e podia ter a confiança do exército
mas para Júlio César,
o preço da tirania seria pago em sangue,
na casa do Senado.
Talvez isto possa ser uma lição para os líderes modernos.
Cuidado com aquilo que desejas - demasiado poder traz um custo associado.
E há sempre alguém à espera na sombra.
A versão que nós temos hoje sobre o assassinato de Júlio César
é uma versão heróica e de sucesso da luta da liberdade contra a tirania.
Na realidade, não foi nada assim.
Para começar, se foi uma luta de liberdade para alguém,
foi para uns quantos políticos privilegiados.
Os homens comuns de Roma choraram a morte de César.
Mas também não podemos dizer que foi uma história de sucesso.
O problema dos assassinatos é que é sempre fácil de eliminar o tipo
mas é muito mais difícil saber o que fazer a seguir.
Os assassinos correm sempre o risco de trazerem consigo
exatamente aquilo contra o qual estavam a lutar.
Neste caso, assim que o acto foi cometido,
os conspiradores revelaram não ter nenhum plano seguinte.
Tudo o que conseguiram foi uma guerra civil,
que acabou por produzir o governo de um homem só,
os imperadores, ou se quiserem, os ditadores daí em diante.
Portanto, o assassinato de César apenas serviu
para fortalecer exactamente aquilo que era suposto destruir.
O resultado foi que Roma caiu sobre o poder absoluto de um homem:
o herdeiro de César e seu sobrinho-neto, Augusto.
A República de Roma era agora governada por um imperador"
Últimas frases de Mary Beard, historiadora inglesa e doutourada em Estudos Clássicos, no seu último documentário para a BBC "Julius Caesar Revealed".