26 de setembro de 2014

Porta-aviões ao fundo

"Fifa is expected to make a "significant" announcement on third party ownership (TPO) on Friday, with a ban on investment companies taking a stake in the economic rights of players believed to be under consideration.

Already banned under Premier League rules, TPO is common in Europe and South America, with investors seeking to make profits on their stake.

Manchester City's £32m purchase of Eliaquim Mangala from Porto is just one of four major deals that went through in England this summer involving TPO.

English clubs who wish to buy players co-owned by an investor and a team are already required to buy out the contract rights from all parties retaining a financial interest.

BBC Sport understands Fifa discussed the issue on Thursday, the first day of its autumn executive committee meeting in Zurich, Switzerland.

Earlier this week the Fifa players' status committee - which oversees issues around transfers - is believed to have voted in favour of recommending a ban on TPO."

Mais aqui: http://www.bbc.com/sport/0/football/29373456




24 de setembro de 2014

A importância das leoas

Das poucas coisas boas que retenho do tempo do José Eduardo Bettencourt é um punhado de frases dele, aquando de uma cerimónia qualquer, relativas ao papel das mulheres sportinguistas e quão importante são elas no presente e futuro do Sporting. Dizia ele:




"O líder do clube “verde-e-branco” deixou ainda um apelo às mulheres sportinguistas. Sublinhando o seu «papel decisivo na orientação da vida das crianças», Bettencourt disse que «quando alguma sportinguista tiver a infelicidade de casar com um benfiquista, tem o dever de fazer com que o filho continue a ser sportinguista».

«Este trabalho de sapa nas famílias é fundamental», sublinhou." in A Bola."





Apesar de o dom da eloquência não ter abençoado JEB, percebi bem o que ele quis dizer. Há anos que o penso. Há muitas mulheres sportinguistas, muitas mesmo, talvez mais do que homens, pelo menos percentualmente em relação a lampiãs/tripeiras. É um bem nosso que temos de saber preservar e fazer prosperar. Sinceramente, até creio que se pode fazer muito mais (por exemplo, cadê o futebol feminino no Sporting?) mas esse é outro assunto.

O que quero realçar são estes dois exemplos práticos do quão importante é não menosprezar a importância das mulheres no futebol em geral e no Sporting em particular. A importância das leoas:




D. Dolores Aveiro, mãe do Cristiano Ronaldo.





D. Lídia Costa, mãe do João Mário e do Wilson Eduardo




23 de setembro de 2014

Tiro no porta-aviões (da Doyen)

Coincidência ou não, duas semanas depois da presença de Bruno de Carvalho na Soccerex, em Manchester, vários jornais europeus conceituados lançaram grandes reportagens sobre aquilo que nós, portugueses e principalmente, os sportinguistas, já conhecemos de cor e salteado: o poder (desregulado e desmedido) que os fundos têm nos negócios do futebol, a influência de Jorge Mendes, as estranhas compras-vendas-compras de Mangala e Brahimi e, claro, a luta que Bruno de Carvalho encetou contra este poder, com o infame imbróglio Sporting/Rojo/Doyen.

Depois de há dois dias, o The Guardian ter publicado uma grande reportagem intitulada "Jorge Mendes: the most powerful man in football?", hoje foi a vez da notabilíssima France Football trazer-nos uma grande reportagem chamada "TPO (Third-Party Ownership) - O novo dopping das transferências" e da ExtraTime (revista semanal da italiana Gazzetta dello Sport) escrever outra "Reportagem - a nova forma de investimento - Ao fundo com os Fundos". 

"Bruno de Carvalho, le Don Quichotte du football portugais"

Tudo o que lá vem - os negócios entre clubes portugueses e fundos, Jorge Mendes, etc, etc - já é por nós sobejamente conhecido, porém, ambas as reportagens contêm alguns pormenores curiosos como aos nomes dos milionários investidores na Doyen e claro, duas entrevistas ao presidente do Sporting, Bruno de Carvalho. Ainda não li tudo pormenorizadamente mas é provável que contenham mais material inédito. A entrevista da France Football foi efectuada durante a Soccerex e da ExtraTime é uma entrevista exclusiva para a revista italiana, realizada por um jornalista português, André Viana. Realçar também uma entrevista ao presidente da SAD do Estoril e diretor da Traffic, o brasileiro Thiago Ribeiro.

P.S. Parece que esta jornada de reportagens sobre a TPO e os fundos culminou com esta outra do The Guardian que inclui declarações fortes de um porta-voz da UEFA contra a forma como os fundos de investimento estão a proliferar, desreguladamente, por essa Europa fora e prometendo medidas para a combater.








P'ra quem quiser sacar os pdf's completos de ambas as revistas, aqui têm:

- France Football
- ExtraTime


20 de setembro de 2014

Entrevista ao Miguel Prates

Caros sete leitores do blog, é com muito prazer que vos apresento uma entrevista exclusiva com o melhor narrador de futebol português, Miguel Prates! Ou, pelo menos, o meu narrador de jogos de futebol favorito. E porque é que é o meu narrador de futebol favorito? Simples. Além da forma clara e esclarecedora como consegue nos fazer perceber aquilo que estamos a ver, é alguém que, mesmo após estes anos todos a ouvi-lo a narrar jogos, nunca consegui “descobrir” de que clube é ele simpatizante! 

Se, numa semana, fico com ideia que o Miguel é adepto do clube X, quando o ouço na semana seguinte a narrar outro jogo, mudo de opinião e julgo que, afinal, torce pelo clube Y! E tem sido assim desde sempre. Ao contrário de quase todos os outros, acerca dos quais já cheguei a uma conclusão, seja ela correcta ou errada, sobre o clube com que simpatizam, no caso do Miguel Prates, até hoje, ainda não consegui chegar a conclusão nenhuma! Acho que é o maior elogio que posso fazer a um narrador de jogos de futebol, especialmente em Portugal.

É verdade, já há algum tempo tinha pensado em perguntar ao Miguel Prates se aceitaria responder a algumas perguntinhas sobre a sua profissão e sobre futebol em geral e esta semana decidi-me e perguntei. Confirmando a boa imagem que tinha dele, o Miguel Prates aceitou (quase de pronto)! 

Agradeço a disponibilidade ao grande Miguel Prates em perder tempo com esta patetice. Queria fazer perguntas inteligentes e com piada mas, infelizmente, saíram estas:



Com quem é que joga o Sporting: Apesar de ter memória do Miguel Prates na RTP, só me lembro verdadeiramente de si e da sua voz já na Sporttv. Para quem não o conhece bem, podia-nos contar o seu trajecto profissional e da forma como surgiu a narração de futebol na sua vida? É uma paixão de criança ou foi algo que surgiu por acaso?
Miguel Prates: O desporto e principalmente o futebol são uma paixão de criança até porque pratiquei federado 5 anos no Estrela da Amadora. A narração foi uma consequência da entrada para o desporto na RTP. Não foi fácil porque existiam grandes nomes mas acreditaram em mim e aconteceu.

CQJS: Sendo jornalista, qual a vertente da sua profissão que mais gosta de praticar: a entrevista, opinião, comentário, reportagem ou é mesmo a narração?
MP: Narração, reportagem e entrevista.

CQJS: Quais foram as suas inspirações para a narração de jogos, se é que teve algumas? 
MP: A minha inspiração é apenas o gosto pelo jogo.

CQJS: Não sente que houve muitas mudanças no jargão utilizado pelos treinadores da nova “geração” e que foram sendo importadas pelos narradores e comentadores de futebol, tornando-o mais “técnico” e mais “táctico”? Isso beneficiou ou prejudicou a relação dos adeptos/telespectadores com o jogo, na sua opinião? 
MP: A utilização de expressões técnicas não pode de maneira nenhuma selecionar os telespectadores. É para eles que trabalhamos e eles devem perceber tudo o que dizemos . Sou partidário de uma linguagem mais simples e entendível .

CQJS: Acompanha o que vai sendo dito nas redes sociais? Pondera alguma vez ter conta no Twitter, por exemplo?
MP: Não acompanho muito. Twitter, não.

CQJS: Ainda em relação à pergunta acima, costuma ler blogs “desportivos” ou outro tipo de sites que não os dos três jornais desportivos?
MP: Blogues, não muito por simples opção. Outros sites, sim, nomeadamente estrangeiros .

CQJS: Qual aquele jogo que jamais se esquecerá de ter narrado?
 MP: FC Porto-Bayern '87, Leverkusen 4-4 Benfica, Nápoles de Maradona-Sporting e Portugal-Irlanda.

CQJS: A maior gaffe que deu em direto?
MP: Gaffes, houve de certeza mas agora não me lembro de... nenhuma.

CQJS: Lembra-se se, durante a narração de um jogo, alguma vez se tenha “descaído” e desvendado a sua cor clubística inadvertidamente, por exemplo, quando comemorou um golo de uma forma mais “apaixonada” ou algo parecido?
MP: Não narro sempre de forma apaixonada, por isso dizem sempre que sou dos clubes que marcam golos.

CQJS: Maradona ou Messi?
MP: Maradona.

CQJS: Mourinho ou Guardiola?
MP: Mourinho.

CQJS: Os nomes de três jogadores que mais gostou de ver nos relvados portugueses nos últimos 30 anos?
MP: Futre, Falcão, Jardel.

CQJS: Acredita que algum dia o futebol português deixará de viver neste estado de “guerrilha” permanente em que estão envolvidos Benfica, Sporting e Porto?
MP: Não me parece. Difícil quando 90 por cento dos conteúdos dos programas desportivos versam o tema arbitragem.

CQJS: Como se diz: Pirlo ou Pilro?
MP: Pirlo.

CQJS: Como é que se ganha motivação para narrar um Cesena – Sassuolo, às duas da tarde de um domingo de agosto? 
MP: Fácil. Bola a rolar e entusiasmo na narração, não perdendo nunca a máxima que se tem de fazer bem, quer seja para um ou para um milhão.

CQJS: Qual a sua opinião sobre os canais de clubes? Vê-os como uma inevitabilidade, um sinal dos tempos, ou como algo positivo e com espaço de evolução? Seria capaz de trabalhar num?
MP: Canais de clubes, para mim não tem retrocesso. Entras num e não podes voltar aos generalistas .

CQJS: Gosta de ver jogos de futebol além daqueles que narra ou quando sai do trabalho e chega a casa, nem quer saber mais de bola?
MP: Há sempre tempo para ver um bom jogo mas geralmente prefiro um bom... jantar.

CQJS: A Sporttv “contratou”, e muito bem, diria eu, a treinadora de futebol, Helena Costa, para a sua equipa de comentadores de jogos de futebol. Crê que o futuro do futebol passa também pelas mulheres, seja como jornalistas, treinadores, jogadoras, adeptas ou mesmo dirigentes? Por exemplo, consegue imaginar uma mulher tornar-se presidente de um dos três grandes clubes num futuro próximo?
MP: A questão não é o sexo, é a qualidade e a competência.


Não posso deixar passar esta oportunidade para fazer algumas questões sobre os nossos principais clubes.


CQJS: Terá Lopetegui capacidade para criar uma forte equipa com o plantel que tem à disposição?
MP: Acho que já está a formar.

CQJS: O Benfica continua a ser o mais sério candidato ao título?
MP: Neste momento é difícil lançar dados com muita certeza... as equipas ainda estão em formação.

CQJS: Este Sporting de Marco Silva tem mais espaço para crescer ou nem por isso?
MP: O Sporting de Marco Silva tem margem de crescimento mas não com o cutelo do título por cima do pescoço.


CQJS: Nunca mais me esqueci de uma frase sua, no fim do jogo Itália 1-1 (5-3, a.g.p.) França, final do Mundial 2006, quando o Fabio Grosso marca o penalty vitorioso, a câmara foca o banco italiano e vemos o Marcello Lippi, de manga curta, levantando-se do banco efusivamente sem antes pegar no casaco, ao mesmo tempo que o Miguel dizia “Marcello Lippi, campeão do Mundo mas não se esquece do casaco”. Ahahah Genial! Lembra-se disso? 
MP: Não me lembro mas obrigado pela recordação. É sempre interessante recordar momentos divertidos porque a narração também é divertimento.


CQJS: Finalmente, a última pergunta: qual o seu clube… estrangeiro favorito??
MP: Os meus dois clubes estrangeiros são o Manchester United e o Real Madrid.


Pronto, já acabou! 

Volto a agradecer a gentileza em ter perdido um pouco do seu tempo em responder a umas perguntas de um blog qualquer que ninguém conhece, excepto os sete leitores habituais que têm o blog nos favoritos. É, de facto, incrível. (tanto o blog ter tantos leitores como o Miguel ter aceitado responder a algumas perguntas!)

Muitas felicidades para a sua carreira e espero que esteja p’ra breve o dia em que tenha o prazer de o ouvir dizer “Acabou o jogo! Portugal é o novo campeão europeu!” :)

MP: Espero que Portugal seja o próximo campeão europeu. Difícil, difícil...

14 de setembro de 2014

Continuidade

Depois do jogo acabar, invadem-nos trezentos mil pensamentos: não jogámos um caralho, o Belenenses só (não) joga assim connosco, João Mário no lugar no André Martins, já!, os reforços... quais reforços?!. o treinador é uma merda, assim não vamos lá, o Porto/Benfica vai ser (outra vez) campeão, venha o Peseiro!

É verdade, eu pensei tudo aquilo que escrevi acima. Mas hoje lembrei-me do que o speaker do Sporting disse depois do jogo ter acabado, quando nos avisou que tínhamos ganho hoje (ontem) ao Benfica em andebol. Ok, soou um pouco a um "Vá, ao menos ganhámos algo", mas acredito que mesmo que tivéssemos ganho ao Belenenses, o speaker teria nos avisado na mesma de tal vitória.

Mas voltando ao futebol. O futebol, seja Bruno de Carvalho, Inácio e mesmo o Marco Silva, só tem é de pôr os olhos no andebol e, principalmente, no futsal do Sporting. Além do futebol, são as outras únicas modalidades, verdadeiramente profissionais do clube. E que é que verificamos? Que, apesar de ambas não terem um sítio próprio para treinar e jogar regularmente, de terem um orçamento inferior a Benfica e Porto, conseguem, ano após ano, a dar luta aos dois e de, inclusive, ganhar títulos (Taças, no caso do andebol, campeonatos e Taças, no caso do futsal)!

Qual o segredo? Para mim, na minha humilde opinião, o "segredo" chama-se: continuidade.


Parece que há uma "Lei da Continuidade" qualquer em Psicologia.


Priberam é o meu melhor amigo quando estou a escrever posts aqui no blog. Ora bem, "continuidade" significa:

(latim continuitas, -atis)
substantivo feminino
1. Qualidade do que é contínuo.
2. Extensão ou duração contínua.


Sem dinheiro, e sem perspectivas futuras de virmos a descobrir poços de petróleo em Alvalade ou de que um fundo (sem fundo) queira novamente investir no clube, a única hipótese de sucesso desportivo no futebol, chama-se "continuidade". Creio que tanto BdC e Inácio têm isso em mente, na medida em que, nesta época, apenas saíram dois jogadores daqueles que podemos considerar como sendo do "núcleo duro", Rojo e Dier.

É verdade que ficámos algo debilitados no centro da defesa mas, sinceramente, não vejo muitas diferenças no Naby Sarr e no Rojo da primeira e segunda época no Sporting. Temo mais Maurício do que Sarr. Pode ser que Oliveira cresça mais um pouco e comece a lutar pelo lugar.

Continuando, e p'ra acabar, espero que, qualquer que seja o resultado final desta época, haja continuidade. Lembro-me de épocas, tanto no andebol como no futsal do Sporting, em que não ganhámos nada e a base da equipa/plantel continuou, exceptuando a questão do treinador.

Hoje, está à vista de todos que foi esse o "segredo" do sucesso.


Novo episódio

Da série "Coisas que só vemos em Alvalade", depois da peitaça de um árbitro a um treinador do Sporting, eis o "Empurrão de um árbitro a um jogador do Sporting".



(e não, não por isto que perdemos o jogo)

9 de setembro de 2014

O "sistema" v2.0

A propósito disto que escrevi aqui no início do ano, deixo uma frase elucidativa que o (ainda) presidente da Liga, Mário Figueiredo, disse ontem, durante a entrevista que deu na RTP Informação:


"O Benfica, como clube maior em termos de exposição e adeptos em Portugal, no meu entender, não devia tentar seguir o exemplo daquilo que tem sido o domínio feito pelo FC Porto. E devia tentar, digamos, criar um sistema em Portugal em que o futebol fosse mais transparente e mais claro. Eu refiro me concretamente a uma questão muito simples: a questão da arbitragem."