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26 de outubro de 2016

qualidade

26 de outubro, 9ª jornada e já estamos na fase do "acreditamos" e de vídeos "motivacionais". É oficial: estamos na merda. Perder em Rio Ave, em Guimarães e com o Tondela (para mim, foram derrotas) não é um problema circunstancial, é estrutural. E o problema é simples: falta de qualidade (e solidariedade).

No ano passado, pouco depois de termos ganho 0-3 na Luz, o treinador do Benfica viu que não era possível continuar colocar a jogar a equipa da mesma forma (aberta, ofensiva, até mesmo ingénua) como ela jogava com JJ. Não acompanhei suficientemente bem os jogos dos lampiões nem sou treinador de futebol para poder explicar o que realmente mudou, mas foi visível que o Benfica começou a jogar de outra forma a partir desse derrota: mais cautelosa, mais organizada, mais solidária. O jogo em Alvalade, na 2ª volta do campeonato, foi o exemplo-mor dessa mudança. E ganharam o jogo. E o campeonato.


Uma equipa "top" pode dar-se ao luxo de ter um jogador que não defenda, que não faça "pressão" após perda da bola. O Real Madrid tem o Ronaldo, o Barcelona tem o Messi, o Benfica tem Mitroglou, etc... Já o Sporting tem uns 3 ou 4. Impossível. Assim que a equipa do Sporting perde a bola no meio campo adversário, não há aquela pressão imediata que todas as equipas "top" fazem neste momento contemporâneo do futebol europeu, seja para recuperá-la e iniciar nova vaga de ataque, apanhado o adversário em contra-pé (muitos dos golos são marcados desta forma) ou para, simplesmente, evitar o contra-ataque adversário. Os jogos do Rio Ave, Vitória, Dortmund e até do Tondela expuseram esta falha até ao tutano.


JJ continua a usar nesta época o mesmo modelo, táctica, estratégia, wtv, que utilizava no ano passado, isto apesar de ter perdido João Mário, Slimani e Teo Gutiérrez. E agora, Adrien. O problema é que Bas Dost não defende, Markovic também não, Gelson defende mal, Bryan Ruiz faz o que pode e Elias defende com os olhos. E Alan Ruiz, enquanto jogou, também pouco defendia, tal como André. Um gajo vê as duplas de laterais de Benfica e Porto, com Maxi/Layun-Alex Telles e Semedo-Grimaldo, e depois compara com a dupla do Sporting, Schelotto-Zeegelaar, e dá vontade de chorar. É um suicídio continuar a jogar da mesma forma.

Não podemos continuar a assentar o nosso sistema de jogo na "qualidade" (posse de bola, jogo controlado, etc) neste campeonato de merda e fazer 2 remates à baliza adversária em 70 minutos e depois sofrer golos sempre que um jogador adversário remata à baliza (sobre este aspecto, o da baliza, se algum dia desse a minha opinião completa sobre Rui Patrício, chamar-me-iam lampião e seria excomungado pelos Sportinguistas. Se alguém já leu o livro "The Outsider: A History of the Goalkeeper", de Jonathan Wilson, sabe a diferença que há entre um guarda-redes "activo" e "passivo"... e em qual das categorias eu encaixaria RP). A "qualidade" de jogo apenas funciona, paradoxalmente contra equipas que têm, precisamente, mais qualidade e que dão mais espaço, tanto a defender como a atacar. É por isso que ganhámos a maior parte dos jogos "grandes" a época passada, e porque, já esta época, ganhámos ao Porto e apenas não ganhamos em Madrid por um triz. No entanto, continuamos a falhar contra o Tondela, o Rio Ave, o União da Madeira, Boavista, etc... Aqui, neste campeonato de merda feito de "autocarros" e guarda-redes feitos de cristal e que se lesionam de dez em dez minutos, o que interessa é a "quantidade" de ataques. Correr, correr, correr, fazer faltas, faltas, faltas, rematar, rematar, rematar. É assim que o vertiginoso Benfica joga. É embaraçante ver a quantidade de jogadores do Benfica que sabem rematar à baliza (Pizzi, Grimaldo, André Horta, Gonçalo Guedes, Cervi, Mitroglou), contrastando com os poucos do Sporting que o sabem fazer (Bruno César, Alan Ruiz e...) ou que sequer tentam fazer. É que, ao final de contas, o que interessa é meter a bola dentro da baliza e, para isso, é preciso saber rematar a puta da bola.


Num dos últimos textos do acima mencionado Jonathan Wilson no The Guardian, mencionou novamente uma célebre frase atribuída ao antigo e infame treinador do Benfica, Bélla Gutman. Era um artigo sobre Mourinho e Klopp, e que girava à volta da "aura" da qual os treinadores vivem e se alimentam. Quem lê o Jonathan Wilson há algum tempo, já sabe que, para ele, o fenómeno Mourinho já se esgotou ou está prestes a esgotar-se. A tal frase do treinador húngaro é esta: "Um técnico é como um domador de leões. Ele domina o animal enquanto tem autoconfiança e não demonstra medo. Mas quando a primeira sombra do medo aparece nos seus olhos, ele está perdido".


Quem doma quem?




A ideia que dá é que JJ parece estar a ficar com medo. Um JJ sem medo já teria resolvido o problema do substituto de Adrien, desenrascando um "Manel" qualquer, em vez de ter apostado (e perdido) três vezes seguidas no Elias.

Ou JJ faz um milagre e coloca os jogadores do Sporting a correrem que nem cães, tal como fez quando chegou ao Benfica ou como acontece, inevitavelmente, nos minutos finais dos jogos que estamos empatados ou a perder, ou então tem de mudar de estratégia e meter a equipa a jogar mais em modo "contra-ataque", mais compacta.

JJ tem de voltar a ter coragem de gritar e "mandar para o caralho"os jogadores todos e não gritar apenas ao Jefferson ou ao Zeegelaar.

E além de JJ, alguém do Sporting tem de gritar aos ouvidos dos jogadores e explicar-lhes o quão importante é ganhar este campeonato e que para o ganhar, temos de ganhar ao Rio Ave, ao Vitória, ao Tondela e ao Porto, Benfica e C.ia. Temos de ganhar a todos!

JJ tem de largar o fato e voltar a vestir o fato de treino e explicar, ie, gritar, a este grupo de jogadores que este é o campeonato mais importante da história do Sporting. Porque o é. Tal como o campeonato do ano que vem será o mais importante. E por aí adiante.

Alguém tem de ensinar a estes jogadores o que é o futebol português. Alguém de explicar como perdemos o campeonato de 2003/04. Alguém tem de lhes dizer o que se passou com a camisola do Rui Jorge após um Sporting-Porto. Alguém tem de lhes traduzir as escutas do Apito Dourado. Alguém tem de lhes mostrar o Benfica-Sporting de 2004/05. Alguém de lhes explicar que o Estoril-Benfica de 2004/05 foi jogado no Algarve. Alguém tem de lhes mostrar a final contra o CSKA Moscovo. A mão do Ronny de 2006/07. A final da Taça da Liga 2008/09. A eliminatória contra o Bayern. A meia final contra o At. Bilbao. Alguém tem de lhes dizer que o único clube a quem os árbitros fizeram greve, foi ao Sporting, em 2011/12. Alguém tem de lhes explicar como foram as eleições do Sporting em 2011. Como terminamos em 7º lugar, a pior classificação da história do clube, em 2012/13. Alguém tem de lhes explicar porque o árbitro da final da Taça de Portugal que o Sporting ganhou em 2014/15, desceu de divisão.

Alguém tem de lhes explicar que os adeptos do Sporting (des)esperam há 14 anos pelo título de campeão. Alguém tem de lhes explicar isto, pois tenho a certeza de que (ainda) não o fizeram. Como é que sei? Porque se o tivessem feito, o Joel Campbell nunca teria comemorado o golo do empate, à 8ª jornada, contra o Tondela, em Alvalade, da forma como o fez.




Estamos a 5 pontos do Benfica, em outubro! Ou seja, mais um deslize e acabou-se o campeonato. Acordem, caralho.