Adriaanse, o treinador do AZ Alkmaar na célebre meia-final contra o Sporting, na Taça UEFA 2005? Não me lembro bem, mas acho que sim |
Lembrei-me de Co Adriaanse porque Marcel Keizer é, tal como ele, um treinador de futebol holandês, também desconhecido para a maioria dos portugueses e, mais importante, é um treinador que também que gosta de praticar um futebol ofensivo e de posse de bola. Ora, para quem, como eu, está habituado a ver passar pelo banco de suplentes do Sporting treinadores de calibre como Carlos Carvalhal, Paulo Sérgio, Domingos Paciência ou Peseiro, ver chegar um treinador do país de Cruyff, o inspirador de Pep Guardiola, é impossível não sentir um ligeiro entusiasmo. Melhor do que um treinador holandês para o Sporting, só mesmo um português "top" (Leonardo, Mourinho, até mesmo o adjunto de Mou...) ou italiano. Treinadores espanhóis, brasileiros, franceses ou alemães seriam comidos de cebolada pelos adversários e media nacionais. Treinadores ingleses de topo, hoje em dia, não existem.
É o Keizer e é o meu treinador. É desconcertante: num dos piores períodos do clube, por todos os motivos e mais alguns, numa altura em que menos sinto o clube, eis um treinador que me entusiasma. Oxalá que corra tudo bem e que, pelo menos, consiga aguentar até final da época, de modo a poder preparar devidamente a próxima. Só peço isso.
Lembrei-me de Adriaanse por outra razão, além da questão desportiva. Se bem me lembro, Adriaanse foi campeão no Porto e, por absurdo que possa parecer, lembro-me que Adriaanse demitiu-se imediatamente do Porto nesse ano. Inclusive, foi condenado a pagar uma indemnização ao Porto (sim, fui googlar).
O momento-chave dessa época e, creio, aquilo que fez Adriaanse pensar em sair do Porto no final da época, mesmo sendo campeão, foi o que se passou em janeiro desse ano. "Quando Co Adriaanse foi atacado com very-light", lê-se numa notícia do Record de 2015, a propósito dos protestos dos adeptos do Porto aos maus resultados da equipa treinada por Paulo Fonseca.
Mas nas notícias publicadas no ano em que o incidente aconteceu (2006), antes do surgimento das redes sociais e, mais importante, da CMTV, os cabeçalhos informavam-nos de uma "arruaça".
ar·ru·a·ça
(a- + rua + -aça)
substantivo feminino
1. Motim nas ruas. = ASSUADA, TUMULTO
2. Grande barulho ou confusão resultante de agitação de muitas pessoas. = BARULHEIRA
Não me recordo, nunca, de ter ouvido a palavra "terrorismo" ter sido mencionada nesta ocasião nem em outras semelhantes. Não quero entrar em grandes teorias, sobre o papel da Comunicação Social ou da Justiça portuguesa no rumo das coisas, mas apenas lembrar que há diferenças na forma como umas coisas ou pessoas são percepcionadas (pelas outras pessoas). É a vida. Uma coisa é ser Pinto da Costa, com o