10 de junho de 2015

"Uma obra-prima não nasce sem loucura"

Os ataques (des)concertados continuam. Ontem, foi a vez do Godinho Lopes - o Godinho!! ahah - atacar o presidente do Sporting com a nova narrativa do "esquizofrénico", seguindo o guião montado pelos "notáveis" como Dias da Cunha, Vasco Lourenço, Roquette e Abrantes Mendes.


Bruno de Carvalho é um louco.


Nos inícios dos anos 70, surgiu no panorama cinematográfico mundial um realizador chileno totalmente desconhecido e completamente alucinado, chamado Alejandro Jodorowsky. Alejandro não percebia nada de cinema, não nasceu no meio, não conhecia ninguém, não era um "notável" de Hollywood, e, após uns anos envolvido no teatro, resolveu realizar um par de filmes que, para a altura, eram considerados verdadeiras obras-primas ou algo que merecia ser banido.


Apesar de tanta polémica, Jodorowsky viu ser reconhecido o seu trabalho em França, onde um produtor local apostou nele e disse-lhe que o apoiaria na realização e produção do seu próximo filme, fosse qual fosse o tema. Jodorowsky escolheu realizar um filme de ficção científica, baseado no livro "Dune", de Frank Herbert. Diz ele que queria fazer de "Dune" um filme que criasse nos seus espectadores o mesmo efeito que a droga LSD produzia nos seus consumidores. eheh. Após o épico "2001 - Odisseia no Espaço", "Dune" prometia ser o maior filme de sempre de ficção científica e, mais que um filme, uma verdadeira experiência de vida. O espiritual Jodorowsky resolveu começar a procurar os seus "guerreiros", pessoas que ele sentisse que estariam verdadeiramente com ele, de corpo e alma, preparados para realizar a obra-prima de uma geração.

Contactou os melhores actores da altura e os melhores "experts" de desenho e efeitos especiais e conseguiu convencê-los a participar nessa aventura. Salvador Dali, Orsow Wells, Mick JaggerPink Floyd, Jean Giraud, aka Mœbius (um dos melhores artistas de banda-desenhada de sempre), entre outros, aceitaram o desafio de Jodorowsky. Outros ficaram de fora. Por exemplo, conta o realizador chileno que, quando se deslocou a Hollywood para se encontrar com Douglas Trumbull, o responsável pelos brilhantes efeitos especiais de "2001 - Odisseia no Espaço", de imediato sentiu que este não tinha espírito de "guerreiro" suficiente para embarcar no seu exército. Enquanto discutiam o projeto, Trumbull atendeu o telefone um par de vezes, demonstrando que não estava assim tão interessado no que Jodorowsky dizia. "Falava de si com muita vaidade", disse Jodorwosky. "Não posso trabalhar consigo", disse Jodorowky ao melhor especialista de efeitos especiais, passe a redundância, dos anos 70.



O maior filme de sempre que nunca saiu do papel.




O maior erro de Bruno de Carvalho não foi ter despedido Marco Silva. O maior erro dele foi o ter contratado por quatro anos. Marco Silva não era um "guerreiro" de Bruno de Carvalho, era simplesmente um profissional vaidoso. Leonardo Jardim, apesar de todo o seu profissionalismo, não é(ra) vaidoso. Possivelmente, não assimilava tudo o que BdC pretendia mas nunca colocou o Sporting acima dele e da sua posição de (mero) treinador.

Se Jodorowsky fosse um presidente de um clube de futebol e quisesse construir uma equipa "obra-prima", tenho a certeza de que Jorge Jesus seria uma das suas primeiras escolhas. Possivelmente, o primeiro seria Bielsa, devido às raízes (sul-)americanas de ambos mas se fosse português... Jesus seria, definitivamente, o Paul Atreides de "Dune".

É verdade que "Dune", o melhor filme de sempre jamais visto, nunca chegou a ser realizado por Jodorowsky mas isso deveu-se apenas a um "pormenor": o dinheiro. Ou a falta dele. Quando o amigo produtor francês de Jodorowsky andou a apresentar o guião e o projecto de "Dune" aos grandes estúdios de Hollywood, todos - sem excepção - torceram o nariz  e responderam negativamente porque não confiaram em Jodorowsky. Achavam-no demasiado "louco" e demasiado "ambicioso".



"Mas eu tenho ambição. Por que não ter ambição? Porquê? Tenham a maior ambição possível. Querem ser imortais? Lutem para ser imortais. Façam-no! Querem fazer a arte ou o filme mais fantásticos? Tentem! Se falharem, isso não importa. É preciso tentar."

Jodorowky, no documentário "Jodorowsky's Dune", de 2013.



Bruno de Carvalho é "louco" e ambicioso como Jodorowsky mas conseguiu - para já - aquilo que o realizador chileno não conseguiu: dinheiro para contratar o seu "guerreiro", Jorge Jesus.

Vamos ter filme.


7 comentários:

Tozé disse...

Loucura é fazer posts a inventar planos de agressões!

Anónimo disse...

jodorowsky é chileno (ó tozé, vai-te encher de moscas)

Captomente disse...

@oh tozé, escolhe um nick definitivo, assim torna-se complicado.

@Anónimo Chileno! Eu sabia que era chileno mas confundi-me todo. Vou editar. Obrigado. ;)

SL

Tiago disse...

OLHÓ OFFTOPIC!
https://missaopavilhao.pt/index.php/mural/search
Procurapor malta conhecida. O JEB deu 100€.

Diogo Marques disse...

ahaha, o soares franco meteu 50€, dos outros croquetes mais nenhum deu nada (o santana, o cunha ou o zé croquette)

Anónimo disse...

Capto,

Brilhante post. Concordo a 100%. E aprendi mais com ele do que em muitas enciclopedias. Vou ter que rever o Dune, que vi na premiére mundial no ciclo de ficção cientifica na Gulbenkina, há muitas luas atrás.E o Jodorwsky já não me escapa. Bem hajas pela tua cultura e pelo finíssimo gosto clubista. Continua!

Kadechima

Captomente disse...

@Kadechima

Muito obrigado pelas palavras mas não gosto de enganar ninguém - não sou assim tão "expert" na matéria, falei no Jodorowsky porque vi há pouco tempo um documentário de 2013 (http://www.imdb.com/title/tt1935156/ ), precisamente sobre a odisseia dele quanto tentou realizar o filme. Quer dizer, aprecio bastante cinema e poderei considerar-me um "cinéfilo amador" mas não sou nenhum "expert"... :P

SL