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8 de setembro de 2014

Der Untergang

Tinha de falar sobre a Seleção. Tinha.


Oferecem-me uma gamebox, de borla, para ver os jogos do Sporting desta época mas com uma condicionante: o meu lugar é ao lado do de Rui Oliveira e Costa. Conseguem imaginar? Uma época inteira a ver os jogos do Sporting ao lado de ROC? Pronto, é assim que eu vejo os jogos de Portugal com o Paulo Bento no banco. Uma tortura de noventa minutos, à espera da cenoura. Por um lado, quero comer a cenoura (que Portugal ganhe), por outro, sei que quanto menos cenouras comer, mais probabilidades há de a tortura acabar (Paulo Bento ser despedido). Mais ou menos o que senti quando via os jogos do Sporting nos últimos meses de Paulo Bento como treinador.

Eu, e larga maioria dos Sportinguistas, conhecemos bem Paulo Bento. À excepção de alguns intelectuais (jornalistas-mor do Record, Rui Oliveira e Costa, António Tadeia, etc), todos sabemos que aquela época dos segundos lugares do Paulo Bento foi uma miragem, uma ilusão. A partir do momento em que se foi buscar o treinador dos júniores, sem qualquer tipo de experiência, para ser o novo treinador principal do Sporting, estava dado o mote para que a mediocridade imperasse no Sporting. Um treinador sem currículo, sem "poder", forte para o exterior (jornalistas, árbitros, etc) e sem voz nas contratações e vendas de jogadores. Foi por isso que escolheram Paulo Bento, tanto no Sporting como na Seleção.

Confesso que eu fui um dos iludidos. Na altura em que ele saiu, também achava que devíamos estar agradecidos ao Paulo Bento por ter treinado o Sporting mas hoje não tenho dúvidas que é Paulo Bento quem tem de ficar eternamente agradecido por ter tido a oportunidade de treinar o Sporting Clube de Portugal. Depois daquele miserável jogo de ontem, duvido seriamente que volte a treinar outro clube grande em Portugal.

Outro mito dos "intelectuais" é que Paulo Bento é um homem frontal, honesto, sem medo de dizer as verdades e de assumir as suas responsabilidades. Pois bem, um homem com H grande teria-se demitido no dia a seguir àquela vergonha de Munique. Mas Bento, um homem pequenino, aceitou continuar a servir de capacho a José Eduardo Bettencourt por mais uma época e, pior, aceitou iniciá-la, disputando uma pré-eliminatória da Champions, sem exigir reforços, confiando na palavra do presidente que depois de eliminarmos a Fiorentina e assegurando a entrada na fase de grupos, esses reforços chegariam. Pois.

A forma como Paulo Bento convocou jogadores com "alto índice de suspeição lesional", contrariando a opinião da equipa médica e chegando até a utilizá-la para camuflar a saída (mais uma...) de um jogador da Seleção, Danny, e depois como deixa essa mesma equipa médica ser "queimada" em público pela direção da FPF, funcionando como bode expiatório do desastre que foi a campanha de Portugal no Brasil, é a demonstração cabal de que Paulo Bento, ao contrário da opinião generalizada pelos intelectuais, é um homem como outro qualquer, ou seja, alguém que, na hora da verdade, come e cala quando está em risco o "dele", isto é, a honra e sentido de justiça valem menos que os euros ao final do mês.


Tal como no Sporting, quando foi manipulado por Soares Franco e Bettencourt, numa lógica de psicologia invertida, Paulo Bento crê mesmo que é que ele decide quem joga na Seleção. E é aqui que entra o maior cancro do futebol português.


O maior cancro do futebol português


Jorge Mendes, outrora um zé-ninguém, é o actual dono disto tudo, no que diz respeito ao futebol português. Num campeonato "normal", o Braga seria o clube que apostaria mais nos putos da formação, afinal são os actuais campeões de júniores, não disputam competições europeias esta época e têm um orçamento mais reduzido que os três grandes. E o que é que vemos? O Braga a servir de barriga de aluguer dos craques sul-americanos "inseminados" por Jorge Mendes, à espera de virem a ser adoptados mais tarde por um outro clube qualquer com mais dinheiro (normalmente, Porto, Benfica e agora também o Mónaco). O Rio Ave, idem (isto é absurdo). O Porto igual. E quando não é para colocar jogadores, Jorge Mendes, qual herói, também surge no meio do nada, e com o seu toque de Midas, consegue transformar jogadores medianos em jogadores-maravilha que valem 15 milhões de euros e que estão prontos a jogador na seleção assim, num estalar de dedos.

Há já muito tempo que divido o mercado de transferências e consequente valor intrínseco dos jogadores em dois: o real e o artificial. Por exemplo, as célebres transferências do Roberto, Hulk, Witsel ou André Gomes, para mim, são artificiais. Seja por lavagem de dinheiro, por favores, pagamento de dívidas, o que for, não consigo acreditar que tais valores correspondam ao valor intrínseco dos jogadores. E é curioso verificar que são sempre os mesmos clubes envolvidos nestas mega-transferências: Porto, Benfica, At. de Madrid, Zenit, Chelsea. Por uns tempos, o Sporting também se intrometeu nesses negócios, com JEB e Godinho Lopes, a contratarem, respectivamente, Pongolle e Elias por 6 e 8 milhões de euros, certamente a conselho de alguém...


Transferências reais são as que não envolvem esses ditos clubes nem esses agentes. Felizmente, ainda são a grande maioria.

Paulo Bento, até porque também é agenciado por ele(!), está tão envolvido nesta teia de interesses que não é necessário o Jorge Mendes soprar-lhe ao ouvido para convocar X ou Y, pois ele acabará por o fazer naturalmente e pior, achando que o está a fazer por livre e exclusiva vontade sua. Uma ilusão. Só isso explica as escolhas de Paulo Bento quando coloca a jogar o André Gomes, que tem meia dúzia de jogos na equipa principal do Benfica, em detrimento do Adrien ou quando insiste em Ivan Cavaleiro, entretanto colocado no "congelador" de Jorge Mendes, o Deportivo da Coruña, quando entra pelos olhos dentro de quase toda a gente que o Mané é muito mais jogador que o puto formado no Seixal. Se dantes julgava que o problema do Paulo Bento era apenas teimosia e mediocridade, agora já penso que se trata de algo mais grave. O estado de negação de Paulo Bento, antes e depois do jogo de ontem, fizeram-me lembrar o filme "Der Untergang" (A Queda), onde Hitler viveu os seus últimos dias num perfeito estado de alienação, contra tudo e contra todos.


O Marinho Neves explica isto melhor e também sugiro que leiam o texto do jornalista Ricardo Costa (agora toda a gente escreve sobre futebol), do Expresso:

"E Jorge Mendes prolonga artificialmente a carreira de jogadores que já não estão capazes de ir à seleção, ao mesmo tempo que sobrevaloriza outros em clubes que lhe são demasiado próximos, em que o Valência é agora o caso mais exemplar."



Uma nota para a minha satisfação por ver o Sporting livre deste cancro chamado Jorge Mendes. É certo que continuamos a fazer negócios com outros agentes, empresários e fundos, mas ao menos agora somos nós que inalamos o fumo directamente e deixámos de o inalar passivamente.



15 de junho de 2014

Herói ou vilão?

Quando aquele guru do cancro, um tal de Manuel Forjaz, que costumava dar "palestras" na TVI sobre como viver - e ser feliz(?) - com a doença, morreu, uma onda de solidariedade e consternação invadiu a sociedade portuguesa nos dia seguintes. "Ah, uma pessoa tão 'viva' e tão honesta em relação à doença", "Ah, é uma pena uma pessoa tão boa (a avaliar pelo que vimos nas trezentas e vinte e sete entrevistas que ele deu nos últimos meses na TVI) e, mesmo assim, morreu." Eu próprio, sem conhecer o tipo e sem sequer ter visto uma única entrevista do gajo na TVI, senti "algo" quando li a notícia que tinha morrido, por isso...


Digam lá se, com um gatinho ao colo, o gajo não dava um vilão espectacular de filmes do James Bond??


Não passaram dois dias depois da morte do tipo, quando vi, pela primeira vez e graças a alguém que colocou o link no Facebook ou no Twitter, uma reportagem feita há alguns anos sobre uma (alegada) fraude de uma empresa que "contratava" colaboradores para fazer de "cliente-mistério" mas que depois, na hora de pagar o trabalho devido, alegou falência e fechou a porta a dezenas de pessoas, sem lhes pagar o que era devide. Uma filha da putice, basicamente. O dono da empresa? Manuel Forjaz.


O Eric Dier, alegadamente, quer/vai/pode sair do Sporting. Ainda não sei - a sério que ainda não sei - se ele é, realmente, um bom central ou não. Melhor, se é um central que possa vir a ser um titular indiscutível do Sporting. Às vezes acho-o excelente, inteligente, com imenso poder de antecipação, com bom toque de bola (e consequente saída de trás a jogar), outras vezes  considero-o um pouco displicente e um pouco lento, propenso a cometer faltas inúteis.

Não quero, com o exemplo do Manuel Forjaz, dizer que o Dier é uma má pessoa (ou o pai dele), nada disso. O que quero dizer é que, se e quando o Dier sair do Sporting, vamos ouvir milhentas opiniões sobre o carácter do luso-inglês, uma metade dizendo que foi o Sporting que perdeu uma pérola e outra metade afirmando categoricamente que o clube está sempre à frente dos jogadores e que só faz falta quem cá está.

Eu só digo uma coisa: se o Dier sair e o Sporting não for campeão, serei o primeiro a mandar o BdC para outro sítio. Se não formos campeões, o Dier passará a ser o melhor central do mundo. Injusto? No futebol não há justiça.