12 de outubro de 2013

A Coca-Cola do Sporting

Slavoj Žižek, filósofo dos nossos tempos e um cinéfilo convicto (tal como o nosso presidente), disse isto durante o o seu mais recente documentário:

“Vou dar um gole de Coca-Cola. Está a ficar quente, já não a é a ‘verdadeira’ Coca-Cola e esse é o problema. Estão a ver, esta passagem da dimensão do sublime para excremento. Quando está fria, devidamente servida, tem uma certa atracção, e subitamente, isto pode-se alterar para pura merda. É a dialéctica elementar das comodidades”.


Tem pinta de ser Sportinguista. Vou propô-lo para sócio!


Ok, a última parte já é mindfuck demais para mim, mas o que interessa salientar é isto: a mesma coisa (Coca-Cola), sob circunstâncias diferentes (quente ou fria), provoca reacções diversas (prazer ou repúdio). Quando li esta semana o ex-presidente do Sporting, Soares Franco, a lamentar-se que agora os sócios estão a aprovar coisas que no seu tempo reprovaram, lembrei-me imediatamente desta metáfora do maluco do Žižek. Nós andamos durante estes últimos anos a beber Coca-Cola quente em Alvalade. O Sporting de Soares Franco, Bettencourt e Godinho era puro excremento

Não deixámos de gostar de Coca-Cola, apenas não a saboreávamos como devia ser.

Eles não conseguem perceber que a Coca-Cola deles não tinha sabor, por mais craques ex-Liverpool ou ex-Barcelona que adornassem o rótulo da garrafa ou por mais tinta verde que aplicassem no miserável relvado do estádio. (Relvado esse que, por coincidência, sem holofotes especiais e engenheiros, está como nunca esteve nestes últimos 10 anos)

Não conseguem perceber que nos fartámos de beber Coca-Cola quente. Não percebem que nós já percebemos que eles quiseram ficar com as Coca-Colas frescas para eles e deixaram as quentes para nós.


Custa-lhes a aceitar que se voltou a beber Coca-Cola fresca em Alvalade. Enjoy.

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