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4 de novembro de 2018

2+2=4

Na última (brilhante) crónica de Jorge Valdano no El País, sobre a demissão de Lopetegui do Real Madrid, a certa altura, diz ele sobre o ex-treinador do Porto "Lopetegui simulaba estar vivo". O mesmo se poderia dizer de Peseiro, a cada vez que o tínhamos de ouvir nas conf. imprensas pré-jogo ou nas flash-interviews pós-derrotas. José Peseiro simulava estar vivo, simulava continuar a ser treinador de futebol (do Sporting). Saltava à vista a inaptidão do coruchense para o trabalho, ponto. É um pena, José Peseiro pode muito bem ser um "bom chefe de família", como diria o treinador do Benfica, Rui Vitória, e uma pessoa "muito afável", como disse Sousa Cintra na altura em que o contratou, mas... não chega. Não chega para o Sporting como não chegou para o Braga, Guimarães e Porto. É a vida.

Se Varandas deveria o ter demitido assim que foi eleito presidente do Sporting? Sim, é uma dúvida legítima, talvez a única que pode e deve ser colocada neste momento. Agora, a decisão em si, de demissão de José Peseiro, é um acto legítimo e, para mim, como Sportinguista, mais importante que isso, é um acto corajoso. Seria, sem dúvida, muito mais fácil para Varandas continuar com José Peseiro, uma escolha extemporânea de Sousa Cintra e da Comissão de Gestão por si liderada, e como tal, ficar ilibado de quaisquer resultados negativos daí adjacentes no final da época... e também, como não, ficar meio esquecido de condecorações no final de época, caso surgissem resultados positivos (i.e., sermos campeões).

Varandas tomou uma decisão corajosa, indo contra a maior parte da opinião de jornaleiros e comentadores, quase todos favoráveis à ideia de que Peseiro estaria a fazer um "bom trabalho". Bom trabalho para quem, eis a questão? Se é verdade que estávamos a dois pontos no momento da sua saída, também verdade que, a cada jogo que passava, jogávamos pior (excetuando, é verdade, o jogo com o Boavista).

Varandas tomou uma decisão corajosa e quando começo a pensar na sua equipa dirigente, aquela que foi escolhida e eleita pelos Sportinguistas, vejo-me obrigado a dar o benefício da dúvida. Varandas tem na sua equipa dois ex-jogadores de Peseiro, Beto e Hugo Viana. Ora, eu não tomo Varandas como um ditador autista, bem pelo contrário, e não duvido que, antes de tomar a decisão de demitir Peseiro, auscultou atentamente, como um bom médico faria, os sinais exteriores que o doente emitiu, isto é, ouviu Beto e Hugo Viana, actuais dirigentes do Sporting de José Peseiro e ex-jogadores do tempo de José Peseiro. José Peseiro não é mais o treinador do Sporting. 2+2=4. Juntemos a isto os lenços brancos, o duplo-triplo-pivot e uma mão cheia de lesões musculares e temos Marcel Keizer como novo treinador do Sporting (aparentemente). Pioraremos doravante? Não creio.


A primeira imagem que encontrei depois de googlar "2+2=4 Marcel Keiser". Complicado, tal como o Sporting.

8 de outubro de 2018

̶c̶h̶u̶l̶i̶s̶m̶o̶ cholismo

A principal questão que tem de ser esclarecida, neste momento particular do Sporting, é: qual é, afinal, o principal objetivo da equipa principal do Sporting para esta época? Ser campeão? Ficar em 2º (lugar de Champions)? Ficar em 3º/4º (lugar de Europa League)? Ficar em 3ª/4ª e ganhar uma das taças? É que, apenas quando se soubesse a resposta para esta questão é que os demais jornaleiros e comentadores poderiam aferir, justamente, se o trabalho do Peseiro à frente da equipa do Sporting tem sido bom, mau ou medíocre. Já os adeptos e sócios, esses, têm o direito de poderem dizer o que quiserem sobre aquilo que vêem em campo.

Por exemplo, o presidente que o contratou e que montou este plantel, Sousa Cintra, não teve pejo em dizer, várias vezes, que era para ser campeão. Quem vai buscar um jogador sérvio ao milionário campeonato chinês e um jogador italiano à Juventus, ainda que emprestados e um deles lesionado, é porque acredita no título. Quem abdica de jogadores jovens e da formação (Matheus, Geraldes, Demiral), em troca de jogadores consagrados (Gudelj, Sturaru ou mesmo Diaby), abdicou também de um projeto de futuro em troca da tão desejada consagração de campeão no final desta época. Foi isto que deduzi de tudo o que foi dito e feito durante a pré-época administrada por Sousa Cintra.





Há um mês, Frederico Varandas foi eleito o novo presidente do Sporting. Sinceramente, e não fui pesquisar se tal aconteceu ou não, não me lembro se ele deu alguma entrevista de "fundo" após a eleição. Estou-me a lembrar vagamente de umas palavras da Sporting TV, creio, mas não sei se a minha memória está certa ou não. Entrevista de "fundo", quase de certeza que não deu. Não sei se ele concorda com a perspectiva de Sousa Cintra, de que é para ser campeão já este ano. Mesmo que não seja de acordo ou principalmente por não estar de acordo, é que já deveria ter vindo a terreiro explicar isso. Quando perguntaram a Peseiro, há umas semanas, o que Varandas lhe tinha pedido para esta época, Peseiro foi mais ou menos evasivo mas ficou claro que Varandas não lhe exigiu o título (terá exigido "apenas" o 2º lugar? 3º/4º? Uma taça?).




Seja como for, seja estando o título definido com objetivo máximo para esta época ou "apenas" o 2º, 3º/4º lugar ou uma taça, a verdade é que a equipa do Sporting treinada por Peseiro não mostra qualidade palpável para tais objetivos e, pior, não se vislumbra que possa melhorar muito mais, seja pela fraca qualidade do plantel à disposição, seja pelos limitados atributos que a equipa técnica de Peseiro demonstra ter, tanto a nível técnico-táctico como a níveis humanos e pessoais.


Bruno Viana, Pablo Santos, Sequeira, Tiago Sá, Novais, Claudemir, Paulinho... sabem quem são estes ilustres desconhecidos? Fizeram parte do onze do Braga que, é verdade, empatou com o Rio Ave na passada jornada mas que estão 4 pontos à frente do Sporting de Coates, Acuña, Battaglia, Gudelj, Bruno Fernandes, Nani e Montero. O pior Sporting de sempre tinha obrigação de estar à frente de um Braga que, apesar de todas as loas tecidas, joga pouco mais do que este Sporting, que conta com um orçamento de 16 milhões de euros (Sporting tem 70M) e que, a juntar aos ilustres desconhecidos mencionados atrás, conta também com um trio de excomungados do Sporting e, pasme-se, é treinado por um ex-jogador e ex-treinador (despedido) da equipa B do Sporting. Se isto não é uma vergonha...

Por falar em vergonhas, ontem sofremos 4 golos do último classificado e a última vez que tínhamos sofrido 4 golos em jogos para o campeonato foi há 10 anos. 10 anos.

Portanto, chegados a este momento triste (mais um) da época do Sporting, convém saber, afinal, qual o principal objetivo da época. É que, mesmo que se aguente Peseiro até janeiro e se reforce a equipa, tal desiderato será, obviamente, mais uma vez, inútil porque este campeonato já está, infelizmente, decidido. O Benfica tem o melhor plantel em Portugal e será campeão facilmente, com uns 10 pontos de vantagem sobre o Porto. O máximo que poderemos ambicionar é lutar com o Porto pelo 2º lugar mas, se me perguntam a mim, direi que tal será bastante improvável e o mais certo é terminarmos a época a lutar com o Braga pelo 3º lugar. O mesmo Braga que não tem viagens a meio da semana à Ucrânia e que por isso pode jogar antecipada e descansadamente antes dos "grandes", obtendo nítidas vantagens devido à ausência da pressão inerente aos que jogam fora dos holofotes dos media.







Mesmo não sabendo qual o real objetivo para esta época, não tenho dúvidas de que o futuro de Peseiro no Sporting já é passado. Salvo qualquer milagre que nunca ocorreu no Sporting, que me lembre, nos últimos 30 anos, o destino de Peseiro será o despedimento, seja forçado ou por vontade própria, sob o movimento fatal de lenços brancos a serem acenados. É fatal como o destino. Espero que Frederico Varandas também já o tenha percebido e que esteja já a preparar o momento pós-Peseiro, idealmente com a dispensa de verdadeiros pesos-mortos no plantel, com ordem de regresso de alguns emprestados e com a assinatura de um treinador que revigore este plantel amorfo, banal e doente. Necessitamos de um "Simeone" que acorde estes jogadores para a vida e, se puder, que acorde também o próprio presidente. Precisamos de uma revolução dentro das quatro linhas.