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23 de junho de 2018

título

Antes de mais nada, quero dizer que estou a escrever este post na noite de sexta feira, antes de saber o resultado da AG de amanhã. Vou escrevê-lo e agendar a sua publicação para algures amanhã [hoje, sábado].


Ganhei o bichinho de fazer vídeos sobre o Sporting, futebol português e jornalismo, sempre numa onda irónica, para demonstrar a merda que rodeia o desporto-rei em Portugal. Entretanto, surgiu Twitter, Facebook, escrevi no blog Cabelo do Aimar, criei este blog e no início da época BdC, atingi o pico da minha militância "virtual", criando bastantes vídeos, a gozar com Rui Pedro Braz ou Freitas Lobo. A desilusão da ausência de títulos e alterações na minha vida pessoal fez-me perder a "ilúsion", como diriam os espanhóis, e mantenho apenas este blog onde vou, esporadicamente, pensando em "voz alta" e a conta Twitter, onde sou mais activo, é verdade, ao ponto de ainda alguma gente pensar que sou "avençado" ou coisa que o valha, de BdC ou de esta direção. Não sou, nunca fui nem nunca recebi qualquer convite para tal. O único convite que tive desse género foi, ali no final da primeira época de JJ ou início da segunda, de um tipo que trabalhava na Sporting TV e me perguntou se estaria, eventualmente, interessado em participar num programa qualquer, daqueles de convidados e opinião. Agradeci o convite mas respondi negativamente.


Isto tudo para dizer que nada me prende a BdC, nem sequer uma selfie, excepto a minha crença na sua capacidade para revitalizar o Sporting. Ele conseguiu revitalizar o Sporting de uma forma vertiginosa, quase milagrosa. E se temos sido campeões na primeira época de JJ...

Tinha aquela esperança inicial - este tipo tem uma energia do caralho, vai mudar isto - mas nunca pensei que conseguisse mudar tanto em tão pouco tempo. Passámos de empatar em casa com o Guimarães 3-3, depois de estar a ganhar 3-0 com o gordo do Maniche em campo e num verdadeiro batatal, para estarmos meses sem sofrer golos em Alvalade, num relvado digno de Champions e, às vezes, contra mesmo equipa de Champions. Poderia agora enumerar tudo aquilo que de bom BdC trouxe ao Sporting (modalidades, aumento sócios, SportingTV, pavilhão, etc, etc) mas isso pouco importa, pois chegámos a um tal momento da vida do clube, com uma realidade completamente distorcida e que, lamentavelmente, quase que fez desaparecer da mente colectiva dos Sportinguistas essas coisas boas. Vivemos uma realidade, quase uma realidade paralela, em que parece que BdC foi eleito presidente do Sporting há apenas uns 3 meses e cometeu erros de tal forma graves, que a vontade de alguns tornou-se, com a ajuda dos media, quase como que um desígnio nacional, uma vontade única: demitir BdC, expulsá-lo, queimá-lo na fogueira. É uma coisa quase irracional.


E é por isso, por esta irracionalidade obsessiva que impera nos media, nos rivais, nos políticos e nos opositores de BdC que, mesmo que BdC não seja destituído na AG, ele já não tem condições para continuar como presidente do Sporting. Lamento muito dizê-lo. Custa-me dizê-lo. BdC criou uns anticorpos tais à sua pessoa que, mesmo continuando presidente do clube, continuará a ser olhado pelos tais media, rivais, dirigentes e próprios adeptos como aquilo que já o olham hoje: um pária. BdC poderá ainda manter respeito lá fora, no momento de transferências, reuniões, etc mas cá dentro? Cá dentro, exceto dentro do seu gabinete em Alvalade, ninguém já o respeita. Como poderá o Sporting ambicionar ser campeão assim? Todo aquele respeito que foi ganho no início - braços de ferro com Bruma, Doyen, arbitragem, vídeo-árbitro, etc - esfumou-se completamente nestas últimas semanas. Já estou a imaginar uma cena tipo peitada-Duarte-Gomes-ao-treinador-adjunto-do-Sporting nos próximos tempos. Os amarelos do Soares Dias ao guarda-redes do Sporting (Rui Patrício) por fazer retardar pontapé de baliza aos 30 minutos da primeira parte? Vão voltar. As expulsões à 3ª jornada de um novo qualquer jogador estrangeiro acabado de chegar ao Sporting (Rinaudo, 3ª jornada em Guimarães, Bruno Paixão)? Vão voltar. É isto que temo que se perdeu. O respeito. Fora e em breve, também dentro do campo.


Continuando BdC, só vejo uma única forma de se conseguir "algo" com isto tudo e que implicaria que a equipa, treinador e mesmo adeptos, conseguisessem transformar toda esta campanha mediática anti-BdC (e anti-Sporting...) dos últimos meses, estes especiais ininterruptos "Crise no Sporting" e eventuais idas de jogadores que rescindiram para o Benfica, numa força aglutinadora. Se conseguíssemos absorver toda esta (má) energia que rodeou o Sporting e transformá-la numa verdadeira vontade de ir à luta, de vencer o título de campeão para depois esfregá-lo nas trombas de jornalistas, rivais, ex-jogadores, Sindicato, FPF, Liga... se houvesse essa vontade única e genuína de jogadores, treinador e adeptos, diria, aí sim, acredito que poderíamos conseguir "algo" esta época, um pouco à base do que fez o Porto esta última época.

Invejei tanto aquela vontade explícita de serem campeões... tanto do treinador, dos jogadores, do diretor comunicação, dos adeptos... Ficou-me na retina um gif, que fartei-me de ver ser partilhado por adeptos portistas, do Brahimi, num jogo qualquer em que o Porto se sentiu prejudicado pela arbitragem e onde o argelina repete, várias vezes, na cara do Fábio Veríssimo, "Vamos ganhar! Vamos ganhar!". Porra, e o meu capitão tinha o Instagram carregado de fotos dos seus cães de estimação. :(







Mas esta vontade não é exclusiva dos jogadores. Outra que me ficou na memória foi quando o Porto veio a Lisboa jogar contra o Benfica, jogo decisivo do campeonato, e depois jogava contra o Sporting, dias depois, em jogo para a Taça de Portugal. Por decisão de alguém (treinador? Presidente? Dir. Desportivo?), o Porto decidiu ficar a estagiar durante essa semana em Lisboa. Acabou jogo na Luz e os jogadores continuaram enfiados num hotel, a mentalizarem-se e prepararem-se para o jogo de Alvalade. É verdade que ganhámos (só nos penalties e o Porto poupou alguns jogadores) mas aquela vontade de GANHAR estava ali, tão explícita como se tivesse surjido escrita numa tarja transportada por um avião no céu.



Sporting recebe Benfica, penúltima jornada decisiva. Empatámos, o que nos obrigou a ir ganhar à Madeira oito dias depois. Que fez o Sporting (JJ?)? Deu dois dias de folga aos jogadores e fez voar a equipa apenas no dia antes do jogo, ainda para mais, como disse JJ no final do jogo, já se fazia sentir algum calor na Madeira, um clima diferente que necessitava de ambientação. Esta falta de mentalidade vencedora, ganhadora, perturba-me. E, honestamente, tenho sérias dúvidas que ela surja assim de repente esta época, por muito que haja essa vontade intrísseca que ela apareça. Querer não é poder mas vai ser a única forma de BdC, caso não seja destituído hoje, conseguir permanecer no clube: quererem crerem muito!

Jornal "A BOLA" de 9 de maio. "O plantel do Sporting voltou ontem [terça, dia 8] ao trabalho..."
 O derby jogou-se na noite de sábado, dia 5. Dois dias de folga na semana mais importante da época. 



Se BdC for destituído e se, ainda por cima, surgirem dúvidas sobre a forma como decorreu a votação, não há dúvidas de que vão ser uns primeiros tempos pós-BdC revoltos e difíceis. Não consigo prever onde parará a revolta, se vai só até aos tribunais ou mesmo manifestações. Tudo dependerá... das contratações. Eis ao ponto inicial do meu texto: ao final do dia, eu sou do Sporting, não sou do BdC, do Sousa Cintra ou do Rui Patrício. Eu sou apenas do Leão, daquele símbolo mágico que me fartei de desenhar nas capas dos cadernos e livros da escola quando era puto. Mais nada. Ora, para apaziguar a revolta natural que surgirá entre os apoiantes mais fervorosos de BdC, só há uma solução, que é apelar ao puto que há dentro de cada um de nós e apresentar-lhe um ídolo, um ídolo de carne e osso, um "craque", um Jardel, um João Pinto. Ou mais. É essa a minha "esperança", que os Ricciardis e Sobrinhos que se sentarem no caldeirão da SAD, sintam que para acalmarem os Sportinguistas, tenham de alargar os cordões à bolsa e comprar uns quantos "craques" para a equipa de futebol. Não sou hipócrita: eu quero é ser campeão e se tiver de ser com um fundo qualquer milionário estrangeiro a comprar a SAD e torrar uns quantos milhões na equipa, que seja. Duvido que os adeptos do Paris Saint Germain ou Man City fiquem a pensar muito na origem do dinheiro quando vão bêbados comemorar mais um título para as ruas de Paris ou Manchester.




Infelizmente ou felizmente, não sei, sou um sócio que não vive em Lisboa, não me sinto tão "agarrado" aquela forma de viver o Sporting, indo ao estádio regularmente, pavilhão, aquela mini-cidade Sporting que tantas vezes vejo ser elogiado por Sportinguistas. Não vivi as vendas de património, não senti na pele a perda do pavilhão, não sei exatamente o que são VMOCs e ainda hoje me faz confusão haver um Sporting Clube de Portugal, SAD e outro Sporting Clube de Portugal, Clube. Embora, hoje em dia, esteja muito mais familiarizado com todos estes problemas que afetam o clube, nunca foi algo com que me preocupasse muito. Eu sei que é uma estupidez mas não vou mentir, o que me interessa é ser campeão, o que se passa no relvado. Há Sportinguistas muito mais capacitados do que eu para fazer defender os interesses do clube em relação a esses aspectos. Quero é ser campeão, seja com ou sem BdC.



Temos duas vias para isso: a via romântica, caso BdC se mantenha no clube, e temos a outra via, a burocrata e capitalista, caso BdC saia do clube mas também é verdade que se ganhássemos o título com BdC à frente do clube, teria um outro sabor...

A esta hora, os Sportinguistas já decidiram!

16 de fevereiro de 2018

Tiranos

"Ele podia ser bastante popular entre o povo 
e podia ter a confiança do exército 

mas para Júlio César, 
o preço da tirania seria pago em sangue, 
na casa do Senado. 

Talvez isto possa ser uma lição para os líderes modernos. 

Cuidado com aquilo que desejas - demasiado poder traz um custo associado. 

E há sempre alguém à espera na sombra. 

A versão que nós temos hoje sobre o assassinato de Júlio César 
é uma versão heróica e de sucesso da luta da liberdade contra a tirania. 

Na realidade, não foi nada assim. 

Para começar, se foi uma luta de liberdade para alguém, 
foi para uns quantos políticos privilegiados.

Os homens comuns de Roma choraram a morte de César. 

Mas também não podemos dizer que foi uma história de sucesso. 

O problema dos assassinatos é que é sempre fácil de eliminar o tipo 
mas é muito mais difícil saber o que fazer a seguir. 

Os assassinos correm sempre o risco de trazerem consigo 
exatamente aquilo contra o qual estavam a lutar. 


Neste caso, assim que o acto foi cometido, 
os conspiradores revelaram não ter nenhum plano seguinte. 

Tudo o que conseguiram foi uma guerra civil, 
que acabou por produzir o governo de um homem só, 
os imperadores, ou se quiserem, os ditadores daí em diante. 

Portanto, o assassinato de César apenas serviu 
para fortalecer exactamente aquilo que era suposto destruir. 

O resultado foi que Roma caiu sobre o poder absoluto de um homem: 
o herdeiro de César e seu sobrinho-neto, Augusto. 


A República de Roma era agora governada por um imperador"




Últimas frases de Mary Beard, historiadora inglesa e doutourada em Estudos Clássicos, no seu último documentário para a BBC "Julius Caesar Revealed".

6 de fevereiro de 2018

G.S.P.

Ouvi atentamente BdC a explicar as razões da pretensão de mudanças de estatutos na passada AG de sábado, a sua marcação, a sua experiência pessoal e institucional como presidente do Sporting nestes últimos anos e como isso fê-lo ter a necessidade de obter mais "armas" para combater a oposição insidiosa do Sporting. A primeira reação que tive foi "Porque raio ele não explicou isto uns dias da AG, na nossa SportingTV??". A explicação simplista de que é na AG que se debatem os assuntos não me convence, neste mundo de hoje, com todos os meios que temos à disposição, parece-me absurdo que não haja uma explicação introdutória do que se ia votar. Continuo a dizer que se tal tivesse sido feito, creio que as alterações passariam com maioria e sem este tumulto absurdo que estamos a viver agora.

Colocando para trás o que se passou e aquilo que acho que devia ter acontecido, eis que estamos numa situação em que ou sim ou sopas. Ou estamos com Bruno e a sua direção ou não estamos. Ou confiamos no seu trabalho, que boas provas tem dado nestes últimos anos, ou não confiamos, tão simples como isto. Ouvindo BdC esta noite, e depois de ter escrito este post desta tarde, lembrei-me novamente do general Patton e a sua campanha na reconquista da Europa aos nazis durante a 2ª Guerra Mundial. Basicamente, isto de BdC é o general Patton a enviar uma carta ao Departamento de Guerra a pedir mais homens, operadores de tanques, "os melhores possíveis". Chegado ao terreno, Patton viu-se perante uma oposição mais forte do que previa e exigiu melhores armas. É isto que BdC está a fazer aos Sportinguistas "Querem que continue a guerra? Aprovem(-me) os estatutos." Como é que podemos censurar tal pedido? Veja-se, BdC já nem pede que nós, civis, nos voluntariemos para ir combater o inimigo, já só pede melhores armas, melhores meios. Por mim, terá tudo o que estiver ao meu alcance.


imagem googlada de "Patton", o filme (1970)




Quando estava a pesquisar para escrever o post, li algo sobre Patton, cuja personalidade irascível já conhecia de coisas que já tinha lido e, sobretudo, do excelente filme de 1970, "Patton", e li algo sobre ele que me fez sorrir. Patton, em agosto de 1943, durante a campanha da Sicília, inserida na reconquista de Itália aos nazis, esbofeteou 2 soldados americanos que estavam hospitalizados por sofrerem de "fadiga de guerra" ou "trauma" (o termo "stress pós-traumático" ainda não tinha sido inventado) e não evidenciarem qualquer ferimento físico. Tal como escrevi esta tarde a um comentário, os Sportinguistas ainda sofrem de "stress pós-traumático", após estes longos anos de "croquettismo". Estamos quase a poder sair de casa mas ainda em fase de convalescença. Como imagino BdC, se pudesse, a dar duas bofetadas a uns quantos Sportinguistas que estão agora recolhidos em concha enquanto o Sporting está numa guerra tenebrosa contra vários inimigos ao mesmo tempo (Benfica, Porto, jornalistas, FPF, etc)... e onde eu incluo, às vezes!



Patton foi obrigado a pedir desculpa e até o presidente dos Estados Unidos, Eisenhower, lhe escreveu uma carta de reprimenda. Não li tudo mas parece que o caso tomou alguma proporção e, inclusive, prejudicou-o na sua carreira militar, com Eisenhower a privilegiar outros militares em vez do general Patton, cuja descrição na Wikipedia é a seguinte:

"Patton's colorful image, hard-driving personality and success as a commander were at times overshadowed by his controversial public statements."



P.S. No fim, os Estados Unidos ganharam a guerra e o George S. Patton é, hoje, o mais conhecido general americano dessa época.