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17 de fevereiro de 2015

Pós-derby (fora de campo)

Tem de ser: o pós-derby.


Tudo começou na infame tarja “VERYLIGHT 96” erguida durante minutos por adeptos benfiquistas no derby de futsal disputado no pavilhão da Luz. E ainda cantavam “E foi o very-light que o fodeu, oh oh” ao mesmo tempo que assobiavam, imitando o som de foguetes. Magnífico. Imaginem um jogo entre a selecção de Israel e Alemanha, em Munique, e aos vinte e tal minutos de jogo ser desfraldada uma tarja dizendo “AUSCHWITZ 44”, ao mesmo tempo que os adeptos alemães silvavam um estridente “Sssssssssss”, como que imitando o gás a ser libertado numa das câmaras de morte nazi. Pior. Imaginem que a Merkl estava na bancada, sem reagir e sem que alguma autoridade mandasse retirar a tarja e/ou apreender os que a levantaram. Pior ainda. Imaginem que o jogo terminava e nem no dia seguinte a Merlk ou o Estado alemão tinham efectuado um mero pedido de desculpas público a Israel e aos israelitas. Alguém seria capaz de de censurar Israel se cortasse relações institucionais com a Alemanha? 




A desculpa dos lampiões, é uma tarja exibida em Alvalade que dizia “SIGAM O KING”. O “KING”, presumidamente, seria uma referência a Eusébio da Silva Ferreira, considerado ainda por muitos como o melhor jogador português de sempre. O Eusébio, para bem ou para o mal, feliz ou infelizmente, já faz parte do imaginário popular português e mundial – é um mito. Não um mito como qualquer coisa que não corresponde à verdade mas um mito como sendo algo transcendental, uma lenda, um “deus”. Para os benfiquistas, nesta religião que é o futebol, sem dúvida que Eusébio será um deus e, claro, um mito. Até para não-benfiquistas. Ora, os mitos não são humanos e aqueles que o eram, deixaram de o ser assim que se tornaram mitos. Um mito é-o para o bem e para o mal. Tanto se celebra um mito como se o ofende. Dizer para seguirem o King é tão ofensivo como dizer “vai chatear o Camões”. Eusébio é um mito e os mitos ou vão para o Panteão ou para o caralho. Camões, Dom Sebastião e Afonso Henriques que o digam. 


Rui Mendes era humano, da vila de Luso, concelho da Mealhada (vivo relativamente perto de Lisboa e tive de ir ao Google ver onde fica esta merda) e que um dia resolveu ir ver uma final da Taça de Portugal a Lisboa e não voltou porque um benfiquista resolveu que era boa ideia levar uma pistola de verylights e dispará-la contra Sportinguistas. Mas pior do que ter sido um benfiquista a matar um Sportinguista, foi mesmo a forma como o Benfica (não) reagiu nos anos seguintes a esta tragédia. Era puto mas não recordo de ter havido pudor na forma como comemoraram a vitória no final do jogo nem de qualquer posição oficial por parte da direcção a condenar o acto (mas é possível que tenha havido e eu não me lembre/saiba). A equipa do Sporting sempre que vai jogar ao Jamor deposita uma coroa de flores junto à bancada onde morreu Rui Mendes. Não me recordo de qualquer acto ou gesto por parte da equipa do Benfica quando joga no Jamor. O benfiquista que matou Rui Mendes, Hugo Inácio, além de ser considerado um herói junto de alguns “brothers in arms”, nunca teve uma palavra pública de desculpas à família, ao Sporting, a ninguém. A segunda vez que ouvimos falar de Hugo Inácio, além do dia do verylight, foi quando a polícia o apanhou, depois de ter fugido da prisão onde cumpria pena, a mandar cadeiras para cima de agentes da autoridade, em pleno estádio… da Luz. Provavelmente, ainda hoje continua a ver os jogos do Benfica na Luz sem qualquer problema.



Parece que isto não aconteceu. São efeitos especiais feitos na Sporting TV.




Tão grave ou pior que estes factos, só mesmo os petardos e tochas arremessados para cima de adeptos do Sporting mas como é normal, tais eventos foram esquecidos e metidos para debaixo do tapete. Luís Filipe Vieira, num discurso (nada populista e nada hipócrita) numa Casa do Benfica à frente de câmaras de televisão, onde, no meio de inúmeras críticas e menções a Bruno de Carvalho, disse que “a violência não se resolve no Facebook” (oh, a ironia!), não teve uma única palavra a condenar ou censurar os tais arremessos de tochas e petardos. Nem uma. E para adicionar insulto à injúria, parece que tivemos ontem o inenarrável Rui Gomes da Silva a tentar desculpar os meninos sem nome, culpabilizando os adeptos do Sporting por terem anteriormente atirado objectos para cima dos meninos!


Rui Gomes da Silva, membro da direcção de Luís Filipe Vieira, putativo candidato a presidente do Benfica (e o mais forte deles todos, até agora) e o comentador que, semana após semana, acusa BdC de ser populista e demagógico. Rui Gomes da Silva, o mesmo que na sua página oficial (!) de Facebook, elogia constantemente os meninos das claques (não-oficiais) do Benfica e que no programa Dia Seguinte coloca à frente da sua autoridade moral os seus próprios interesses benfiquistas e que nunca colidirão com os meninos das claques. Mesmo que isso implique defender quem celebrou a morte de um adepto rival.


Corte de relações? Peaners!