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15 de dezembro de 2014

Desespero

Não sei por onde começar o post... talvez comece pelo Juventus - Sampdória, disputado ontem de manhã e transmitido pela Sporttv. O futebol italiano é muito parecido com o português, dentro e fora do campo. Bom, mas neste caso, pouco importa que campeonato era ou que clubes eram. A Juventus começa o jogo a ganhar, com golo de Evra aos 12m e tudo parecia encaminhar-se para (mais) uma vitória da velha senhora. Porém, a Sampdória entra bem no jogo após o intervalo e, fazendo jus ao bom campeonato que está a realizar, marca o golo do empate através de um bom remate de Manolo Gabbiadini (e ia marcando o golo da vitória nos instantes finais) e a Juventus, como é lógico, lançou-se num desesperado ataque continuado à baliza da Samp, à procura do golo da vitória. A Juventus era líder do campeonato, com 3 pontos de vantagem. Líder e actual campeão.




Eu, durante o dia de hoje.



Como estava a dizer, os jogadores da Juventus lançaram-se, todos, a começar pelo Buffon, em busca do golo da vitória. Uma corrida desenfreada, por vezes não muito bem jogada, mas via-se, saltava à vista!, a ânsia dos jogadores à procura do golo. A bola sai pela linha lateral, o Vidal não espera pelo Lichtsteiner para marcar o lançamento, marca logo ele. O árbitro marca falta atacante ao jovem Kingsley Coman (18 anos), chegado esta época a Turim, e ele não pára para discutir com o árbitro, com o adversário ou com os deuses. Não, corre a buscar a bola e coloca-a no local da falta. Vejo o Massimiliano Allegri, treinador da Juve, a discutir com o árbitro, com o 4º árbitro, com os apanha-bolas, com os suplentes, obcecado com apenas uma coisa: o golo da vitória. Vejo o Pavel Nedved, velha glória da Juventus e actual diretor (técnico, desportivo, institucional da Juventus? Não sei exatamente, sei apenas que é o gajo que responde nos media a quem ataca o clube. Ainda no último "bate boca" entre a Roma e a Juventus, foi o checo quem mais respondeu ao presidente romano. Nedved é muito respeitado em Itália, tanto pelos adeptos bianconeri como pelos adeptos de outros clubes, ex-jogadores, dirigentes, presidentes, jornalistas. Todos o ouvem.) aos saltos e a despejar calão em italiano quando algum jogador falha um remate ou quando o árbitro não assinala uma alegada mão de um jogador da Samp dentro da área. E quando era o Conte o treinador... era isto tudo a triplicar.

Dei o exemplo da Juventus mas podia dar o exemplo do Benfica, de Jorge Jesus, do "fair-play é uma treta", de Rui Costa...

Adiante. A Juventus não conseguiu marcar o segundo golo mas ninguém no estádio assobiou no final do jogo. Nem durante.


Sporting - Moreirense. Primeira parte de merda. O golo há-de chegar, como haveria de chegar contra o Belenenses, o Paços... desta vez nem chegou como ainda levámos um do Moreirense, em mais um golo de bola parada. A propósito, um dia destes vamos ter de falar, muito a sério, do elefante que temos em Alvalade e que ganhou um pavor tal a bolas pelo alto que agora já quase nem sai dos postes nos cantos e livres...

Segunda parte, começa o frenesim mas não vejo o desespero que quero ver nos jogadores do Sporting por estarem a perder em casa com o Moreirense, aquele desespero que vi na cara dos jogadores da Juventus por não estarem a ganhar ao 4º classificado da Liga italiana. Setenta e quatro minutos, a prova de que os jogadores do Sporting que estão no jogo, não estão realmente "no jogo". O árbitro marca mão a um jogador do Moreirense à entrada da sua área, e que já tinha um amarelo. Seria o segundo. Se aqueles jogadores estivessem "conectados" com o jogo, com o Sporting, com a Liga, com tudo, tinham corrido direito ao árbitro a exigir o segundo amarelo. Não vi nem um jogador do Sporting a fazê-lo. Provavelmente, nem se lembravam ou sabiam que o Cardozo já tinha amarelo. Imperdoável.

Noventa e um minutos e trinta e oito segundos. Montero remata a bola para dentro da baliza, após um toque de Tanaka, vira-se, ergue os braços, segue o ritual habitual de comemoração pós-golo e é abraçado por Tanaka e Slimani e não sei se mais alguém. Não vi nenhum jogador do Sporting correr direito à baliza para ir buscar a bola e colocá-la no centro do terreno, de modo a que o jogo reiniciasse o mais rapidamente possível. Se calhar, estavam satisfeitos com o empate. Bola ao centro, o jogador do Moreirense toca a bola para o companheiro mas o árbitro interrompe o jogo porque o Slimani ainda vinha a caminhar dentro do meio campo adversário...

Noventa e dois minutos e quarenta e seis segundos, um minuto e oito segundos depois do golo, recomeça o jogo. Um minuto e oito segundos. Já vi muita coisa acontecer em um minuto e oito segundos.

Haveria muito para discutir - as opções de Marco Silva, Capel, Miguel Lopes, Heldon, Cédric, equipa B, Gauld, Sacko, o plantel, Bruno de Carvalho, a merda do relvado, o futuro, a Liga Europa, os dez pontos de atraso, a Taça da Liga, etc, etc,  - mas fico-me só por estes pormenores que, para mim, dizem-me muito do estado de alienação que alguns jogadores do Sporting vivem... o Sporting e a nossa Liga.

Certo, é uma Liga "Mickey Mouse" mas é a que temos. Para se ganhar ao Moreirense ou ao Paços, não basta jogar bem ou melhor, há que lutar, suar, correr, desesperar. Isto não é a Champions.