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12 de dezembro de 2016

'ganas'

Num texto escrito no The Guardian há uns dias, a propósito da crescente média de golos marcados em jogos da Premier League desde há anos, Jonathan Wilson falou, mais uma vez, sobre o "novo" futebol que se está a espalhar pela por essa Europa fora. "Pressing, high lines, percussive, vertical footbal are in vogue, from Dortmund to Liverpool, from Sevilla to Hoffenheim."

"Pressão, linhas altas e futebol vertical". E ainda acrescentou que "defender à moda antiga deixou de estar na moda". O Sporting, com JJ, joga à "moda antiga" e é delicioso de se ver. Bola nos pés, jogo controlado, tabelinhas, até chegar à grande área e... centrar para o Bas Dost. Quando funciona, é perfeito, tão perfeito como um relógio suíço. O problema é que há jogos em que o adversário está a jogar o tal futebol de 2016: pressão, linhas altas e futebol vertical e o Sporting não tem pedalada para isso. Na Europa, então, é por demais evidente. Apesar do Benfica se ter remetido à defesa após o 2º golo, a verdade é que jogam um futebol mais parecido com aquele que Jonathan Wilson referia: mais vertical, mais pressão, mais remates...

 Há dias em que jogar "perfeito" não chega. Há jogos em que a vitória tem de ser "inventada". Contrariar o destino. Lembro-me de jogos do melhor Mourinho (mais no Inter, mas também no Real e Chelsea) que, a meio do jogo, pareciam perdidos. E conseguiu-os vencer, não graças à qualidade em si mesmo (dos jogadores) mas à vontade (de Mourinho e dos jogadores). Ganharam porque quiseram ganhar, não porque estavam a jogar melhor.


No Sporting de JJ, na maior parte das vezes, ganhamos porque jogamos melhor, porque somos melhores do que o adversário. Mas costumamos perder - jogos e pontos - porque o adversário "quis" mais do que nós. Desde Sá Pinto, que não vejo ninguém que sinta a camisola listada como ela deve ser sempre sentida. Fico sempre com a sensação de que os jogadores do Sporting, principalmente os que sabem o que é o Sporting, podiam ter dado mais, aquele "extra", aquelas 'ganas' de quererem mais do que os outros... Os outros "comem a relva", atiram-se para o chão, fingem lesões, pressionam o árbitro; tudo e mais alguma coisa para ganhar. Os nossos jogam bom futebol. Pois bem, isso às vezes não chega.

Neste fim de semana, o Real Madrid ganhou nos últimos 10 minutos da partida, um jogo que estava perdido. Lembro-me que mandei um tweet a dizer algo do tipo "Ganharam graças à vontade de ganhar". É uma maravilha ver as 'ganas' com que todos os jogadores do Real Madrid se lançaram à procura da vitória, sem terem "vergonha" de se mandarem para o chão a pedir penalties ou  "medo" de empurrar adversários... Aquele sururu antes do 3º golo, junto do guarda-redes contrário é importante, porque pressiona o adversário, influencia o destino, contraria-o. Às vezes, tem de se ganhar "feio". Como o Benfica costuma fazer contra o Sporting.







É por isso que fiquei mais fodido com o banana do William (e outros, excepto o Coates) não ter levantado a merda dos braços a reclamar penalty do que com o árbitro por não ter o ter marcado. O Porto dos anos 90/00, além da "fruta" e bons jogadores, tinha aquela coisa de "comer a relva" e que era o tal "plus", aqueles centímentros ou segundos "extra" que os jogadores do Porto davam à equipa, naquela obsessão de ganhar. Ganhar. Ganhar. E que este Benfica dos anos 2010's começa a ter... O Sporting, que eu me lembre, nunca teve.




Só o Coates é que se lembrou de protestar... 




P.S. Sobre a arbitragem de Jorge Sousa... qual é o espanto?