.  Sim, continuamos a levar amarelos à primeira ou segunda falta cometida ou golos anulados/concedidos devido a "faltas" mínimas mas aqueles erros "grosseiros", tipo vermelhos aos cinco minutos de jogo ou penalties por mão na bola, enquanto o jogador está no chão, têm diminuído. E sim, é verdade que os lampiões não têm um erro "grosseiro" contra eles desde o golo em fora de jogo do Maicon (em 2012!!) mas também não podemos pedir tudo de uma vez, não é verdade?


Agora, podia ter sido tão melhor ... Antes de se vir a público denunciar a cena dos vouchers, tinha-se de ir à UEFA, FIFA, FPF, LFPF, etc, e enviar uma série de perguntas - sem nunca mencionar os vouchers! - tipo, "Qual o limite monetário de ofertas a árbitros?" ou "Vouchers de refeições em restaurantes, sem limite de preço, estão incluídos nas ofertas de carácter simbólico?". Ir ter com o Collina (a Sporting TV, por ex), e fazer uma entrevista "generalista" (sobre o vídeo-árbitro, novas regras, wtv) e no meio, lançar, inocentemente, a pergunta "E refeições em restaurantes para árbitros? Acha bem um clube oferecê-las?". Tanta coisa que se podia - e devia - ter feito, ANTES de BdC vir lançar a bomba...

Agora é tarde demais e depois desta notícia da UEFA ter arquivado o caso, a FPF, LPFP e PJ encontraram o alibi perfeito para também o arquivarem. Era o que eu esperava, na pior das hipóteses. Na melhor, uma multazinha qualquer mas nunca um castigo desportivo.

De referir, finalmente, que só hoje é que as televisões acharam espaço para falar sobre o caso dos vouchers nos seus jornais (a fazer lembrar a maior parte dos jornais espanhóis que só falam no #FootballLeaks quando mencionam os comunicados da Gestifute) e que, mais uma vez, a comunicação do Sporting vai a reboque de alguém. Aparentemente, esta decisão da UEFA já era conhecida (por Sporting e Benfica) desde há duas semanas mas ninguém se tinha pronunciado até que... ontem, ante-véspera do derby, o Benfica terá vazado a info para as redações do Correio da Manhã e C.ia, culminando no seu twitter oficial, com a rejubilação de uma vitória (ou "não-derrota"), dois dias antes do derby.




É confrangedor ver Nuno Saraiva, no telejornal do Sporting, a tentar rebater a info que o Benfica tinha passado para as redações dos jornais, três horas antes... tal como foi confrangedor ver Nuno Saraiva, em pleno auditório Artur Agostinho, em Alvalade, rebater as acusações de um diretor qualquer do Arouca (!), precisamente pronunciadas no mesmo local (!), minutos antes...

O Sporting que aprendi a conhecer, ataca sempre primeiro, não defende. Os outros é que se defendem.






21 de novembro de 2016

Gomorra à Portuguesa

"O maior segredo do domador de leões não é a sua coragem, é entorpecer os leões com tranquilizantes antes do espectáculo." (frase que li algures mas já não me lembro onde)




                                                                                      *SPOILER ALERT*


Apesar de, no décimo e ante-penúltimo episódio da segunda temporada da série italiana, Gomorra, Ciro Di Marzio ter renegado a (lógica) oportunidade de matar a sangue-frio a informadora Patrizia, do seu arqui-rival Pietro Savastano, justificando-se com "fantasmas" de mortos antigos assassinados por ele e que não o deixavam dormir de noite, isso não significa que Ciro seja o "bom" da fita.




Certo, são todos uns filhos da mãe, mas uns mais do que outros.



Em Gomorra, não há inocentes. São todos culpados. É isso que eu gosto na série, a ausência da típica hipocrisia que encontramos na vida real ou nas séries norte-americanas. Em Gomorra, todos roubam, todos matam, todos esfolam. O marido mata a mulher antes que esta o denuncie à polícia, o braço-direito mata o chefe a pedido do rival, o filho atraiçoa o pai antes que este faça o contrário. Na série, há 2 personagens centrais, o "democrata" Ciro Di Marzio e o "ditador" Pietro Savastano (se quisermos ser rigorosos, podemos juntar a estes o filho de Pietro, Genny Savastano e o outro rival de don Pietro e Ciro, Salvatore Conte). Ambos querem ser os donos do tráfico de droga em Secondigliano, um bairro de Nápoles. E ambos são uns filhos da mãe. Ciro matou a própria mulher no final da primeira temporada. Ciro matou a mulher de Pietro. Pietro matou a filha de Ciro. Ciro matou...


Nesta segunda temporada, com Pietro foragido da polícia, Ciro consegue juntar todos os "donos" dos quarteirões do bairro de Secondigliano e introduz um espécie de "democracia", onde todos os "donos" dos quarteirões recebem o mesmo valor pela droga vendida em cada um deles. Uma espécie de "direitos de televisão centralizados" divididos por todos igualmente.

 Por momentos, a vida em Secondigliano parece idílica. Sem mortes, sem tiros e até com brinquedos distribuídos por Gabriele, o "Príncipe", pelas crianças do bairro. Príncipe é um dos "clubes" que concordou com a ideia dos "direitos tv centralizados", idealizada por Ciro, apesar de ser o mais talentoso cortador de cocaína do bairro e que, se quisesse, poderia ganhar muito mais se trabalhasse sozinho. Todos parecem felizes, excepto Pietro Savastano.






Nostalgicamente (des)esperando pelos tempos em que reinava sozinho, "don Pietro" não vai olhar a meios para conquistar novamente Secondigliano. Através de subornos, assassinatos e ameaças, Pietro consegue destruir a "democracia" conquistada por Ciro Di Marzio de modo a conquistar de novo o "seu" bairro.

É isso que me faz lembrar a série italiana: a Liga Portuguesa de Futebol Profissional. As rivalidades, as "vendettas", as polémicas... está lá tudo. Quem não se lembra da infame reunião de clubes numa bomba de gasolina? Digno de um episódio de Gomorra. Cada quarteirão de Secondigliano é um clube da LPFP. Cada clube defende... o que "don Pietro" decidir. É por isso que a LPFP é a única "grande" Liga europeia que não tem os direitos de tv centralizados. Depois de Pietro Savastano ter mandado assassinar a filha de Ciro e conquistado de novo o bairro, parecia que o Nápoles tinha acabado de ganhar o título em casa da Juventus. Futebol é poder.


Pietro Savastano 2-1 Ciro Di Marzio




Porém, há uma enorme diferença entre Gomorra e a LFPF,  a diferença entre realidade ou ficção. E não sei qual delas é mais difícil de engolir. É que, enquanto que na série há "presidentes" de quarteirões que não têm medo de confrontar Pietro Savastano, arriscando subir de "divisão" ou ser apertado por Malamore, chefe de defesa pessoal de don Pietro, na LFPF ninguém tem tomates para confrontar "don Pietro" cá do burgo. Na série italiana, além de Ciro, há vários exemplos de "clubes" que não tiveram medo de enfrentar Pietro Savastano, mesmo que isso significasse levar um enxerto de porrada pela afronta.




Malamore, a explicar que ninguém se mete com don Pietro.






Gabriele, o "Príncipe", o eterno sonhador


"Mais vale um dia de pé do que uma vida de joelhos", é o eterno lema presente em Gomorra, apesar da sede de poder de todos os protagonistas . Em Secondigliano, o dinheiro não vale de nada se isso significar passar os dias com a boca na pila de alguém. Gabriele, o "Príncipe", por exemplo, enquanto vivia na democracia de Ciro, estava, na realidade, a trabalhar para a família Savastano mas sempre quis usufruir daquilo que o "trabalho" lhe proporcionava, comprando grandes "macchinas" ou uma pantera para oferecer à sua namorada. "Princípe" ousou sonhar e no final do 7º episódio, don Ciro deu-lhe permissão sonhar eternamente, espetando-lhe uma bala na testa a sangue-frio.

No último episódio da 2ª temporada, Pietro Savastano consegue, finalmente, limpar a concorrência e reclamar para si novamente o bairro Secondigliano* como seu. Colocando todas as acções na balança que don Pietro utilizou para conquistar esta vitória, talvez a violência tenha pesado mais, mas as "ofertas" também tiveram um papel bastante importante, principalmente no que toca a condicionar elementos fora do bairro e mais institucionais, como polícias e políticos. Sim, conquista o poder quem já tem mais poder, eis o paradoxo que tanto vale para a ficção como para a vida real e que Bruno de Carvalho tão bem já deve ter percebido.


Não é por acaso que BdC tenha tido mais problemas com presidentes de clubes (Arouca, Marítimo...) em 3 anos do que Luís Filipe Vieira em 13. Na LFPF, vive-se de joelhos, à espera de esmolas. Não há ambição. Ninguém sonha. Sonhos no futebol português, só na Taça. Na LFPF, só se sonha ganhar ao Sporting e, em certa medida, ao Porto. Contra o Benfica, é derrota garantida. Seja através de ameaças ou de ajudas, a verdade é que LFV conseguiu ganhar o controlo do bairro "Secondigliano" e não há ninguém que o desafie (excepto BdC, o "Ciro"). A bonomia com que os clubes mais pequenos defrontam o Benfica é a maior conquista de LFV no "tugão". Tal como a Juventus em Itália. Os empréstimos, Miguel Rosa, compras de bancadas, compras de passes, oferta de receitas, treinos no Seixal... tudo ofertas que ninguém pode recusar.
















*Na última cena do último episódio, o perigoso Ciro (no sentido que não tinha nada a perder), emboscou don Pietro e assassinou-o à queima-roupa. Resta esperar pela 3ª temporada se Ciro recuperará Secondigliano ou se as raízes (o filho, Genny) que Savastano deixou no bairro cresceram o suficiente para (lhe) deixar o poder intacto...


Juventus vs Gazzetta dello Sport

Googlei por "jornalixo" e a segunda imagem que apareceu, é do excelente blog "Mister do Café"! :)



A Juventus negou as acreditações dos 2 jornalistas da Gazzetta dello Sport destacados para reportar o jogo de sábado entre o campeão italiano e o Pescara. Isto seria, mais ou menos, como se o Porto negasse a entrada dos jornalistas d'A BOLA no estádio do dragão. Dei o exemplo do Porto porque a Gazzetta é de Milão (e, naturalmente, mais pró-Inter/Milan) e a Juventus é de Turim. Mas se excluirmos o aspecto geográfico, o exemplo podia muito bem ser o Sporting negar a entrada a jornalistas d'A BOLA (pró-lampiões). E que fez o jornal italiano de tão grave para chegar a esta reação do clube italiano?

No passado dia 4 de novembro, a Gazzetta dello Sport veio a público com uma história acerca do discurso de Buffon, o mítico guarda-redes da Juventus,  no balneário, logo após a vitória magra e difícil sobre o Nápoles (2-1). Dizia a Gazzetta que Buffon teria dito aos seus colegas que "Na Serie A podemos descansar, na Europa não."


A Juventus reagiu prontamente, negando que Buffon tivesse dito tais palavras mas a Gazzetta manteve a história e ainda explicou melhor a notícia: "Quanto ao verbo "descansar" que gerou tanta controvérsia, referia-se à diminuta convicção das outras equipas quando estas defrontam a Juventus, devido à superioridade 'bianconera' que, inconscientemente, é reconhecida pelos adversários."

Basicamente, o que a Gazzetta queria dizer é que os clubes italianos quando jogam contra a Juventus, já vão a priori com a derrota no pensamento e que, por isso mesmo, jogam de forma mais relaxado do que quando jogam contra o Inter ou Milan, por exemplo. Faz lembrar outro campeonato do sul da Europa?


Seja qual for a razão, o que quero fazer notar é quão "simples" foi o argumento que a Juventus utilizou para impedir 2 jornalistas do mais reputado jornal desportivo italiano de entrarem no seu estádio. Se os dirigentes do Sporting tivessem um oitavo da sensibilidade dos dirigentes da Juventus, no próximo jogo em Alvalade não estaria nenhum jornalista português.

João Mário, um dos melhores para a Gazzetta dello Sport no derby Milan 1-1 Inter

João Mário, um dos melhores para a Gazzetta dello Sport [Candreva, o melhor, com nota 7].


"Ei-lo, o "trequartista". Mas moderno: não fica parado, sempre à procura da melhor posição. Óptimas ideias mas um defeitozinho: remata pouco quando tem oportunidade para tal"




15 de novembro de 2016

"Títulos de Campeão Nacional de futebol" - Escrevem os leitores [jornal Record]

"Muito se tem discutido a questão dos "títulos" nacionais no futebol ao longo dos últimos tempos e ontem fomos brindados com uma capa do jornal "A Bola" que em vez de esclarecer, apenas vem adensar a polémica. Penso que o vosso jornal, na minha opinião o mais isento dos três jornais desportivos diários, poderia prestar um bom serviço a toda a comunidade que se interessa pelo tema e esclarecer definitivamente as pessoas, pois o que está em causa é essencialmente uma questão de português e da sua correcta interpretação.
E a questão é muito simples. Tudo depende do que se está a analisar, pelo que existem várias interpretações legítimas da contabilização dos "títulos".
Mas primeiro, alguns factos incontestáveis à luz da história:
1) O vencedor do Campeonato de Portugal foi sempre considerado à época, até à sua SUBSTITUIÇÃO, o campeão de Portugal, ou seja, o campeão nacional.
2) A I Liga, apesar de experimental (no sentido de aferir a viabilidade um campeonato de todos contra todos e esse campeonato passar a atribuir o título de campeão de Portugal) não deixa de ser uma competição oficial, e como tal deve contar para o palmarés dos seus vencedores;
3) O vencedor da I Liga, durante a sua curta existência, não recebia o título de Campeão de Portugal, mas apenas de campeão da I Liga, tendo a mesma ACABADO em 1938.
4) O título de Campeão de Portugal apenas passou a coincidir com o vencedor da Liga a partir da época 1938/39.
Estes factos estão atestados por actas da própria FPF:
Criação da I Liga em 1934 - "promover a título experimental o Campeonatos das Ligas, 1.ª e 2.ª Divisões, sem prejuízo dos Campeonatos Distritais, nem do Campeonato de Portugal";
Criação do actual Campeonato em 1938 - "acabar com os Campeonatos das Ligas e substituir o Campeonato de Portugal das jornadas em sucessiva eliminações, por um campeonato de maior rigor e regularidade, pelo sistema de "poule" em duas voltas".
Reparem bem nesta última Acta. O que é substituído é o Campeonato de Portugal e não o Campeonato das Ligas, o que é inequívoco acerca de qual a competição que até então atribuía o título de campeão nacional, o campeonato de Portugal. Caso fosse a então I Liga, então seria esta a ser substituída e não a acabar, como sucedeu.
Estes factos são indesmentíveis à luz da história, sendo totalmente descabido um revisionismo mais de meio século depois, apenas porque o formato da competição era X e não Y. Esse argumento é totalmente inaceitável, até porque há imensas competições que já atribuíram o mesmo título em diversos formatos (competições europeias e mundiais (mesmo de clubes), diversas modalidades (sistemas de playoff), escalões de formação, etc.), além de existirem países que contabilizam os seus campeões nacionais de futebol independentemente do formato da competição, mas sim com base no que era então convencionado. E em Portugal, desde 1921 até 1938, estava claramente convencionado qual a competição que atribuía o título de Campeão de Portugal. Era uma convenção aceite por toda a comunidade à época, pelo que tentar alterar, mais de meio século depois, o que as pessoas sentiam e aceitavam então, é totalmente inaceitável.
Isto não significa que não se considere mais justo um vencedor de uma Liga do que um sistema a eliminar. De facto, essa opinião é totalmente legítima, não pode é, só porque é mais justo, passar a ser mais de meio século depois o que não era então. De facto já na altura alguns defendiam que o campeão nacional deveria ser o campeão da Liga e não o vencedor do Campeonato de Portugal, mas isso, não passava de uma opinião, sem a necessária sustentação administrativa por parte da FPF. É exactamente o mesmo que defender uma alteração qualquer legislativa. Até pode existir unanimidade acerca da mesma, no entanto a mesma só passa a ser lei depois de aprovada nos órgãos competentes. E foi o que aconteceu também neste caso. Com base nessa "justiça", considerando que o Campeão Nacional deveria ser encontrado através do sistema de Liga, em 1938 a FPF, após 4 anos de experiência, decide passar a atribuir o título ao vencedor da nova liga então criada SUBSTITUINDO O CAMPEONATO DE PORTUGAL.
Ora perante este novo cenário, tratando-se de uma nova competição e tendo em conta que o campeão de Portugal se passou a apurar num sistema diferente do que acontecia até então, a generalidade da imprensa decidiu separar todos estes títulos (Campeonato de Portugal, I Liga e Campeonato Nacional), contabilizando-os separadamente até meados dos anos 2000. É fácil ver nos vossos registos e publicações isso mesmo.
Portanto, o que não se entende (porque está historicamente errado) é adicionar os títulos da I Liga aos títulos do campeonato nacional e designar os mesmos de "campeão nacional", pois não é a mesma coisa. Isto foi erradamente aceite pela imprensa desportiva a partir de meados dos anos 2000, mas constitui uma imprecisão histórica que deve ser esclarecida, até porque durante mais de 60 anos tudo era contabilizado distintamente, e sem polémicas.
E mesmo que isto, em determinado momento, tenha sido aceite pela FPF, é dever da imprensa desportiva resgatar a verdade histórica, pois, pura e simplesmente, esses títulos não podem ser, 60 anos depois, o que não eram então, mesmo que um qualquer órgão o delibere agora. Isso sim é revisionismo. É o mesmo que o parlamento alemão decretar que o Holocausto não existiu. Até poderia haver unanimidade, mas isso mudava o que de facto aconteceu?
Ou seja, voltando ao início, respeitando a história, tudo não passa de uma correcta aplicação do português.
Assim, se estivermos a falar de títulos de "campeão da Liga", efectivamente a contabilidade dos três grandes é a seguinte:
SLB - 35
FCP - 27
SCP - 18
devendo neste caso ser ressalvado que três dos títulos do SLB, bem como um do FCP, foram da I Liga (1934 a 1938),aos quais não correspondia então o título de campeão nacional.
Caso estejamos a falar de títulos de "campeão nacional", a contabilidade é a seguinte:
SLB - 35
FCP - 30
SCP - 22
devendo neste caso ser ressalvado que três dos títulos do SLB, bem como quatro do FCP e do SCP, foram do Campeonato de Portugal (1921 a 1938), prova em sistema de eliminatórias que foi substituída em 1938/39 pelo Campeonato Nacional.
Tudo isto, porque durante 4 anos, efectivamente, a Liga não atribuiu o título de "campeão de Portugal", mas apenas de vencedor da I Liga, cabendo o título de "campeão de Portugal" ao então vencedor do Campeonato de Portugal.
Devido a todo este historial, e perante um novo sistema instituído em 1938/39, no qual, pela primeira vez, o campeão da Liga (então designado Campeonato Nacional), passa a ser considerado o Campeão Nacional, a generalidade da imprensa decidiu contabilizar tudo separadamente, considerando apenas como campeão nacional os vencedores do campeonato nacional a partir de 1938/39. Apesar de não ser a mais correcta interpretação sob o ponto de vista histórico, como se viu atrás, foi de facto uma decisão salomónica, e que na verdade, durante mais de meio século, não mereceu grande contestação. Sob este prisma a contabilidade é a seguinte:
SLB - 32
FCP - 26
SCP - 18
Como referi anteriormente, durante mais de meio século, esta última contabilidade sempre foi relativamente pacífica, até que em meados dos anos 2000, decide-se alterar, e, imagine-se!, da pior forma, ou seja, considerando os títulos da I Liga, ao invés dos títulos do Campeonato de Portugal, como títulos de campeão nacional, ao arrepio da história e do que então estava convencionado e era formalmente reconhecido à época pela FPF. Porquê?
Espero sinceramente que o Record, respeitando também a sua história e todas as publicações que lançou ao longo dos tempos e que mais do que sustentam o que transmiti, saiba esclarecer definitivamente a opinião pública sobre o tema, a bem da verdade, e nada mais do que isso.
Dizer, por fim, que contabilizar os títulos do Campeonato de Portugal como títulos da Taça de Portugal, só porque se tratava de um sistema de eliminatórias e a taça era semelhante, é um exercício totalmente absurdo, pois ignora totalmente o contexto à época e as convenções então instituídas. Quem defende isso, demonstra bem o respeito que tem pela história - zero!"

Autores: Adolfo Sapinho


13 de novembro de 2016

#revisiona-mos

A maior supresa da grande "investigação" do jornal A BOLA de hoje é apenas que foi publicada já em novembro e não em maio, logo após mais um título do Benfica (para aumentar a humilhação) ou do Sporting (para retirar brilho). Tudo o resto que vem lá publicado por António Simões (pudera...) é algo que já tinha lido algures num qualquer blog lampião. As "chapas" do troféu da Taça de Portugal, a infame acta da FPF de 1939... já tudo era conhecido.

Apenas registo duas coisas:

- A tentativa, voluntária ou propositadamente, de "colar" a Bruno de Carvalho esta reivindicação do Sporting, quando já desde - pelo menos - 1954, esta questão se colocava.

- A omissão de frases, partes, pequenas peças do "puzzle", como por exemplo esta frase importantíssima do livro de Henrique Parreirão "(...) Federação respondeu, acabando com todas as dúvidas e confusões: São campeões de Portugal todos os clubes que ganharam esta prova, propriamente dita, de 1921/22 até 1937/38 e serão campeões nacionais os clubes que vierem a ganhar a competição, organizada em novos moldes, a partir de 1938/39."


Esta frase, alegadamente proferida pela FPF, "serão campeões nacionais os clubes que vierem a ganhar a competição, organizada em novos moldes, a partir de 1938/39", retira qualquer possibilidade de o Benfica poder - seja em 2005 ou noutra altura - reivindicar os 3 títulos do Campeonato da Liga (1934-1938) como sendo os de "campeões de Portugal" e juntá-los à lista dos 32 títulos de campeões da 1ª Divisão Nacional. Aliás, é o que, justamente, o próprio jornal A BOLA faz hoje! Não junta os títulos:




Agora, a partir do momento em que o Benfica "oficializa" o Campeonato da Liga de 37-38 (mais os de 35-36 e 36-37), acrescentando 3 títulos de uma assentada ao seu palmarés, feriu no orgulho (desportivo) de todos os que participaram nos desafios do Campeonato de Portugal disputados entre 1934 e 1938(39). Esse é o pecado mortal que faz com que o Sporting (e muito bem, digo eu), queira reivindicar os títulos ganhos entre 1921 e 1939. E sobre isto, não tenho mais nada juntar ao que já disse anteriormente.



EDIT:

Quero apenas terminar dizendo que eu não acredito que alguma vez a FPF, Liga, FIFA ou UEFA dêem razão ao Sporting. É algo que já tomo como garantido. É melhor que nos habituemos a isso.Isto faz-me lembrar o que se passa com a Juventus e os seus 32/34 títulos. Como se sabe, em 2006 rebentou o escândalo "Calciopoli", a Juventus foi enviada para a 2ª divisão e foram retirados (pela Liga Italiana) os 2 títulos de campeão ganhos em 2005 e 2006. Oficialmente, a Juventus tem "apenas" 32 títulos mas isso não impede os seus adeptos e o próprio clube de comemorarem e reivindicarem 34 títulos. Eu não concordo com a reivindicação da Juventus mas aceito o direito ao protesto do clube italiano e seus adeptos. E, ao final de contas, é isso que interessa. Quando escrevi este post, fi-lo tendo em mente apenas os adeptos do Sporting, não quis nem quero convencer lampiões. Não é isso que me importa. Eu sei bem em que país vivemos. Sei bem contra quem lutamos. O que me importa é o Sporting e os Sportinguistas, nada mais.

Sporting Sempre.