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20 de julho de 2015

Guerras de tv

Em Itália, os direitos de transmissão dos jogos da Serie A pertencem à internacional Sky, do multi-milionário australiano Rupert Murdoch. Não sei há quanto os detém mas seguramente há uns dois, três anos, a partir do momento em que se centralizaram os direitos tv na Liga. Este ano, a Mediaset, grupo privado de televisão liderado pelo filho de Sílvio Berlusconi, fez um forte ofensiva: compraram os direitos de transmissão da Liga dos Campeões para os próximos 3 anos por 700 milhões de euros e, mais surpreendente, compraram os direitos de entrevistas pré-match, intervalo e pós-match (e ainda imagens dos balneários e conferências de imprensa) dos jogos da Liga Italiana por 10 milhões de euros. Imaginem o absurdo: ver um Sporting-Benfica na Sporttv e ouvir as flash-interviews de Jorge Jesus e Rui Vitória na BTV. Pois é isto que vai acontecer em Itália: há uma guerra aberta entre a Sky e a Mediaset. E guerra é guerra: a Mediaset, agora detentora de todos os momentos televisivos antes e pós-jogo, baniu todas as televisões do estágio de pré-época da Lazio e delimitou uma área "off-limits" a todos, excepto os jornalistas da Mediaset. Nos estágios de Inter e Fiorentina passa-se o mesmo: Sky out, Mediaset in. Li que nos estágios de Roma e Juventus, no entanto, é a Sky quem tem acesso e a Mediaset, não. Não consegui perceber porquê.

Em Espanha, os direitos de tv foram apenas centralizados esta época e, como seria de esperar, com alguma polémica à mistura. Também não sei muitos pormenores, mas além de vários reparos feitos pela "Comisión Nacional de los Mercados y la Competencia" à forma como o concurso da venda dos direitos foi feita pelo controverso presidente da Liga Espanhola, o ex-advogado ligado a vários clubes espanhóis, Javier Tebas, temos uma guerra entre a Telefónica, ainda detentora de direitos de tv de jogos de alguns clubes, como Barcelona, e a Mediapro, empresa historicamente ligada ao Real Madrid (produz, por exemplo, o canal de televisão oficial do Real Madrid) e que é actual parceira da ex-Al Jazeera, actual BeINSports e que, creio, venceu o concurso internacional dos direitos de tv da Liga espanhola. Como disse, não sei pormenores, mas sei que houve, há e continuará a haver polémica e uma "guerra" entre os principais operadores de televisão "desportivos" em Itália e Espanha. E isto é algo que não me surpreende nada.

O que me surpreende é que em Portugal, os "presidentes" das duas televisões compareçam, juntos e sorridentes (ok, quase) num evento público, quando, supostamente, também deveriam estar em "guerra", depois da BTV ter anunciado que garantiu os direitos da Liga Francesa e Italiana, "produtos" ex-Sport TV...




Um-dó-li-tá...

16 de maio de 2015

A "verdade"

cenas de filmes que ficam na memória de um gajo sem se saber bem porquê e, às vezes - ou na maior parte das vezes - são cenas banais. A cena que mais me recordo do filme de 2007 do David Fincher, Zodiac, é aquela em que que estão uns detectives a ver na televisão uma notícia sobre como um homicídio não resolvido de há anos poderia ser o trabalho do serial killer que atormentou São Francisco no início dos anos 70. O detective Dave Toshi vira-se para o colega Bill Armstrong e pergunta "Mas como sabemos que esta pista é verdadeira?" e Bill responde "É verdadeira e muito. Sabes como é que sei? Porque vi na televisão." Aquela frase nunca mais me saiu da cabeça.







O que é "verdadeiro" para o comum sportinguista no dia de hoje? Marco Silva vai sair do Sporting porque entrou em conflito com Bruno de Carvalho. Por mais que BdC (nos) diga que apenas se deve acreditar naquilo que lemos e ouvimos no site, jornal e canal do Sporting, a "verdade" é que BdC é uma pessoa irascível, conflituosa, prepotente, orgulhosa e que desde dezembro que não contacta, excepto nos dias de jogos, com Marco Silva, o melhor treinador do Sporting desde Paulo Bento, uma pessoa calma, afável, simpática e cujos jogadores seriam capazes de se mandar para o fundo de um poço, caso MS assim o ordenasse. Esta é a "verdade" que ditam jornais e televisões e em que larga parte dos sportinguistas acredita , por muito que custe a BdC e por muitos diretores de informação que contrate.


Houve um momento em que surgiu outra "verdade" e que, precisamente devido ao facto de a termos visto na tv, tomá-mo-la como "verdadeira". Pelo menos, durante umas horas. Foi quando José Eduardo lançou várias suspeitas à pessoa de MS, insinuando que este apostava em certos jogadores em detrimento de outros, por também serem jogadores representados por Carlos Gonçalves, o empresário de Marco Silva.


Eu não sei qual é a verdade "verdadeira" mas percebo que BdC não possa vir, a quinze dias da final da Taça de Portugal dizer A verdade, seja ela qual for. Se Luís Filipe Vieira não o fez, há duas épocas, quando JJ terminava contrato, porque razão haveria o presidente do Sporting de o fazer? Eu percebo isso nem peço mais explicações (por agora), mas quando vejo Abrantes Mendes, uma verdadeira bússola do Sportinguismo, a criticar abertamente BdC, creio que chegou a altura de parar e ver o que se passa.


E o que é que eu vejo? Vejo uma mera newsletter diária escrita por tipo qualquer do Porto a ter tanto ou mais impacto do que aquilo que é dito semanalmente na Sporting TV ou que um tweet de 140 caracteres do diretor de comunicação do Benfica, o inenarrável João Gabriel, foi mais republicado nos media do que 140 colunas de opinião do director do jornal do Sporting, por exemplo.

Quando o Bayern perdeu 3-0 em Barcelona, lembro-me de ter lido umas declarações do presidente honorário do Bayern, Franz Beckenbauer, criticando severa e abertamente o "menino-bonito" do clube, o campeão do mundo Mario Gotze, dizendo coisas como "Está na altura de ele crescer. Às vezes, parece-me que é um jogador das camadas jovens, a forma como perde a bola e deixa de correr. É um comportamento um pouco infantil. Claro que sabemos que é um talento mas está na altura de o comprovar." As vezes que desejei que o Sporting tivesse um Beckenbauer* a criticar os remates patéticos do João Mário ou as perdas de bola infantis do Adrien...


(*Não vou comparar as críticas de Beckenbauer com as de Manel Fernandes, pós-Maribor, porque ele não tinha qualquer tipo de funções no Sporting, sendo por isso, bem ou mal, um mero adepto)


Isto fez-me lembrar que, além de BdC, não há outra voz autoritária em Alvalade. Uma voz de "senador", um ex-jogador ou ex-dirigente, alguém com um passado vencedor, que saiba falar (lamento Manel Fernandes) e que quando o faça, estejam lá microfones para o ouvir. Alguém que critique as nomeações absurdas de Vítor Pereira às segundas feiras, que receba a BBC em Alvalade às terças (e a falar em inglês), que diga aos sportinguistas às quartas, na Sporting TV, que está tudo bem com MS e que ele tem contrato por mais três anos, que dê uma entrevista aos jornais desportivos às quintas fazendo um spin direccionado a Lopetegui e JJ, que às sextas escreva uns tweets "venenosos" sem alvo em específico, só para os jornais terem alguma coisa com que se entreter e que aos sábados e domingos esteja quieto e calado porque está castigado pela Liga.
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Basicamente, precisamos de alguém que (nos) diga a "verdade".





15 de março de 2014

Prestem atenção, só vou dizer isto uma vez.


Gostava que tivesse havido um episódio sobre um jogo de futebol entre a equipa do René contra os alemães.


Quando era puto via o 'Allo 'Allo!, a farsa britânica passada durante a Segunda Guerra Mundial, e achava muita piada aquilo (até porque não havia mais nada na televisão) e lembro-me que a maior parte dos episódios começavam e terminavam quase sempre da mesma maneira: com os franceses (e alguns ingleses) a tentar enganar os alemães (às vezes, o contrário) e no final os franceses a fugir dos alemães.

Mas quando um gajo vê o 'Allo 'Allo! já na idade adulta, subitamente, apercebemos-nos de um porradão de coisas que nunca sequer imaginávamos quando éramos putos. As piadas sobre "salsichas" e "meloas", o aipo molhado, a paneleirice do Grubber, a relação sado-maso entre o Herr Flick da Gestapo, e a Helga, a lesbianice sugerida no seio (ahah) da Resistência Francesa liderada por Michelle, enfim, todo um "sexual innuendo" que transborda écran fora e que a inocência de criança não deixava perceber.

Para mim, o 'Allo 'Allo! era algo escondido no cantinho das  memórias e que já fazia parte da "mobília" como fazem parte, por exemplo, os Simpsons ou Family Guy. Contudo, nesta semana vi o último episódio do 'Allo 'Allo! pela primeira vez. Saquei Comprei no ThePirateBay a última temporada e vi-a nesta semana enquanto esperava que o sono aparecesse.  E, após muitas voltas e reviravoltas em torno de salsichas, mamas, queijo e dinamite, dei por mim a pensar que tinha acontecido aquilo que, enquanto era puto não julgava possível: o 'Allo 'Allo! tinha chegado ao fim. O último episódio chegou, concretizando tudo aquilo que se almejava alcançar em cada episódio: René fugiu (e casou) com a Yvette, Gruber continuou dentro do "armário", os pilotos ingleses voltaram para casa e os franceses livraram-se dos alemães. E qual foi o evento que tornou tudo isto possível e que, ao fim ao cabo, ditou o "fim" da série?

A invasão aliada do dia D, ora pois.




O David Croft, um dos autores de 'Allo 'Allo! viveu os seus últimos anos no Algarve. Aposto que achou piada a isto.



O futebol português é uma farsa* com personagens e situações, tão ou mais, rocambolescas como os de 'Allo 'Allo!  A diferença entre ambos é que, se o drama de 'Allo 'Allo! era baseada na realidade e a comédia na farsa, já no futebol português acontece o inverso: o drama é baseado na farsa e a comédia na realidade.

Quando somos putos, não conhecemos nem sequer imaginamos que muito do "guião" do futebol português passa por "personagens" tão estranhos a um campo de futebol como são o Conselho de Arbitragem, SADs, "fruta", LFPF, Olivedesportos, "cafézinho", BES ou Doyen Group.

Todas as épocas, temos as mesmas personagens a protagonizar os mesmos papéis. Os portistas, os tripeiros, os benfiquistas, os Sportinguistas, os árbitros, os homens do dinheiro e no final, a cena é quase sempre a mesma: os árbitros a fugirem de alguém que não os Sportinguistas.
                                   
Mas tudo há-de ter um fim, até mesmo o futebol português, tal como teve a sitcom britânica. Como dizem os alemães: "Alles hat ein Ende, nur die Wurst hat zwei", que é como quem diz: "Tudo tem um princípio e fim, excepto a salsicha que tem os dois".

O "Dia D" do futebol português, na minha opinião (e quando digo "na minha opinião", não digo que seja aquilo que preferiria que acontecesse mas aquilo que eu acho que tem de acontecer para que o paradigma do futebol português se altere) aconteceria no dia em que Sporting e Benfica criassem, directa ou indirectamente, um canal desportivo "pago", com um nome suficientemente abrangente a ambos os clubes e restantes adeptos (Golo TV?) e que contivesse os direitos de transmissão televisiva de ambos os clubes. Uma direção de informação e de conteúdos bicéfala, com metade de profissionais ligados ao Sporting e a outra metade ao Benfica. Tudo escrupulosamente dividido ao meio. Ambos os clubes manteriam os respectivos canais de clube, em sinal aberto, dedicados às transmissões dos jogos das camadas jovens, modalidades, etc, mas acrescentariam um canal premium onde seriam transmitidos os seus jogos em casa, outras ligas (Premier League, etc) e outros desportos (futsal). Em suma, uma Sporttv alternativa.


Só nesse dia assistiríamos, definitivamente, ao último episódio da série sobre o futebol português chamada "Alô, alô? A fruta é p'ra hoje?"




*A farsa é uma comédia que tem o objectivo de entreter a audiência através de situações demasiadamente exageradas, extravagantes, e portanto, improváveis. Nas farsas, é normal ser difícil acompanhar o enredo (devido aos inúmeros "twists" e eventos que acontecem ao acaso), mas os espectadores são encorajados a não tentar seguir o enredo/trama para desse modo evitarem ficarem distraídos e confundidos. A farsa também é caracterizada pelo humor físico, pelo uso deliberado do absurdo ou surreal.

http://en.wikipedia.org/wiki/Farce